terça-feira, 31 de maio de 2011

Philippe Jaroussky

Philippe Jaroussky (né le 13 février 1978 à Maisons-Laffitte) é um contratenor francês especializado em Música Barroca. Estudou violino, piano, harmonia e contraponto no conservatório de Versalhes.


Clube da Luta - Você não é especial !


Você sentou novamente em frente ao computador, abriu o navegador e voltou a desperdiçar seu tempo.

Enquanto continua lendo o texto de um cara que não sabe absolutamente nada sobre o que escreve, não vai adicionar nada à sua cultura, ou mesmo tem alguma influência no assunto, o mundo lá fora pressiona algum outro idiota a fazer o mesmo que você.

Faz alguma ideia da importância disso? É, imaginei que não, mesmo.

A sua vida é este sonho onde a lucidez é apenas uma ilusão com a qual você alucina nos raros momentos onde para e pensa em alguma coisa que não seja um monte de porcarias aleatórias. Olhos abertos, olhos fechados, dormindo ou acordado, qual a diferença? Você não tem autonomia alguma para decidir nada. Nem mesmo o que, em quem ou como quer pensar.

"Ei, você me acha especial?"
Enquanto você continua lendo, numa tentativa de encontrar respostas, seus problemas permanecem lá, do mesmo jeito. Sua vida permanece cheia de crises, pendências e uma completa ausência de sentido. “Vazio” é a palavra que descreve tudo. O melhor que consegue fazer para mudar é contratar uma diarista, comprar um sofá e uns tapetes para decorar o apartamento, arranjar uma namorada e levá-la para passear no shopping.

Você não tem coragem sequer de sentir dor. Fica ansiando pela felicidade como uma criança assistindo ao Rei Leão, achando que um dia vai ser rico e substituir seu chefe. Abre o seu navegador no PapodeHomem, esperando que alguém lhe diga como, o que ou quem você deve ser, imaginando a vida de pessoas que pensa serem diferentes de alguma maneira especial. Seres fora do planeta Terra. Exemplos a seguir. É assim que um homem realmente deve ser?

Por algum motivo, você é incapaz de admitir que é um nada, que a sua presença na Terra significa tanto quanto um átomo de um grão de areia na praia. Não tem coragem de imaginar seu próprio caixão com o cadáver do que um dia pensaram ser você, lá dentro. A ideia de ter uma vida finita o amedronta tanto que isto o torna uma vaca dócil no abatedouro.

“Você precisa saber que vai morrer. Não ter medo. Saber que vai morrer.”

Precisa saber que o seu último dia chegará e pode ser daqui a algumas horas. Precisa saber responder, sem hesitar, o que você quer fazer com o pouco tempo que possui. Pintar, bordar, plantar uma árvore, ser uma estrela do rock, não importa. Você precisa saber.

"Presta atenção, o telefone está fora da tomada, aqui quem fala e ouve sou eu mesmo."
Se você espera que eu abra as portas da esperança, traga alguma receita de felicidade ou um passaporte para a ilha da fantasia, sinto muito. Não é sobre felicidade que vim falar. Não vou ensinar como ser mais forte, mais bonito, mais inteligente, ganhar mais dinheiro ou conquistar mais mulheres. Não, nada disso. Tudo o que sei é sobre perda, sofrimento, vício, desilusão, batalhas e, principalmente, derrotas.

Eu digo: pare de lamentar suas derrotas. Pare de sofrer inutilmente. Aprenda a gostar disso. Perceba o sabor do sangue na sua boca quando o soco chega. A falta de ar quando o impacto atinge o seu estômago. A poeira no rosto quando você cai de cara e não sobra mais nada. Note o brilhantismo deste momento. A oportunidade única que chega agora. Ria diante da dor, aproveite para sair do torpor e lembrar, alguma vez, o que é realmente se sentir vivo.

Você nunca será feliz. Nunca terá a vida que deseja. Nunca conseguirá gerar as condições perfeitas para atingir a realização definitiva. Se esperar por isso, a morte vai chegar e não vão subir os créditos, ninguém vai aplaudir e nenhuma luz vai acender. Nada de autógrafos e sucesso. Apenas a cova fria e escura. Parece assutador? Você não sabe onde estive.

Se eu perguntasse quem é você, provavelmente viria cheio de frases prontas. Um monte de besteiras. Músicas que gosta, filmes, lugar onde trabalha, suas mazelas nos relacionamentos, a cidade onde cresceu e as expectativas salariais dos próximos anos. Você não é nada disso.

Se me perguntassem, diria: eu sou o punho de Jack acertando a sua cara. Eu sou o câncer no coração podre de Jack. A profunda amargura que sobrou das decepções de Jack. Sou o sangue, a carne e a mente doentia de Jack. Sou tudo o que você quis ser e não teve coragem.

Eu sou Tyler Durden

sábado, 28 de maio de 2011

O Jeckyl & Hyde de Ipanema


Ronald Russel Wallace de Chevalier (Rio-1936 - Rio-1983. Economista e inventor da palavra aspone.

Ele às vezes entrava num botequim e se anunciava: "Senhoras e senhores, aqui Ronald de Chevalier. Dentro de alguns minutos...Roniquito!" A versão carioca de Jeckyl e Hyde, o médico e o monstro.

Mesas estremeciam. Todos sabiam que aquele rapaz bem-nascido, bem vestido, bem-falante e de profissão economista, que acabara de entrar recitando Shakespeare ou Baudelaire, iria cumprir a ameaça. Dali a três ou quatro uísques (não havia uma progressão, era de repente), ele se aproximaria de alguém (o queixo proeminente quase espetando a cara do outro) e diria alguma coisa tão ofensiva que faria o outro espumar e partir para assassiná-lo. Talvez porque o que ele dissesse fosse a verdade.

Era tão corajoso quanto frágil fisicamente. Escapou centenas de vezes de ser desmembrado ou de ter os ossos da face transformados em paçoca por punhos poderosos. Muitas vezes foi salvo pelos amigos, que brigavam por ele. Em outras, apanhou de verdade e agüentou firme. Conta-se que, numa dessas, o sujeito que o espancava perguntou-lhe:"Chega ou quer mais?". E Roniquito, no chão, com o sapato do brutamontes sobre seu pescoço, ainda conseguiu olhar para cima e articular: "Cansou, filho da puta?".

Roniquito talvez tenha sido o sujeito mais sem censura da história de Ipanema. Dizia o que pensava para qualquer um, não importava o cargo, a idade, a cor, o sexo, ou o tamanho da pessoa. Umas dessas foi o cronista Antonio Maria, que, sozinho, seria capaz de massacrar vinte Roniquitos. Numa discussão no Bottle's Bar, no Beco das Garrafas, em 1962, Roniquito provocou Maria ao duvidar de sua competência como homem de televisão. Para ele, homem de televisão era seu amigo Walter Clark, então diretor comercial da TV Rio e que estava calado na mesa, temendo o pior. Roniquito ofendia Maria e pedia o testemunho do boêmio dentista Jorge Arthur Graça, o "Sirica", também sentado com eles. Maria aguentou enquanto pôde, até que Roniquito soltou a frase final: "Anbtonio Maria, você foi parido por um ânus!". Ao ouvir isso, Maria viu vermelho e atirou-se enfurecido sobre Roniquito, Walter e quem mais estivesse por ali. A muito custo, foi contido por "Sirica" e mais uns dez.

Walter Clark e Roniquito eram amigos de adolescência em Ipanema. Conheceram-se no Colégio Rio de Janeiro, depois de uma prova de redação na qual Walter, teria tirado 10. A primeira frase de Roniquito para Walter foi: "Você é o garoto que tirou 10? Você me parece bem medíocre...". Nunca mais se separaram. Nos anos 60 Walter contratou Roniquito para trabalhar na administração da TV Rio e toureou os insultos que Roniquito disparava contra o próprio chefe, Péricles do Amaral. Quando Walter saiu para fazer a TV Globo, em 1965, levou Roniquito com ele. Com o estrondoso sucesso da Globo a partir de 1970, a máquina começou a andar sozinha e Roniquito e o próprio Walter pareceram ficar sem função. Dizia-se que a única utilidade de Roniquito era beber uísque com Walter durante o expediente - em xícaras de chá, para dar menos na vista. Foi quando, ao ser perguntado sobre o que fazia na Globo, Roniquito respondeu com a expressão depois popularizada por Carlinhos de Oliveira: "Sou aspone. As-po-ne. Assessor de porra nenhuma". A palavra, consagrada nacionalmente, ainda não chegou ao Aurélio.

Mas não era bem assim. Na própria Globo, sua atuação esteve longe de ser a de um aspone. Numa época de crise, por exemplo, ajudara a equacionar uma pesada dívida da Globo para com a Receita Federal. Era um economista brilhante, ex-aluno de Octávio Gouveia de Bulhões, Roberto Campos e Mario Henrique Simonsen e fora o orador da sua turma (da qual fazia parte Maria da Conceição Tavares). Em fins dos anos 50, saíra da faculdade para um emprego na Comissão Econômica para a América Latina (Cepal). Simonsen, por sinal, vivia consultando-o sobre questões econômicas, antes, durante e depois de ser ministro do Planejamento do governo Geisel - e sendo derrotado por ele no xadrez. Sóbrio, Roniquito trabalhava também no Ministério da Fazenda, escrevia uma coluna semanal no Correio Braziliense e dava palestras em universidades e cursos de pós-graduação.

E, sóbrio ou ébrio, passava a impressão de ser íntimo de todos os livros do mundo: falava inglês e francês, sabia poetas inteiros de cor e conhecia muita literatura, sendo apaixonado por William Faukner. Suas estantes era impecáveis, com os livros organizados por assunto. todos sempre à mão. Em música era capaz de assobiar até os clássicos. Parte dessa erudição lhe vinha de família: seu pai, o amazonense Walmik Ramayana de Chevalier, era poeta e médico (o Ramayana do nome era uma referência ao célebre poema hindú). Ramayana carimbou seus filhos com nomes bonitos, mas, para brasileiros, estrambóticos: Roniquito era Ronald Wallace Carlyle de Chevalier; dois de seus irmãos eram Stanley Emerson Carlyle de Chevalier e, claro, Scarlet Moon de Chevalier.

Por intermédio de Ramayana, Roniquito ainda usava calças curtas quando se sentou para beber pela primeira vez com Vinícius de Moraes e Paulo Mendes Campos. Ou seja, já começou entre os profissionais. Na mesma época, para exibir Roniquito, Ramayana mandou-o imitar Rui Barbosa para Lucio Cardoso. Roniquito imitou Rui à perfeição, com todos os pronomes no lugar. Lucio ficou fascinado: "Nunca vi um menino de dez anos beber tão bem!". Muitos anos depois, Lucio deu-lhe para ler os originais de seu romance Crônica da casa assassinada e pediu-lhe sua opinião. Mas, quando Lúcio o enxotou de uma festa em seu apartamento por ele estar zombando do namoro secreto de Paulinho Mendes Campos com Clarice Lispector, Roniquito foi para debaixo da janela de Lucio e começou a gritar o insulto que, na sua opinião mais o ofenderia: "Faukner do Méier! Faukner do Méier!".

A relação de Roniquito com os escritores era cruel. Ao cruzar com Fernando Sabino num restaurante, Roniquito perguntou-lhe: "Fernando Sabino, quem escreve melhor, você ou Nelson Rodrigues?". Fernando gaguejou: "Bem...Nelson Rodrigues, é claro". Mas Roniquito fulminou: "E quem é você para julgar Nelson Rodrigues?". Fez pior com o suave Antonio Callado, a quem perguntou se já tinha lido Faulkner. Callado disse que, evidentemente, já tinha lido. "Bem, se já leu Falkner, você sabe que você é um bosta", disse Roniquito.

Se Roniquito se limitasse a desfeitear os amigos, seria apenas um bebum inconveniente. Mas ele também não tinha a menor cerimõnia com o poder, nem mesmo quando esse era o truculento poder militar. Certa vez, numa recepção na TV Globo, Roniquito foi apresentado a um general. Depois de certificar-se de que ele nunca lera Machado de Assis, perguntou-lhe se pelo menos entendia de música. O general hesitou e Roniquito exemplificou:"Nem essa?". E, com a voz e os dedos imitando uma corneta, solou o toque da alvorada. Em outra visita de autoridades à Globo, Roniquito preguntou a Pratini de Moraes, ministro dos Transportes do governo Médici, se ele sabia o tamanho de um vergalhão. O ministro vacilou e Roniquito emendou: "Pois devia saber, porque o governo está enfiando um vergalhão no rabo do povo". De outra feita, no governo Geisel, quando Roniquito conversava com o seu amigo, o ministro da Previdência Luiz Gonzaga do Nascimento Silva, outro ministro, Severo Gomes, este da Indústria e Comércio e dono dos cobertores Parahyba, tentou se meter. Roniquito cortou-o: "Não estou falando com fabricante de lençóis".

Em todas essas ocasiões, Roniquito foi salvo do opróbio na Globo porque era adorado por Walter Clark e Boni. Chegou a ser posto de quarentena diversas vezes, mas a punição nunca era mais do que simbólica. De certa forma, Roniquito era o que Walter, com todo o seu poder, gostaria de ser: fino de berço e grosso por opção - Walter era o contrário.

Mas a maior sem-cerimômia de Roniquito para com o poder foi em 1967 e envolveu o marechal Costa e Silva, já presidente. Segundo a história muito bem contada por Ferdy Carneiro, Roniquito estava ciceroneando um figurão americano convidado do governo, a pedido de Nascimento Silva. Naquela manhã ele levara o visitante a almoçar no restaurante do Museu de Arte Moderna. Antes de irem para a mesa, resolveram reforçar-se no bar com alguns uísques - muitos uísques, porque o americano não enjeitava o serviço. Por coincidência, na mesma hora, Costa e Silva também estava no MAM para almoçar. A comitiva presidencial, sem as normas de segurança que depois se tornariam comuns, passou por Roniquito no momento em que este catava seu isqueiro no paletó para acender um cigarro. Com o cigarro no canto da boca, Roniquito viu o presidente. Avançou, cravou o queixo nas medalhas de Costa e Silva e perguntou: "O senhor tem fogo?". Os seguranças, como que subitamente acordados de um rigor mortis, pularam sobre ele. O americano, sem entender o que se passava e já incapaz de fazer um quatro, se a isso fosse solicitado, balbuciou qualquer coisa como "Whatthegoddamfuckdoyouthinkyouredoin´" e foi também abotoado.
Os dois foram levados para o 3 Distrito, na rua Santa Luzia, por desacato à autoridade. Diante do delegado, o americano esbravejava com voz pastosa:"I'm an American shitizen! Call the embashy!". O delegado perguntou: "Quê que o gringo tá falando?". "Ele tá dizendo que a polícia no Brasil é uma merda" traduziu Roniquito. " Ah, é? Pois ele vai ver o que é merda!", bramiu o delegado. O americano pediu para usar o telefone. Roniquito traduziu: "Ele está dizendo que no Brasil ninguém respeita os direitos humanos". "Direitos humanos é o cacete! Ele vai entrar no pau!", ganiu o delegado. O americano perguntou a Roniquito por que o delegado estava tão brabo. Roniquito sussurrou para o delegado: " Agora ele está dizendo que o Brasil é uma ditadura facista". Por sorte, quando estava prestes a ser apresentado ao pau-de-arara, o americano conseguiu mostrar um documento com o emblema do governo americano. Foi dado o telefonema e, em poucos minutos, chegaram as tropas da embaixada e do Itamaraty para libertar Roniquito e o gringo. Mas, por causa de Roniquito, conclui Ferdy, por pouco não se declarou uma guerra entre o Brasil e os Estados Unidos - tendo como pivô um palito de fósforo. Não admira que Roniquito não tenha sido levado a sério quando se ofereceu para ser trocado pelo embaixador Burke Elbrick, sequestrado em 1970.

Livre dos espíritos, Roniquito era um gentleman. Beijava as mãos das senhoras e encantava-as com sua inteligência e educação. Mas era bom não confiar. A poção que o fazia passar de Dr. Jekyll a Mr. Hyde (ou de Dr. Roni a Mr.Quito, segundo Marcos de Vasconcelos) vinha em toda espécie de garrafas. Com uma única palavra ele seria capaz de provocar um terremoto. Uma elegante senhora do Flamengo, que só conhecia o seu lado fino, convidou-o para um jantar em sua casa. Roniquito comportou-se bem no jantar, mas bebeu vinho demais, desmaiou sobre o prato e foi levado roncando para um sofá. Terminado o jantar, um dos convidados propôs uma brincadeira então na moda, "A palavra é...". No meio do jogo, Roniquito deu sinais de que estava acordando. A dona da casa achando que ele queria participar da brincadeira, foi até o sofá, de mãos postas e com um sorriso de beatitude: "Roniquito, a palavra é...". E Roniquito, meio zonzo de sono:"Ca-ra-lho". Naturalmente, foi expulso pelo filho da dona da casa.

Quem o conhecesse mal, diria que Roniquito tinha um temperamento bélico. Mas era a sua falta de paciência para com os enganadores que o levava a ser radical. Poucos meses depois do golpe de 1964, intelectuais reunidos no Teatro Santa Rosa promoviam um debate emocionado e anódino sobre os "caminhos da democracia no Brasil". Propunham "estratégias de ação". Foi quando se ouviu, do fundo da platéia, sua voz característica: "Muito bem. E quem vai fornecer as metralhadoras?". O debate acabou ali.

Roniquito foi atropelado em dezembro de 1981, em frente ao Antonio's. Um fusca o acertou, quebrou-lhe as duas pernas, jogou-o longe e fugiu sem socorrê-lo. Um ônibus que vinha atrás viu o acidente e parou. O motorista recolheu Roniquito, colocou-o no ônibus e levou-o para o Miguel Couto. Histórias surgiram até em torno desse atropelamento. Segundo uma delas, ao passar voando defronte da varanda do Antonio's e ao ver o ar assustado dos amigos, Roniquito teria perguntado: "O que foi, porra? Nunca viram o Super-Homem?".

Na verdade, o atropelamento lhe seria fatal. Roniquito quebrou as pernas em vários lugares, teve seqüelas graves e foi submetido a seis operações durante o ano de 1982. Como todo filho de médico, gostava de se automedicar e passou a tomar uma farmácia de remédios. Mas não parou de beber - mesmo de bengala e pé engessado, chegou a ir algumas vezes à Plataforma, fazendo piada com a própria desgraça. Roniquito também foi visto em restaurantes tomando um líquido que parecia café. Ao ser perguntado, "Tomando café, Roniquito?", respondeu: "Estou. Irish cofee" (café com uísque). Mas era também asmático e o uso da bombinha, misturado a bebida e remédios, provocou-lhe uma insuficiência cardíaca. Quando teve o enfarte fatal, em janeiro de 1983, estava sozinho em seu apartamento no Posto 6. Só o encontraram horas depois. Foi enterrado com o pé no gesso e de olhos abertos.

O anúncio da sua morte no Jornal do Brasil era uma enciclopédia da vida brasileira. Tinha de ministros de Estado a garçons de botequim. Carlinhos Oliveira disse a seu respeito: "Ninguém podia ser patife perto dele. Ninguém ousava". E Paulo Francis escreveu um comovente obituário na Folha de S. Paulo:"Roniquito fazia o que não temos coragem de fazer - virar a mesa contra os horrores brasileiros. Mas, o leitor dirá, por que então não escrever jornalismo polêmico ou até ficção? É uma boa pergunta. Mas talvez a resposta esteja no Brasil. Nosso horror é de uma tal ordem de vulgaridade que uma resposta vulgar de baderneiro talvez seja mais adequada do que 'análises' ou'contramodelos'. Roniquito manteve uma juventude, uma infância de poeta: protestava em pessoa, pondo a vida em risco tantas vezes, pela gente que desafiava".

Trecho do livro escrito por sua irmã Scarlet Moon de Chevalier com relatos de Joaquim Vaz de Carvalho, Ruy Guerra, Fausto Wolff, Jaguar, Ferreira Gullar, Hugo Carvana, Boni, Miele, Chico Buarque entre outros.

"Foi assim certa noite em 1964, quando bebia com Paulo César Saraceni e Armando Costa num bar de Copacabana. Os três esculhambavam o golpe e as Forças Armadas em altos brados. Numa das mesas próximas havia um grupo de militares que se sentiu ofendido. Estes foram à 13ª Delegacia e convocaram a polícia para prender os difamantes. Armando Costa estava no banheiro quando os policiais chegaram. Ao se aproximarem da mesa, foram desacatados por Roniquito. Levaram Saraceni e ele presos. Armando, saindo do lavabo, tentou ser preso também mas não conseguiu. Na delegacia, embora Saraceni e o delegado tentassem, não conseguiam aplacar a ira roniquitiana. Paulo César ligou para tio Pandiá, que chegou prontamente, conversou com o delegado e convenceu-o a liberar os dois. Conseguiu porque o delegado não agüentava mais o discurso irado de Ronald. Num determinado momento, Paulo César disse que ia embora e levaria o tio Pandiá com ele, para ver se Ronald se acalmava e ia junto. Mas Roni estava tomado de ódio dos militares e continuava sua peroração. Tio Pandiá e Saraceni fizeram menção de partir. Desta vez foi o delegado que estrilou:
- Pelo amor de Deus! Não deixa esse cara aqui não!"

O Inverno - Vivaldi

Charlie Brown e sua turma



A 2 de Outubro de 1950, os "Peanuts" faziam a sua estreia, algo tímida, como tira diária, nas páginas do “Saturday Evening Post”, mas a breve trecho eram já publicados nos principais jornais norte-americanos, e passariam a ter também prancha dominical a partir de 6 de Janeiro de 1952, para, no seu auge, serem lidos diariamente por mais de 350 milhões de leitores de 2600 jornais de todo o mundo. O arranque daquela que se iria tornar numa das mais conhecidas séries da história da banda desenhada, tinha acontecido dois anos antes no "Saint Paul Pioneer Press", então sob o título de "Li'l Folks" (gente pequena).
No início, os "Peanuts", eram cinco: dois rapazes, Charlie e Shermy, duas raparigas, Patty e Violet, e um cão, Snoopy. Shermy, Patty e Violet foram desaparecendo pouco a pouco, enquanto Charles Schulz, o seu autor, entregava o protagonismo a Charlie Brown, um eterno perdedor, e ao seu cão Snoopy, contraponto da melancolia e tristeza e futura consciência crítica do grupo.
Graficamente, a série estava distante daquilo que conhecemos hoje e que a distinguiu de muitas outras mas, entre 1951 e 1953, Schulz depurou o seu grafismo, dando relevo às personagens em detrimento do cenário, quase só esquissado em pinceladas largas, e fazendo antever uma das características que o notabilizaram: a capacidade de fazer os seus heróis expressar emoções apenas com uns quantos elementos gráficos. Na mesma época introduziu na série três das suas futuras estrelas; Schroeder, um virtuoso do piano, Lucy, a eterna insatisfeita, egoísta, egocêntrica e autoritária, e Linus, um sobredotado, o intelectual do grupo, que combate as neuroses chupando no polegar e sempre agarrado ao seu cobertor.
Com o passar dos anos, Schulz aprofunda o perfil psicológico de cada um, e acrescenta ao grupo Sally, a irmã de Charlie Brown, Woodstock, o passarinho, ajudante de Snoopy, os irmãos deste último e outros. Com eles, e com base no princípio do "running gag" (em que cada uma das situações se inspira na tira precedente, para se concluir, por vezes, na seguinte), foi dissertando sobre a condição humana de uma forma divertida e amarga, ao mesmo tempo simples e profunda, capaz de a tornar acessível a crianças, embora só integralmente compreendida pelos adultos. Para isso, utilizou situações recorrentes que se tornaram momentos antológicos dos "Peanuts", como a total inépcia de Charlie Brown para praticar futebol americano, brincar com papagaios de papel ou declarar-se à misteriosa Rapariga Pele-Vermelha, as consultas psicanalíticas de Lucy, as festas de aniversário, as fantasias de Snoopy como Ás da Aviação da Primeira Guerra Mundial, o Mito da Grande Abóbora ou as interpretações de Snoopy dos tracinhos que representam a fala de Woodstock, estas últimas em momentos de puro non-sense que Schulz também cultivou nos "Peanuts".

O jeito de ser de Charlie Brown mostra que apesar da timidez explícita há uma curiosidade pulsante da realidade que o cerca. O garotinho fracassado que não consegue arrumar uma namorada sequer nem jogar bem na liga de beisebol carrega consigo algumas das verdades que mais nos atormentam: o medo de enfrentar a própria vida. Medo, ansiedade, agonia e algumas vezes um riso largo de crença num mundo melhor.

Uma vez, Schulz disse em uma entrevista; "os ‘Peanuts’ são a minha vida inteira. Todos os dias lhes dei um pouco de mim”. E não teria como ser diferente. Em toda obra de arte encontramos sempre um pouco do autor... No Brasil, os Peanuts ficaram conhecidos como Minduim, apelido dado a Charlie Brown ou simplesmente “as tirinhas do Snoopy”. Extremamente psicólogico, apesar de Schulz não se referir a isso de maneira explícita, as tirinhas de Minduim alcançaram o mundo e conquistaram gerações de fãs. Bill Waterson, criador de Calvin & Haroldo, se diz um apaixonado por Charlie Brown e toda a sua turma.


Entre as personagens da série criada por Schulz temos o “bom e velho” Charlie Brown, sempre de cabeça baixa e as mãos no bolso e Sally, a irmã mais nova de Charlie Brown que ele tenta deseperadamente compreender e que vez por outra o humilha também. Sally é apaixonada por Linus, uma criança que tem boas sacadas filosóficas. Linus Van Pelt apresenta nas tirinhas um paradoxo: tem uma filosofia de vida surpreendente, conhece muitas coisas apesar da pouca idade, mas vive grudado em um cobertor azul chupando o dedo. O que apresenta um perfil psicológico um tanto quanto ainda debilitado. Linus é o irmão mais novo da representação feminina da repressão: Lucy, a personagem mais mal humorada das séries das HQs. Mandona e chata, Lucy vive se metendo na vida de todos. Dá conselhos para os amigos, mas na verdade ninguém os pediu. Os conselhos dados a Charlie Brown são cobrados na barraquinha de psiquiatria montada por Lucy porque para o Charlie Brown nada é de graça. E ele sabe que a vida tem lá as suas dificuldades... Lucy incurtiu na cabeça do pobre Charlie Brown que ele precisa de conselhos médicos e tratamento psicológico... tsc, tsc. E ele acreditou. Lucy tem uma paixãozinha secreta por Schroeder, o artista da turma. Talvez a inteligência seja mesmo algo afrodisíaco... Ou seja, um dos seus pontos fracos é o amor. (Mas de quem não é, não é mesmo?) Schroeder é um músico que vive em um mundinho particular. De lá, tira melodias maravilhosas de um pianinho de brinquedo tentando em vão não interagir com um mundo real que lhe é apresentado toda vez que Lucy chega lhe pedindo em casamento... Na visão de alguns filósofos e pensadores, Schroeder pode ser considerado um artista que se refugiou na arte para não ter que fazer contato com a realidade, pois Schroeder tem uma personalidade um tanto quanto fechada em si mesmo... A sua mais forte relação com o mundo se dá apenas pela paixão que ele sente por Bethoveen. Há ainda outros personagens como a Patty Pimentinha e a Marcie que são grandes amigas e o Woodstock, um passarinho amarelo amigo de Snoopy que tem até um dialeto próprio grafado em pontos de exclamação. Esse dialeto só é entendido por Snoopy, que conversa mentalmente com Woodstock. Temos qui um dos pontos altos da HQ de Schulz: o cão Snoopy, sua relação com o mundo e com o seu dono Charlie Brown. Se traçarmos um paralelo entre Charlie Brown e Snoopy temos duas personagens com características bem distintas: uma extremamente existencialista, na busca constante por si mesma (Charlie Brown) e outra completamente despida de consciência, buscando viver apenas o hoje da maneira mais interessante possível (Snoopy). Snoopy não sabe o nome de Charlie Brown, só o reconhece por ser “o garoto de cabeça redonda que leva comida para ele”. Snoopy representa a fantasia que “deveria” estar presente nas personagens que permeiam a tirinha e nos próprios seres humanos. Na verdade, transformamos essa fantasia em trabalho e em falta de tempo e nos esquecemos, muitas vezes, de viver plenamente, ou até mesmo de sonhar. Com a possibilidade de ser quem quiser, Snoopy uma hora é escritor com sua própria máquina de escrever, da qual tira textos maravilhosos de cima de sua casinha de cachorro. Outra hora é um aviador da segunda guerra fazendo referência direta aos fatos acontecidos com o próprio Schulz que teve que lutar na Segunda Guerra Mundial. Em entrevista, diz o desenhista que ter que ir pra guerra foi bom, pois voltou com menos medo e mais expansivo. Veja que ele até casou depois que voltou da guerra. Uma dádiva para quem se sentia um fracassado... Snoopy tem em si a possibilidade da existência por completo, já que é um cão e não tem preocupação humana, apesar de agir como humano muitas vezes e em algumas tirinhas até mesmo andar sobre duas pernas. Snoopy não fala, mas pensa. E muito. Muitas vezes parece pensar alto, o que deixa Lucy extremamente irritada. Snoopy vive o presente sem se cobrar de ser alguém melhor ou ter crises existenciais. O que é espantoso, ou melhor, paradoxal para um cachorro praticamente humano.... Já Charlie Brown ainda não sabe o que está fazendo no mundo. E talvez seja isso o mais encantador na personagem. Constantemente em busca de si mesmo, se perde em dúvidas e pensamentos, mas não deixa de ser criança e algumas vezes ter espasmos de alegria ao sentir paixão por uma garota ruiva ou quando consegue fazer algo superando suas próprias expectativas. Devemos, entretanto, refletir sobre outras personagens do mundo das histórias em quadrinhos para compreendermos a dinâmica presente em “The Peanusts”: Calvin é aquela criança ativa, cheia de imaginação que troca altas idéias com seu tigre de pelúcia, o Haroldo, sendo que só ele, o próprio Calvin, vê o tigre como um ser vivo. Mafalda é uma socióloga mirim. Raramente a vemos brincando como uma criança qualquer por que ela está sempre preocupada com a situação do mundo, hora é uma apocalíptica hora é uma integrada aos fatos da realidade. Charlie Brown mistura as duas personalidades anteriores em uma criança que parece ter dentro de si, um adulto. Não por suas idéias, mas por suas neuroses diante do mundo e diante de si mesmo. Ele brinca tanto quanto Calvin, mas é reflexivo também, assim como Mafalda. Imagina se pudéssemos ter os três juntos em uma mesma história? Iria ser surreal... Pois bem, voltemos. “The Peanuts” trazem em si um contexto psicológico humano de maneira tão explícita, que nos incomoda. Vemos-nos reconhecidos nos atos e ações das personagens e nos apaixonamos por eles, ou melhor, por nós mesmos, pelo nosso espelho, mas não conseguimos nos rever. Através da turma do Minduim descobrimos realmente quem somos. E mesmo assim, não conseguimos mudar. Isso é monstruoso. Considerações à parte sobre quem é e como se portam os “The Peanuts” no mundo das histórias em quadrinhos e no contexto psicológico, temos que admitir que todos eles são apaixonantes e cativantes. Charlie Brown está na sua infância e também nos espelhos espalhados pela sua casa


Foi com estes elementos que manteve os "Peanuts" durante quase 50 anos, sempre sozinho, recusando trabalhar em estúdio ou aceitar que outros prosseguissem a sua obra após a sua morte, que viria a acontecer a 12 de Fevereiro de 2000, exactamente da véspera da publicação da última prancha dos "Peanuts" que desenhou, que termina com a frase "Charlie Brown, Snoopy, Linus, Lucy… como é que alguma vez os poderei esquecer…".





Síndrome de Paulo Francis

Hermano Vianna - Pós-indignação

Interessante perceber a coincidência, quando abri os jornais do dia 18: na “Folha de S. Paulo”, Marcelo Coelho escreveu brilhantemente sobre a moda do politicamente incorreto e, aqui no Segundo Caderno, Francisco Bosco lançou seu manifesto “tô fora” contra a busca desesperada, cada vez mais dominante em certo debate de ideias nacional, por polêmicas. Há tempos eu planejava um texto semelhante, comentando o mesmo fenômeno, pois considero os sucessos tanto do “politicamente incorreto” quanto das “polêmicas” sintomas de um problema mais profundo e triste.

Já esbarrei nesse assunto quando citei outra coluna da “Folha”, de Contardo Calligaris: “Ora, a indignação é a forma mais barata de inteligência: ela substitui a complexidade pela irritação dos humores.” Claro, conheço também o sucesso que o livro francês “Indignai-vos”, de Stéphane Hessel, tem feito mundo
afora. E sei que, no Brasil, há motivos de sobra para ficarmos indignados. Mas indignação não basta por si só, nem pode ser pensada como finalidade da ação política/ moral. Ela só faz sentido se for o início da ação, que crie soluções e novas maneiras de transformar o mundo. Quem abre o Twitter, ou quem lê cartas de leitores dos jornais, pensa que o Brasil é terra de indignados. Mas isso não quer dizer politização. A indignação brasileira atual muitas vezes é apenas o exercício da maledicência. Um jogo bobo: sou mais corajoso, nado contra a maré, pois falo mal de todo mundo. E tudo fica como era antes.

Há cada vez mais seminários e mesas redondas no Brasil. Muitos organizadores são bem-intencionados. Contudo, o espírito denunciado por Francisco Bosco (ele citou a seguinte recomendação de um mediador:
“Podem polemizar, detesto mesas em que há consenso, em que todos dizem a mesma coisa”) realmente anda impedindo que os debates se tornem produtivos, ou mesmo surpreendentes. Ninguém discute nada, ou aprofunda nenhuma “questão”. A moda é a do show indignado: o expositor abusa do estilo bombástico já testado com outras palestras, falando mal de qualquer “poderoso”. A plateia adora. O efeito é catártico. Apaziguador. Bater palmas é suficiente, dever cumprido. Não é preciso fazer mais nada, além dessa manifestação barulhenta de indignação “solidária”. Então, bater palmas funciona, no final das contas, como lavar as mãos: o que vem daqui para a frente não tem nada a ver conosco, é coisa para os políticos decidirem e cuidarem por nós. A indignação se torna o caminho mais fácil. Ninguém quer saber de discursos complexos, argumentações entediantes para se acompanhar, levando em conta pontos de vistas diferentes. O público fica contente com slogans pseudorrevolucionários, com tiradas engraçadas,
com frases destemperadas, do contra. A simplificação dá conta do nosso negócio, é o curto e grosso que nos satisfaz.

Assim se explica o sucesso tanto do politicamente correto quanto do politicamente incorreto. Os dois simplificam o mundo. Os incorretos viram Dom Quixotes lutando contra moinhos de ventos transformados em monstros pelas suas próprias cartilhas pretinhas básicas. Inventaram o mito de que o mundo é dominado pelo politicamente correto, e assim sua cruzada fica mais heroica. Francisco Bosco identifica outro mito que justifica muita indignação pré-fabricada: “Parte-se do princípio de que existe uma prática cordial no debate intelectual brasileiro.” Então multiplicam-se os indignados anticordialidade dominante. É uma estratégia de marketing: faz sucesso em blogs e em cadernos culturais que acham que polêmica vende jornal ou atrai visitantes. Algumas frases do texto de Marcelo Coelho foram tão retuitadas (autocrítica?) que já se tornaram ditados populares contemporâneos. Por exemplo: “Ser ‘politicamente incorreto’, no Brasil de hoje, é motivo de orgulho. Todo pateta com pretensões à originalidade e à ironia toma a iniciativa de se dizer ‘incorreto’.” Não é possível ser mais preciso. Apenas acrescentaria: muitas vezes os corretos também pensam que o mundo é dominado por incorretos e querem contrariar o espírito dominante. Contrariar para fazer sucesso (“só para contrariar”), ser querido, ser amado, ser fofinho (há muita fofura indignada por aí).

Onde tudo isso começou? Seria fácil dizer: Paulo Francis. Mas ele também era uma consequência,
não a “causa” — mesmo com efeitos duradouros. Somos, sim, geração formada, direta ou indiretamente, por Paulo Francis — ou pior, pela caricatura de si mesmo que Paulo Francis inventou em seus últimos anos de colunista. Era divertido: esperar seu próximo texto para descobrir quem seria o espinafrado da vez. Até que aquilo ficou muito óbvio, e talvez por isso mesmo virou padrão, produção em série de jornalistas e blogueiros que acham charmoso não gostar de nada que acontece no Brasil, que ganham fama e tietes por serem indignados com tudo o que faz sucesso em nosso país, que deveria para sempre não ter jeito — se desse certo, do que iriam reclamar? Em seus textos, viramos tristes trópicos de verdade, cheios de exilados espirituais, que me dão enorme pena pois nenhum deles consegue construir carreiras sólidas nos lugares que veneram. Nem Paulo Francis conseguiu ser colaborador do “New York Review of Books”. Isso alimenta mais raiva. Mais indignação e maledicência. Como Francisco Bosco: tô fora. Nesta coluna falo bem do que acho bom, do que quero que dê certo. Totalmente pós-indignação.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Quer amor de verdade ? Adote um Cão !!!

Esses vídeos são de soldados e mariners dos EUA voltando para casa e sendo recepcionados pelos seus "melhores amigos"



domingo, 15 de maio de 2011

Não me abandone jamais



Nome: Never Let Me Go
Gênero: Drama, Romance
Diretor: Mark Romanek
Duração: 103 minutos
Ano de Lançamento: 2010

O romance “Não Me Abandone Jamais” foi escrito por Kasuo Ishiguro - um escritor nipobritânico - e publicado em 2005. Pouco tempo depois já era aclamado pela Revista Time como o melhor livro da década. Não demoraria até que a história fosse parar nos cinemas.
Tudo se inicia numa hipotética 1952, quando a cura para as principais doenças da humanidade teria sido descoberta, através da doação de órgãos, advindas de clones humanos. Kathy, Tommy e Ruth são três destes clones; crianças criadas numa escola isolada, cuja principal regra é a superproteção dos alunos, para que eles não contraiam nenhuma doença e sejam seres capazes de doar órgãos saudáveis.
O destino daquelas crianças é um só (a doação) e é sabido que após algumas cirurgias para a retirada de seus órgãos, realizadas no início da fase adulta, elas morreriam. Mas os três amigos acreditam que exista uma chance de adiar as suas doações – e consequentes mortes – caso eles consigam provar que existe amor verdadeiro entre dois deles.
A adaptação para as telonas se deveu pelas mãos de Alex Garland, um especialista em roteiros futuristas e realidades alternativas, autor de das histórias de “Sunshine – Alerta Solar”, “Extermínio” (ambos dirigidos por Danny Boyle) e já contratado para escrever o roteiro do badalado “Halo”, previsto para 2012. Apesar de complexo, o roteiro trás situações críveis, como se aquela realidade fosse mesmo possível – e nos faz acreditar que realmente o são, de forma quase documental.
A escolha por não se construir um futuro, mas sim uma realidade alternativa, fez com que a direção de arte só tivesse o trabalho de reconstituir fidedignamente épocas já existentes e não se preocupar com objetos de ficção científica, nem muito menos que fosse preciso contratar especialistas em efeitos visuais, algo que também possibilitou o financiamento barato do filme. Na tela, o efeito de tal escolha surte ainda maior, pois a situação é perfeitamente plausível, afinal, a criação de clones humanos para fins donatários já é assunto discutido atualmente pelos cientistas.
Seguro, o diretor Mark Romanek (Retratos de Uma Obsessão) não deixa pontas soltas e mostra que sabe dirigir um grande elenco, arrancando atuações inspiradas de Carey Mulligan (Educação) e Andrew Garfield (A Rede Social), além de ainda poder contar com uma pequena, mas marcante participação de Sally Hawkins (Simplesmente Feliz).


sexta-feira, 13 de maio de 2011

Openbare Bibliotheek - Amsterdam


Em tempos de Google, Kindle, iPad, muita gente tem deixado os livros de lado e as bibliotecas vão ficando ainda mais vazias. Mas em Amsterdã, as bibliotecas públicas (Openbare Bibliotheek Amsterdam, mais conhecidas pela sigla OBA) são um fenômeno de popularidade: atraem 4,1 milhões de visitantes por ano - quase metade deles só na biblioteca central (e vale lembrar que a cidade tem só 770 mil habitantes!). É a instituição cultural mais visitada da Holanda.

Desde que foi inaugurada, em julho de 2007, a OBA central vive cheia. Além do maravilhoso acervo de livros, também tem um andar inteiro só de CDs, DVDs e videogames, e uma seção infantil que é um verdadeiro conto de fadas para pais e crianças que gostam de literatura - quem chega ali, não quer mais sair. Aliás, há um clima meio mágico por toda a biblioteca graças a uma iluminação especial que faz com que os livros brilhem nas estantes como irresistíveis objetos de desejo. A OBA é a biblioteca dos sonhos!

E é claro que a arquitetura ajuda, e muito. O edifício - um projeto assinado pelo escritório de arquitetura Jo Coenen - tem imensas janelas que permitem a entrada de luz natural e vistas incríveis da cidade. A decoração é limpa sem ser minimalista, tem luz, tem cor, tem formas e bom design, com toques de ousadia, como os "workskulls" do Atelier Van Lieshout.

Aberta diariamente, das 10 da manhã às 10 da noite, a OBA fica próxima à Estação Central de Amsterdã e o acesso é fácil (embora as muitas construções na região deixem o caminho um pouco mais complicado do que deveria ser para pedestres e ciclistas).

Convidativa, a biblioteca central é um lugar para ir e ficar por algumas horas. Para emprestar obras do acervo, é preciso fazer carteirinha e pagar uma anuidade, mas mesmo quem só está de passagem por Amsterdã pode aproveitar a ótima seção de jornais e revistas, usar um dos quase 500 computadores disponíveis para o público, curtir a bela vista da cidade ou aproveitar o café e restaurante self-service La Place, que fica no último andar.
Mariangela Guimaraes

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Supremo reconhece uniao entre gays

Por unanimidade, Supremo reconhece união estável de homossexuais


Em um julgamento histórico e por unanimidade, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu nesta quinta-feira (5) reconhecer as uniões estáveis de homossexuais no país. Os dez ministros presentes entenderