domingo, 28 de fevereiro de 2010

Schopenhauer

A Alegria
Saiba mais sobre o filósofo alemão que construiu uma obra em que a felicidade é um tapa na cara do destino
texto: José Botelho - Revista Vida Simples


Tragicamente alegre e alegremente pessimista. Humano e rancoroso, generoso e turrão. Todos esses epítetos são aplicáveis ao filósofo alemão Arthur Schopenhauer - cuja obra brilhante e virulenta é um dos maiores tesouros literários da filosofia ocidental. Adorado por artistas, poetas, escritores e pensadores marginais - mas também espinafrado por outros filósofos e muitas vezes ignorado pelas academias-, ele deixou uma obra carregada de humorismo e amargura, piedade e maledicência, pessimismo e esperança.
Considerado por muitos o pai da angústia moderna, Schopenhauer já foi descrito - de forma simplista - como o sumo-sacerdote do niilismo destrutivo. Mas sua dura sabedoria é um vinho doce-amargo, temperado em igual medida pelas dores do mundo e pelas alegrias da arte e do conhecimento. Schopenhauer resumiu essa postura ambígua, que oscila entre o desespero existencial e a esperança possível, numa máxima latina: tristis in hilaritate, hilares in tristitia. O homem sábio, em outras palavras, deve ser "triste em sua alegria, alegre em sua tristeza". Para compreender a alegria trágica de Schopenhauer, antes é preciso deslindar sua apaixonada apologia do pessimismo.

Vontade Cega
Schopenhauer nasceu em 1788 na cidade livre de Dantzig, que hoje faz parte da Polônia com o nome de Gdansk. Sua mocidade foi marcada pelo misterioso suicídio do pai (que pulou da janela de casa quando Arthur tinha 18 anos) e pelas pendengas literárias e intelectuais com sua mãe. Famosa na época, Johanna Schopenhauer era uma coquete beletrista de temperamento frívolo. Autora de romances folhetinescos e açucarados, ela sentia verdadeira repulsa pelo gênio sombrio do filho, que, desde tenra idade, já era obcecado pelos aspectos mais espinhosos da existência. "Quando mais o conheço, mais difícil é para mim viver perto de você", escreveu Johanna em 1807. "Sua eterna mania de cismar sobre a estupidez do mundo e a miséria humana enchem minhas noites de pesadelos". E foi cismando teimosamente sobre as misérias do mundo que Schopenhauer escreveu, aos 30 anos, sua obra-prima: O Mundo como Vontade e Representação, publicado em 1818.
Espécie de bíblia do pessimismo, a obra colocou-se em rota de colisão com sua própria época e o transformou no filósofo maldito por excelência - um de seus admiradores, Friedrich Nietzche, mais tarde o apelidou de "cavaleiro solitário" da filosofia. O início do século 19 foi dominado pelas teorias otimistas de Friedrich Hegel, que considerava a Razão como o fundamento da existência. A História era vista como uma espécie de via ascendente: apesar de seus percalços, ela eventualmente conduziria a humanidade a um futuro de felicidade plena. Foi contra essa fortaleza de otimismo fácil que o jovem Schopenhauer dirigiu seus petardos agudos e contundentes. Para ele, a base do cosmo não é a Razão humana ou divina, mas uma força irracional e sem propósito: a Vontade, "mero ímpeto cego" que move todos os seres a uma existência fútil, sem sentido e essencialmente dolorosa. Em sua fome por existência, a Vontade gera, paradoxalmente, a destruição de suas próprias criaturas: por isso, somos seres feitos de desejos insaciáveis, em constante autoconflito. Em suma: "Toda vida é sofrimento".
Para Schopenhauer, a História da humanidade não era um dos novelões faceiros e benevolentes que sua mãe publicava com grande sucesso (e que o jovem caturra detestava com todas as suas forças). Antes mesmo que o marxismo seduzisse os intelectuais europeus com promessas de um beatífico futuro de igualdade, Schopenhauer já chegara à conclusão de que todas as utopias - religiosas ou seculares - são contos da carochinha potencialmente perigosos. "Imaginemos, por um instante, que a humanidade fosse transportada a um país utópico, onde os pombos voem já assados, onde todo o alimento cresça do solo espontaneamente, onde cada homem encontre sua amada ideal e a conquiste sem qualquer dificuldade", ele escreveu em um de seus ensaios, com típico humor negro. "Ora, nesse país, muitos homens morreriam de tédio ou se enforcariam nos galhos das árvores, enquanto outros se dedicariam a lutar entre si, a se estrangular, a se assassinar uns aos outros". Se para alguns a existência humana é um melodrama com final feliz, para Schopenhauer ela é uma tragédia grega.


Tragédia alegre
Mas recordemos: segundo Aristóteles, a tragédia é aquele gênero que provoca terror e piedade em sua audiência, para em seguida levar à purificação das emoções. Em meio aos tormentos de um universo trágico, há sempre a promessa da catarse - o extase no meio do horror. Fiel a suas fontes clássicas, o messias do pessimismo elaborou uma filosofia desiludida, sim mas, mas também dotada de uma aura de consolo. Criticando o pessimismo exarcebado e egocêntrico dos suicidas, o filósofo nos recomenda uma bravura estóica frente aos tormentos da existência. "Não ceda à adversidade, mas marcha audaz contra ela", ele nos convoca solenemente. De certa forma, o adorável rabugento sugere que devemos rir - ou, pelo menos, sorrir - ainda que estejamos no meio do inferno. Aqui, a felicidade plena é impossível - mas o mesmo não vale para a alegria, excessão heróica e sempre desejável à sofrida regra da existência, e espécie de tapa de luva na cara do destino.
Hilaris in tristitia: conselho útil para uma época como a nossa, já saturada de horrores passados e à espera de minuciosos horrores futuros (que vão desde a metamorfose da Terra em uma panela de pressão superaquecida, povoada por seres famintos, até a possibilidade sempre presente de alguma estúpida hecatombe nuclear). Época que - com a excessão de alguns desatentos...- já perdeu suas ilusões em utopias sociais ou econômicas. O que fazer, quando nenhum paraíso parece convincente? A resposta talvez esteja no cálice de sabedoria amarga que Schopenhauer nos estende, com um piscar de olho zombeteiro. Perante um mundo desgovernado, o sábio deve adotar uma postura consciente das agruras da existência, mas atenta a cada possibilidade de alegria e pautada pela ética, fruto da compaixão universal - sentimento quase milagroso que permite ao indivíduo transcender sua própria dor e identificar-se com a dos outros. Sem esperanças de redenção absoluta, o homem sábio deve viver no presente, alegrando-se com as eventuais belezas da vida e suportando suas inevitáveis desgraças. Escreve Schopenhauer em seus Aforismos Para a Sabedoria de Vida. "Só o presente é verdadeiro e real... Por conseguinte, deveriamos dar-lhe uma acolhida jovial e fruir com consciência cada hora suportável e livre de contrariedades ou dores, em vez de turvá-la com expressões carrancudas acerca de esperanças malogradas... Quanto ao futuro, devemos pensar: isso repousa no colo dos deuses".
Além da prudência estóica, há outra nota de esperança na obra de Schopenhauer: a salvação pela arte e pelo conhecimento. Em tempos de tecnocracia e utilitarismo, em que as artes são constantemente enquadradas como ferramentas de marketing ou veículos para esta ou aquela ideologia política, vale a pena retomar as idéias desse amante sincero da poesia e da música (não por acaso, Schopenhauer é um dos filósofos favoritos de escritores e artistas desde o século 19). A arte, para o pensador, é a porta do êxtase - o caminho que nos liberta temporariamente da Vontade cega e nos permite ver o sofrimento humano com o olho neutro da estética. É um repertório de sentidos possíveis em um universo de absurdos. "Ainda que não houvesse mundo", ele escreveu, "poderia haver música". Mas a contemplação do belo, para ser transcendente, deve ser desinteressada. Em outras palavras: deveríamos ler poesias, apreciar pinturas e escutar sinfonias não por obrigação curricular ou vaidade intelectual - como tantos fazem hoje em dia-, mas pela busca do deleite que nos cabe, em um mundo já suficientemente cheio de tédio e de misérias. Uma relação menos neurótica e mais erótica com a cultura é um dos bálsamos receitados por Schopenhauer para as feridas incuráveis da existência.


Gênio solitário
Outra lição deixada por Schopenhauer foi sua própria vida - uma eloquente ilustração de que a teimosia compensa e de que o inconformismo é uma boa luta.
Arauto do pensamento individual, Schopenhauer foi um filósofo sem papas na língua, e pagou um preço alto por isso. Na época de sua publicação, O Mundo como Vontade e Representação vendeu menos de 100 exemplares - e a carreira universitária de seu autor jamais decolou. Em 1820, ele conseguiu uma cátedra na Universidade de Berlim e, por pura implicância, suas aulas eram nos mesmos horários ocupados pelas conferências de Hegel, seu arqui-inimigo intelectual. Em vez de um duelo de titâs, o que se seguiu foi um dos grandes fiascos da história da filosofia: enquanto as preleções otimistas de Hegel lotaram aulas, as aulas de Schopenhauer atraíam menos de dez alunos.
Nos anos seguintes, Schopenhauer se tornou um inimigo declarado do mundo universitário. Em páginas deliciosamente azedas, o cavaleiro solitário fustigou os eruditos profissionais - em sua opinião, pensadores "assalariados" que passam a vida citando opiniões alheias, sem jamais desenvolver um pensamento próprio. "A peruca é o símbolo mais apropriado para o erudito puro. Trata-se de homens que adornam a cabeça com uma rica massa de cabelos alheios, porque carecem de cabelos próprios", escreve ele, com característica falta de condescendência, em Sobre a Erudição e os Eruditos. Vale esclarecer: o que Schopenhauer criticava não era a erudição em si mesma, mas o monopólio do conhecimento por patotas acadêmicas. O que esse gênio mal-humorado valorizava acima de tudo era aquela figura rara quase milagrosa, que ele próprio encarnou: o pensador independente.
Independente e solitário, Schopenhauer passou os últimos anos de sua vida em Frankfurt, morando com seu cachorro de estimação, o poodle "Atma"-"Alma do mundo" em sânscrito-, cuja companhia achava preferível à da maioria dos seres humanos. Apesar da indiferença do público, ele continuou estudando e escrevendo com furor e gana (graças a um gordo estipêndio familiar, nunca precisou trabalhar para viver...). E o sucesso finalmente veio em 1851, com a publicação de Parerga e Paralipomena, uma coletânea de ensaios sobre temas variados como as mulheres, o suicício e a poluição sonora (traço da vida moderna que, já naquela época, o filósofo achava insuportável). O estilo ameno e epigramático dessas reflexões granjeou-lhe uma fama tardia, mas duradoura. Nas décadas seguintes, enquanto a filosofia hegeliana entrava em declínio, a obra completa de Schopenhauer seria redescoberta por consecutivas gerações de artistas e desajustados. As idéias agridoces desse misantropo desgrenhado, alérgico à estupidez alheia, mas dotado de infinita compaixão pelas dores universais, entrariam definitivamente nas veias do Ocidente. Os ecos de sua obra se estendem de Nietzche a Freud e Wittgenstein, e isso sem falar na influência colossal que exerceu sobre gente do calibre de Richard Wagner, Proust, Joseph Conrad e Borges. Este último, certa vez, disse o seguinte sobre seu filósofo favorito: "Creio que ele nos deu, de algum modo, a chave para decifrar o mundo".
O teimoso cavaleiro andante da filosofia tinha plena consciência de que, após tantas derrotas, ele finalmente venceria a peleja contra seu próprio tempo. Pouco antes de morrer, alguém lhe perguntou onde gostaria de ser enterrado. O hábil frasista retrucou: "Em qualquer lugar. A posteridade me encontrará".

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Anomia Social - Robert K Merton

Social Structure and Anomie ("Estrutura social e anomia") é um artigo escrito pelo sociólogo norte-americano Robert K Merton como graduado de Harvard em 1936, que continuou a revisá-lo durante a década seguinte. Merton havia se perguntado o que causava a anomia, um estado em que, de acordo com Durkheim, o colapso dos padrões sociais ameaçava a coesão social. Num avanço que gerou muitas linhas de pesquisa, Merton sugeriu que havia probabilidade de ocorrer anomia quando aos membros da sociedade eram negados os meios de alcançar os próprios objetivos culturais que sua sociedade projetara, como riqueza, poder, fama ou esclarecimento. Entre as ramificações desse trabalho, encontram-se os próprios trabalhos de Merton sobre os limites dos desvios de comportamento e o crime.


O PENSAMENTO DE MERTON SOBRE A ANOMIA

Em 1938, Robert K. Merton, sociólogo americano, escreveu um artigo famoso de apenas dez páginas, que teve o mérito de estabelecer os fundamentos de uma teoria geral da anomia. O artigo foi posteriormente revisto e transformado pelo autor em sua obra clássica Teoria e Estrutura Sociais.
Partindo de uma análise da sociedade americana, Merton sustentou que em toda sociedade existem metas culturais a serem alcançadas, entendendo-se como tais os valores sócio-culturais que norteiam a vida dos indivíduos. Para atingir essas metas existem os meios, que são os recursos institucionalizados pela sociedade, aos quais aderem normas de comportamento. De um lado, metas sócio-culturais, de outro, meios socialmente prescritos para atingi-las.
Ocorre, no entanto, que os meios existentes não são suficientes nem estão ao alcance de todos, acarretando, assim, um desequilíbrio entre os meios e os objetivos a serem atingidos. Isso quer dizer que, enquanto todos são insistentemente estimulados a alcançar as metas sociais, na realidade apenas alguns poucos conseguem por ter ao seu dispor os meios institucionalizados.
Merton ilustra isso tomando como exemplo a meta mais importante da sociedade americana, sendo o sucesso na vida, nisto incluindo fortuna, poder, prestígio e popularidade. Mas quantos realmente têm condições para atingir essa meta? Apesar de fundada em objetivo da vida de todos, muito poucos podem alcançá-la em face da escassez dos meios institucionalizados, concentrados nas mãos de pequena parcela da sociedade. Disso resulta um desajustamento, um descompasso entre os fins sugeridos a todos e insistentemente estimulados, e os recursos oferecidos pela sociedade para alcançar aqueles objetivos.
Esse desequilíbrio entre os meios e as metas ocasionaria o comportamento de desvio individual (ou em grupo), pois o indivíduo no empenho de alcançar as metas que lhe foram sugeridas e não dispondo de meios para tal, buscaria outros meios, mesmo que contrários aos interesses sociais.



A- Tipos de Comportamento Identificados por Merton

- Conformista é a conduta que busca atingir as metas sociais através dos meios institucionalizados. Os adeptos desse comportamento estão de acordo com os meios e as metas sociais, respeitando assim as normas fixadas pela sociedade, podendo-se dizer a respeito deles que são positivos (+) quanto aos meios e também quanto às metas. É a conduta seguida pela grande maioria das pessoas na sociedade, inclusive pelos estudantes em geral, que buscam adquirir cultura etc. através do estudo regular.

- Inovacionista é a conduta que está de acordo com as metas sociais, porém, percebendo que os meios são insuficientes e não estão ao seu alcance, inova, buscando realizar as metas através de outros meios. Em outras palavras, o inovacionista está de acordo com as metas sociais, sendo positivo (+) quanto a elas, mas está contra os meios, sendo, portanto, negativo (-) neste ponto. Os inovacionistas adotam a teoria de que os fins justificam os meios, ainda que não sejam socialmente aprovados. Procuram vencer na vida sem fazer força.

- Ritualista é aquele que se conduz de forma justamente inversa ao inovacionista. Percebendo que as metas sociais são muito elevadas e os meios existentes insuficientes para atingi-las, o ritualista abdica das metas, apegando-se aos meios com tal importância que os transforma em fins. Há aqui uma verdadeira inversão de valores, pois as metas perdem a sua importância passando os meios para o primeiro plano. As normas de comportamento social são cumpridas pelo ritualista a todo preço e em qualquer circunstância, porque encontram nelas uma forma de realização pessoal, ainda que já estejam totalmente vazias de sentido, significado ou interesse social. É o caso de certas pessoas que se gabam de terem servido 30 ou mais anos na mesma repartição, nunca havendo se atrasado ou faltado ao serviço; porém, por outro lado, nada mudou por lá, nem se registrou nenhum progresso funcional nem sucesso em sua vida.
O ritualista, portanto, abandona as metas, perde de vista os fins, os objetivos, os valores sociais, e se apega às normas como se fossem sagradas, imutáveis, fazendo delas fins. E ainda que elas já estejam velhas, arcaicas, ultrapassadas, destituídas de qualquer valor ou utilidade social, continua a aplicá-las ou a observá-las como se nada houvesse mudado na sociedade, embora se encontre esta numa outra era, há mais de duzentos quilômetros por hora.
Pode-se apresentar o ritualista como sendo positivo (+) quanto aos meios, mas negativo (-) quanto às metas.

- Comportamento de evasão é aquele que se caracteriza pelo fato de abandonar as metas e os meios sociais. É negativo (-) quanto às metas e negativo (-) quanto aos meios. Percebendo que as metas sociais são muito elevadas e os meios, escassos, foge da sociedade, renunciando a tudo que ela oferece ou determina. Como acentuou Merton, os adeptos deste comportamento estão na sociedade, mas não são dela; vivem no meio social, mas a ele não aderem, ou dele retiram a adesão antes dada. Exemplo típico desse comportamento é o dos hippies, que consideram todos os valores sociais irrelevantes ou incapazes de realizar o bem-estar social.

- Tal como na evasão, o Comportamento de rebelião também está contra as metas e os meios sociais, podendo ser caracterizado como sendo negativo (-) quanto aos meios e negativo (-) quanto às metas. Não pára, porém, aí a inconformidade do comportamento de rebelião. Ao mesmo tempo que se opõe às metas e aos meios sociais por julgá-los excessivamente elevados e insuficientes, propõe estabelecimento de novas metas com a institucionalização de novos meios, razão pela qual ao mesmo tempo que é negativo (-) quanto às metas e meios, é também positivo (+). O propósito do comportamento de rebelião, portanto, é a derrubada dos meios e metas existentes, e o estabelecimento de novas metas, mais simples e ao alcance de todos, bem como de novos meios, mais abundantes e melhor distribuídos na sociedade. Objetiva, em síntese, uma nova estrutura social.

B. Comportamentos de Desvio

O primeiro comportamento, o conformista, não é de desvio, uma vez que os seus adeptos buscam as metas culturalmente prescritas através dos meios institucionalizados para atingi-las e com respeito habitual às normas para isso fixadas pela sociedade. É o tipo modal de comportamento, graças ao intenso condicionamento social exercido sobre o indivíduo, em especial nos grupos familiar e profissional.

Já os outros quatro tipos de comportamento são não-modais, contrários, de algum modo, aos padrões de metas culturais e meios institucionalizados para atingi-las: portanto, comportamento de desvio.

O ritualista se caracteriza como comportamento de desvio por apresentar abandono das metas sociais e inversão de valores quanto aos meios que são elevados ao primeiro plano. O indivíduo abandona e virtualmente rejeita os alvos estabelecidos pela sociedade em razão do fracasso efetivo ou em potencial, do medo do insucesso, do desencanto de desestímulo decorrente do desajuste entre os processos socialmente aprovados para alcançar as metas culturais. Enfim, por julgá-los inatingíveis, os fins sociais perdem a sua importância. A conduta ritualista passa a ser um valor em si mesmo, pois o cumprimento dos ritos estabelecidos pelos processos institucionalizantes adquire a dimensão e a importância de valor sócio-cultural. Cumprir de qualquer maneira os regulamentos ou as ordens recebidas, sem indagar da sua adequação àqueles valores e àquelas metas, é assim a conduta observada.

O ritualista torna-se grandemente prejudicial à sociedade quando se trata do comportamento adotado pelos homens públicos (administradores, legisladores etc.), que se recusam a fazer mudanças ou reformas sociais necessárias, mantendo velhas e arcaicas instituições ou disposições legislativas já sem nenhuma adequação às novas realidades sociais.

No comportamento de evasão também há desvio, porque ocorre a rejeição das metas culturais e dos valores que as sustentam, considerados todos irrelevantes ou incapazes de realizar o bem-estar humano, com a recusa de conformidade aos comportamentos socialmente estabelecidos. Prevalece, quanto às metas culturais, a atitude de que elas não valem a pena de coisa alguma; e quanto aos comportamentos sociais aprovados, despidos daquela motivação, não merecem observância. Os adeptos desse tipo de comportamento são um peso-morto na sociedade.

O comportamento de rebelião é o mais extremado de todos, tendo em vista que pretende a derrubada de todos os meios e metas sociais, substituindo-os por outros de maneira total e revolucionária; não se limita a aperfeiçoar instrumentos ou instituições, quer substituição total de todos os instrumentos e instituições com o fim de realizar uma mudança completa na sociedade. Normalmente se manifesta nos momentos de grandes crises sociais quando o desequilíbrio entre os meios e as metas se torna muito grande e insustentável. Assim foi na França, assim foi na Rússia, assim foi em Cuba, e assim continua sendo em nossos dias, em menor escala, com os movimentos dos sem terra, sem teto e outros.

Sem dúvida alguma, o inovacionista é o comportamento de desvio de maior freqüência na sociedade, razão pela qual deixamos a sua análise para o final. De certa forma, como bem observou Merton, a própria sociedade concorre para isso ao deixar de proporcionar, com a mesma generalidade com que estabelece as metas, os instrumentos prescritos ou admitidos para atingi-las; cria, assim, condições específicas para estimular o abandono ou a burla das normas socialmente fixadas para se atingir as metas culturalmente estabelecidas. As normas são abandonadas ou contornadas, num esforço do indivíduo para superar os obstáculos institucionais ou instrumentais, e atingir os alvos culturalmente estipulados por todo o sistema, através de meios não-convencionais.

Nesse desvio de comportamento estão retratadas todas as formas de delinqüência, desde a juvenil até a mais grave criminalidade, bem como as faltas disciplinares, a inobservância das regras de conduta social etc.

Há, entretanto, um aspecto positivo no comportamento inovacionista, que deve ser ressaltado. Referimo-nos àqueles casos de inovação que visam criar novos meios, mais eficientes para a realização dos objetivos sociais. Graças a esse espírito inovador temos hoje a luz elétrica, o motor a explosão e milhões de outras invenções que tantos benefícios trouxeram à sociedade e nos permitem chegar ao estágio de desenvolvimento científico.

Isso evidencia que nem todo comportamento inovacionista é necessariamente contrário à ética existente no grupo social, permitindo-nos, assim, fazer distinção entre conduta inovadora-criadora e conduta inovadora anti-social.

Terroristas, Graças a Deus

George Washington, "terrorista" da Independência dos EUA
Robespierre, "terrorista" da Revolução Francesa
Nelson Mandela, "terrorista" que combateu o apartheid

A oposição introduziu ne recente campanha eleitoral brasileira, o rótulo de "terrorista" associado à Dilma Rouseff, candidata oficial do presidente Lula. Ora Dilma de fato partipou de uma operação contra a Ditadura brasileira, mas isso deve ser considerado demérito como quer fazer crer a oposição, ou um mérito, fato que enche de dignidade e grandeza a história da candidata que chegou a ser torturada pela ditadura ?

O terrorismo, tal como a guerrilha, é uma tática da chamada "guerra assimétrica". A diferença é que "guerrilheiros" são romantizados e "terroristas" são satanizados. Todo aquele que se insurge contra o status quo, seja qual for, será sempre tachado pejorativamente de "rebelde", "terrorista", "kulak", "inimigo da revolução", "subversivo", etc. É um raciocinio muito pobre e reducionista, afinal de contas o Estado sempre reprimiu as mudanças sociais através de vias legais. Até o século XVIII, era legal ser servo de nobres na Russia. E esses servos para se relevaram contra seus senhores precisaram se tornar terroristas, já que iam contra as normas legais. Se formos olhar pelo lado estritamente técnico da coisa, os heróis da independencia norte-americana e da revolução francesa também podem ser considerados "terroristas". Se não fossem os terroristas dessas revoluções ainda seriamos vassalos e servos de nobres.
Os sans culottes da França, os zelotes do antigo Israel, os yankees das 13 colonias, ou mesmo Mandela, seguindo essa lógica, seriam todos terroristas. O próprio liberal John Locke afirma o direito de rebelião de qualquer povo.

Terrorismo é uma definição política e essencialmente injusta e deturpada. É de suma importancia ressaltar que a palavra "terrorista" para designar movimentos revolucionários só ganhou notoriedade na mídia após a equivocada campanha do presidente norte-americano George Bush para justificar a ocupação do Iraque e acabou sendo adotada sem restrições pela midia neocon norte-americana e copiada pela mídia colonizada tupiniquim.

Os defensores da ditadura brasileira alegam que "qualquer um que assalte, mate, reprima e que faça isto fora das vias legais e democráticas" é terrorista. Essa frase é patética. Primeiro porque parte do principio de que a ditadura era "legal" e "democrática". Segundo porque parece que há modo de se "assaltar" ou "matar" dentro de "vias legais e democráticas".

Sobram exemplos na história - Os militantes do IRA e do ETA seguem a mesmíssima lógica da resistência francesa e do exército polonês clandestino na II Guerra: lutam de forma desigual contra uma força de ocupação de seu país que, inclusive, tem apoio na própria sociedade local.
A resistência polonesa também atacava civis alemães enviados para colonizar aquelas terras. A resistência francesa dinamitava pontes e matava colaboracionistas.
No entanto, erguem-se monumentos para os mártires poloneses, faz-se filme sobre a heróica resistência francesa e os membros do IRA que morreram de fome na prisão de Maze tentando dobrar Margareth Thatcher, são ainda hoje mostrados como cruéis terroristas e os combatentes do ETA, cada vez mais isolados, tratados como criminosos comuns. O IRA, no começo, era uma milícia de auto-proteção dos católicos contra um Estado que os oprimia (o mesmo se pode dizer do ETA). Claro que hoje IRA e ETA não são o que eram nos anos 60 e 70.

Mais exemplos ? - Um bem atual e evidente: Antes da criação do estado de Israel, os judeus locais eram os terroristas que fizeram ataques impressionantes contra as tropas britanicas na Palestina. Depois de consolidar seus interesses, passaram a taxar os palestinos árabes de terroristas.
Dilma - O Terror do PSDB


domingo, 21 de fevereiro de 2010

Les Parisiens









Cineasta : Denys Arcand

Denys Arcand - (1941 - Deschambault, Québec - Canadá) - Diretor, escritor e roteirista franco-canadense.


O Declínio do Império Americano ( 1986 - Le déclin de l’empire américain)
Indiscrições, Infidelidades, Confissões, Acrobacias e tudo o resto que faz do sexo o único assunto de que vale a pena falar.
O que as mulheres realmente pensam dos homens? Do que falam quando eles não estão presentes?
E os homens, do que falam?
Enquanto Rémy, Pierre, Claud e Alain, professores na faculdade de História, preparam um jantar requintado, as suas companheiras, Dominique, Louise, Diane e Daniekke, treinam-se num ginásio de musculação. Os homens falam sobre as mulheres e as mulheres sobre os homens.
Destas duas conversas sobressai a mentira de uma época e a busca de cada um deles, pela felicidade individual a qualquer preço. Fantasias, tentação, desejo, indiscrições, infidelidades, confissões, acrobacias e tudo o resto que faz do sexo o único assunto de que vale a pena falar.



Jesus de Montreal (1989 - Jésus de Montréal)
Um grupo de atores monta um heterodoxa, mas aclamada peça sobre a Paixão de Cristo a qual incita a oposição da Igreja Católica enquanto a vida dos próprios atore começa a se espelhar na própria Paixão.
Os atores, sobretudo Daniel, que faz o papel de Cristo, ultrapassam a simples representação ao tentarem, com sua versão moderna e inovadora, uma aproximação que provoque o espectador. As autoridades religiosas atorcondenam a idéia e interditam as representações. Tal fato cria uma estranha atmosfera entre os es, agora crentes perseguidos, e as autoridades.


As Invasões Bárbaras (2003 - Les Invasions Barbares)
Esqueça as continuações caça-níqueis... Se você quer ver um filme que faça pensar de bom humor, com os pés no chão, invista seu tempo em As Invasões Bárbaras.
O filme canadense... bem, na verdade se trata de um filme do Quebec, região francófona que há anos tenta tornar-se independente do Canadá. O filme recebeu os prêmios de melhor roteiro e melhor atriz (Marie-Josée Croze) em Cannes e concorreu à Palma de Ouro de 2003.
À beira da morte e com dificuldades em aceitar seu passado, Rémy (Rémy Girard) busca encontrar a paz. Para tanto recebe a ajuda de Sébastien (Stéphane Rousseau), seu filho ausente, sua ex-mulher e velhos amigos... O filme fala da morte mas principalmente da vida e outras coisa!




A Era da Inocência (2007 - L'Âge Des Ténèbres)
Em seus sonhos, Jean-Marc LeBlanc (Marc Labrèche) é um cavaleiro valente, uma estrela dos palcos, um artista que vive com mulheres aos seus pés – e em sua cama. Na vida real, é um sujeito muito diferente. Cidadão comum, seu trabalho é ouvir pacientemente pessoas que chegam a seu departamento procurando ajuda. Em casa, sua mulher está muito ocupada para prestar atenção nele e suas filhas adolescentes não lhe dão a mínima. A tentação de seguir vivendo em sua terra de sonhos é muito grande, mas Jean-Marc decide dar uma última chance ao mundo real.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Internet diminui capacidade de concentração


Estudantes britânicos estão perdendo capacidade mental para assuntos acadêmicos, devido ao uso exagerado da internet para pesquisas, de acordo com o documentário inédito “The Virtual Revolution”, produzido pelo canal BBC2.

Excesso de uso da web faz adolescentes perderem capacidade de atenção, segundo especialistas
Especialistas no assunto apontam que o fato de os usuários navegarem por vários sites faz com que eles não se concentrem em um objeto de estudo, como por exemplo a leitura de um livro. As informações são do site britânico “Daily Mail”.
Esta nova forma de associar as idéias, que a internet proporciona, faz com que a maioria dos estudantes tenha dificuldades em disciplinas lineares como leitura e escrita.
Segundo psicólogos, em menos de três anos, milhares de adolescentes britânicos necessitarão de tratamento médico por estarem sempre conectados à rede.
O documentário, produzido pela rede britânica, foi feito em parceria com o professor David Nicholas, da University College of London, que fez um estudo sobre o impacto da internet em nossos cérebros.
O estudo consistiu em fazer uma série de perguntas para serem respondidas no computador a 100 voluntários. Os mais jovens (com faixa etária entre 12 e 18 anos) responderam às perguntas consultando metade das páginas que pessoas mais velhas levaram para responder as mesmas perguntas.
Outra constatação do Profº Nicholas é que 40% dos jovens nunca revisitaram a mesma página da internet. Em contraposição, pessoas que nasceram antes da era da internet costumam consultar as mesmas fontes de pesquisa.
“A grande surpresa é que as pessoas acessam sites como se fossem paisagens virtuais. Ficam pulando de uma página para outra e ninguém fica por muito tempo”, concluiu o especialista.
O documentário “The Virtual Revolution – Homo Interneticus” será exibido na íntegra na BBC2, no dia de hoje 20 de fevereiro.

Jesus Gay

O assunto não é novo, a polêmica sobre uma suposta homossexualidade de Jesus já foi levantada até por teólogos alemães, mas sempre provocou muito barulho. Há quem ache mesmo que Jesus Cristo nunca foi modelo de virilidade. Toda sua meiguice, generosidade e caridade passam longe dos estereótipos machistas, afinal de contas, Paz e Amor não é coisa para machões. Ademais, o personagem Jesus nunca se relacionou com mulheres e vivia cercado de homens (discípulos). Agora o assunto retorna na Espanha numa polêmica exposição fotográfica.
Após ameaças, mostra com Jesus gay é cancelada na Espanha
Fonte: BBC

A exposição de uma polêmica releitura da vida de Jesus Cristo, que inclui cenas de homossexualismo, prostituição e forte conteúdo sexual, teve de sair de cartaz na Espanha após levantar a ira de grupos católicos.

A série Circus Christi foi descrita pelo seu autor, o fotógrafo Fernando Bayona, como "uma visão atualizada da vida de Jesus pelo filtro da sociedade atual, nas quais os personagens vivem vidas paralelas às narradas nos textos bíblicos".

Em uma das 13 fotografias, o dolorido nascimento de Jesus se dá em um precário ambiente caseiro. A sua pregação é simbolizada por um show de rock.

E talvez o mais polêmico retrato seja o Beijo de Judas, no qual dois modelos masculinos, um com a camisa aberta no peito, trocam carícias. A foto empresta uma estética amplamente utilizada na publicidade.

Grupos católicos espanhóis qualificaram a mostra de "blasfêmia" e disseram que o "escárnio" do artista "fere o sentimento dos cristãos".

Por causa dos protestos e ameaças de grupos católicos e a polêmica criada na imprensa e na sociedade local, a universidade decidiu suspender a exibição alegando que não poderia garantir a segurança no local.

Bayona disse que a decisão de encerrar a mostra foi de mútuo acordo entre ele e a universidade, "para não colocar ninguém em perigo".

Entre as cenas registradas estão a Anunciação pelo Espirito Santo (uma fada), o Natal, a Pregação, o Sermão da Montanha, a Santa Ceia, o Traição de Judas (beijo), a Cruxificação, a Pietá, a Ressureição entre outras.









O Valor da Atividade Física

Os exercícios físicos fazem um bem enorme para a saúde em geral, e em especial para o coração, pois para mandar mais sangue para a circulação ele tem que bater mais rápido e mais forte; com o tempo, o coração se torna maior e forte. Normalmente, o volume de sangue bombeado a cada batida é de 700 ml a 800 ml no homem e de 500 ml a 600 ml na mulher. Os exercícios aeróbicos costumam levar estes valores para 1000 ml a 1300 ml nos homens e de 1000 ml e 1100 ml nas mulheres.
Com o tempo o seu coração passa a ser condicionado ao esforço, ficando mais econômico e eficiente, com isso em repouso, o coração não vai precisar fazer tanto esforço e, assim, a freqüência cardíaca (o número de batimentos) diminui, isto é, com um número menor de batimentos ele consegue bombear muito sangue para todo o seu organismo.

As artérias coronárias também se beneficiam. São elas que alimentam de sangue o próprio músculo do coração (miocárdio). E como ele é o órgão da vida, fica bem nutrido e baterá com mais eficiência. Outra coisa: vida sedentária quase sempre é acompanhada de uma alimentação desequilibrada, com excessos de doces e frituras que costumam provocar acúmulo de gordura nos vasos sangüíneos. Resultado: aterosclerose e infarto.

Os exercícios físicos promovem a limpeza de veias e artérias, pois eles aumentam a taxa do HDL (o famoso colesterol bom) que funciona como um verdadeiro faxineiro de artérias. E mais: para atender à demanda de sangue para musculatura e órgãos, o organismo acaba criando vasos colaterais, isto é, os órgãos passam a ter mais sistemas de fornecimento de sangue. Conclusão: o coração passa a ficar mais irrigado, com isso mais protegido de um infarto. Um verdadeiro ciclo de benefícios!

Os pulmões também saem ganhando. Com o corpo em atividade, os alvéolos pulmonares aumentam de volume, conseguem captar muito mais oxigênio e todo o organismo fica mais oxigenado. Já em repouso respiram de forma mais econômica.

Com os exercícios físicos regulares você se beneficia de uma forma inteligente, pois além de estar se cuidando, você está investindo num dos seus maiores patrimônio: o seu corpo.

Outros benefícios:
- Acelera o metabolismo, aumentando a disposição no dia-a-dia
- Ajuda a controlar o peso corporal
- Reduz o colesterol total e eleva o colesterol bom (HDL)
- Reduz os triglicerídeos
- Fortalece o coração e reduz o risco de doenças coronárias e infarto
- Melhora a circulação e reduz obstruções nas paredes dos vasos, diminuindo problemas como arterosclerose (placas de gordura) e derrames
- Melhora a capacidade pulmonar e aumenta a capacidade de consumo de oxigênio
- Diminui o risco de desenvolver pressão alta e ajuda a reduzir a pressão arterial em pessoas que já têm hipertensão.
- Facilita o controle do diabetes, diminuindo a resistência à ação da insulina (hormônio que facilita a entrada de glicose nas células), favorecendo um melhor controle dos níveis de açúcar no sangue e diminui o risco de desenvolver a diabetes tipo 2
- Protege o fígado reduzindo as gorduras
- Ajuda a construir e manter articulações, músculos e ossos saudáveis
- Reduz os riscos de osteoporose (enfraquecimento dos ossos) e fraturas na velhice
- Reduz o estresse e os sentimentos de depressão e ansiedade, promove o bem-estar psicológico
- Reduz o risco de câncer de cólon.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Petrópolis ganha dois novos museus

MUSEU DA CERVEJA
O prédio da primeira cervejaria do país, em Petrópolis, será transformado em museu em 2011. As antigas instalações da Bohemia, cuja fachada é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), abrigarão ainda uma microcervejaria e um centro de tradições germânicas e petropolitanas.
Fundada pelo colono alemão Heinrich Kremer entre 1853 e 1854, a pequena indústria fluminense foi montada seguindo o modelo das produtoras familiares alemãs. Inicialmente eram fabricadas 6 mil garrafas por mês, distribuídas em carroças e charetes. A unidade está desativada desde 2000.
O investimento para criação do Museu da Cerveja é calculado em R$ 40 milhões, custeados pela Ambev, atual dona da marca, pelo governo do Rio e pela Prefeitura de Petrópolis.




MUSEU DE CÊRA
O Rio vai ganhar seu primeiro museu de cera em outubro. Será uam versão brasileira, mais modesta, do inglês Madame Tussaud. Ficará na Casa do Ipiranga em Petrópolis. Os bonecos estão sendo produzidos em Oregon, EUA, por um dos maiores especialistas do mundo, que também trabalha para Hollywood - Henry Alvarez, responsável por bonecos em filmes como "Batman" e "Robocop". Num primeiro momento, serão feitas imagens de Dom Pedro II, Princesa Isabel, Santos Dumont e Einstein. MAs já estão em fase de produção os de FH, Lula e Vinicius de Moraes, e programados para breve os de Pelé, Ayrton Senna e Roberto Carlos. O projeto do museu é da Imagem Produções, de Bruno Villas-Bôas e Renato Bomtempo.











terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Notorious - Um Hitchcock no Brasil


Notorious (br: Interlúdio) é um filme norte-americano de suspense, dirigido em 1946 por Alfred Hitchcock.









Alicia Huberman (Ingrid Bergman), a filha de um espião americano condenado por ser nazista, é recrutada pelo agente do governo TR Devlin (Cary Grant) para se infiltrar em um grupo de alemães que se mudaram para o Brasil após a Segunda Guerra Mundial.

Enquanto aguarda os detalhes de sua atribuição, no Rio de Janeiro, Alicia se apaixona por Devlin. Seus sentimentos por ela são complicados por seu conhecimento do seu passado selvagem. Quando Devlin é ordenado a convencê-la a seduzir Alex Sebastian (Claude Rains), um dos amigos de seu pai e um membro do grupo, Devlin tenta convencer seus superiores que Alicia não está apta para o trabalho. Mas ao ver Alicia novamente, ele mostra-se resoluto, escolhendo o dever ao amor. Alicia conclui que ele não a ama, e ela logo se casa com Alex para espioná-lo melhor e seus associados.

Alicia e Devlin descobrem o elemento-chave da trama por acaso, mas no processo deixam um indício de que o marido remonta a ela. Agora, Alex tem um problema: ele tem de silêncio Alicia, mas não pode expor o seu, sem ser desacreditado por seus companheiros nazistas. Alex discute a situação com a mãe (Konstantin Leopoldina), que sugere que Alicia "morra lentamente" por envenenamento. O veneno é inicialmente misturado no café de Alicia, e ela rapidamente cai doente. Devlin fica alarmado quando ela não aparece em seu próximo encontro. Depois de dirigir a casa de Sebastian, ele foge ao quarto de Alicia, onde ela diz que Alex e sua mãe estão envenenando-a. Depois de confessar seu amor por ela, Devlin transporta-a para fora da mansão, à vista dos conspiradores. Alex implora para ir com eles, e não abandoná-lo à vingança dos nazistas.








CINELANDIA

O filme se passa no Rio dos anos 40; há cenas com a Cinelandia, o Palácio Monroe, o Teatro Municipal, a Avenida Rio Branco dividida por uma calçada central, o Hotel Avenida e a Galeria Cruzeiro, a “Gaiola de Ouro”, o Outeiro da Glória, a praia de Copacabana.

Não há lugar onde o Rio seja mais cosmopolita que na Cinelândia. Agitação, diversidade de tipos, mistura de gente de tantas procedências, comércio, cinema, teatro, música para todos os gostos, política de todas as tendências, boemia de todas as horas, arte, cultura e arquitetura. O mundo.

Talvez o cosmopolitismo pleno explique o fato de que, quando íamos ao encontro de todas essas luzes, dizíamos que íamos à Cidade. Não a um lugar. Mas à Cidade, como se a Cinelândia resumisse o Rio e, por conseqüência, o representasse: o espaço público por todos dividido.

De bonde, o carioca saía de seus bairros, qualquer bairro, e chegava ao Tabuleiro da Baiana, no Largo da Carioca, que se confundia com a própria Cinelândia, sendo mesmo uma de suas fronteiras – perímetro da Galeria Cruzeiro, da Livraria Freitas Bastos, do Café Nice, do Cinema Parisiense, do Cineac Trianon, da Loja Palermo Irmãos & Cia. – com os melhores discos do mundo –, da Leiteria Silvestre, do Clube Naval, do Jockey Clube.

Mas a Cinelândia – principalmente o chamado 'Quarteirão Serrador' – foi, acima de tudo, a nossa Broadway – ou aquilo que a gente pensava que fosse a Broadway –, o lugar dos melhores cinemas da Cidade: o Odeon – em cujo prédio até hoje está a sede da empresa Luiz Severiano Ribeiro e, em uma de suas salas, o estúdio da Foto Preuss, que perpetuou o chuca-chuca de centenas de bem-nascidos bebês –, o Império, o Pathé, o Capitólio – rival do Cineac, a garantir sempre que "a sessão começa quando você chega" –, o Rex – no prédio do hotel com o mesmo nome –, o Rivoli, o Vitória, o espetacular Palácio, o Metro Passeio e, já na fronteira sul, o Plaza e o Colonial.

Não nos esqueçamos de que, embora fosse uma cinelândia, havia ainda teatros de primeira: o Glória e o Rival, sem falar, é claro, no Municipal, sua jóia maior. E tínhamos também o Amarelinho – onde, numa mesa de calçada, Gary Grant namorou Ingrid Bergman, sem nunca terem vindo ao Rio –, a Americana, o Hotel Serrador – em cuja boate, a Night and Day, Carlos Machado lançou alguns dos seus mais belos espetáculos –, o Hotel Ambassador, o OK e o Itajubá – ninhos de mineiros vindos de todas as alterosas –, o Grande Hotel, o Avenida...

No capítulo do comércio, tínhamos, no território da Cinelândia, aquela que desbancou a Notre Dame de Paris – na velha Rua do Ouvidor – como o maior magazine do Rio, a loja de Mestre et Blatgé, que simplificou seu nome para Mesbla. E, no capítulo da cultura e da política, a Biblioteca Nacional, o Museu Nacional de Belas-Artes, o Supremo Tribunal Federal e o Palácio Monroe, reconstruído para a Terceira Conferência Pan-Americana, em 1906, tornando-se depois sede do Senado da República.

E o que dizer da boemia da Cinelândia, sua razão de ser ? A noite ainda ferve com o Cordão da Bola Preta. Serviu ela de palco para o desfile das grandes escolas de samba – final dos anos 50, começo dos 60 – e para a apoteose das grandes sociedades carnavalescas, os préstitos; na Senador Dantas, por sinal, foi fundado o Clube dos Fenianos.

Conta a lenda que, em 1917, um grupo de sócios deixou o Clube dos Democráticos passando a se encontrar no Bar Nacional (atual Edifício Avenida Central) e, entre chopes e bravatas carnavalescas, resolveu fundar um "Cordão", o do Bola Preta, em homenagem ao vestido de uma mulata que passava na hora.

Como na Broadway, era quando a Avenida Rio Branco chegava à Cinelândia que os grandes eventos do Rio tinham o seu momento culminante: a parada de Sete de Setembro e dos colégios, durante o Estado Novo; o desfile dos Pracinhas da FEB, em 1945; a passeata dos Cem Mil, em 1968; o coro pelo impeachment, em 1992. Era o ponto em que, antes do satélite, os cariocas se reuniam para ouvir as partidas da Copa do Mundo, ou reverenciar seus ídolos, como Carmen Miranda, Francisco Alves ou Garrincha.

Como arquiteto, não posso deixar de lembrar ainda aos que estas linhas lerem que, na Cinelândia e arredores, podem ser apreciados alguns dos mais belos prédios do Rio, do Colonial ao Neoclássico, do Art Nouveau ao Art Déco, e um espetacular chafariz, que já andou pela cidade toda e que, em boa hora, veio ocupar o espaço que era do Palácio Monroe, derrubado pela pobreza de espírito.
texto de Luiz Paulo Conde
Fotos: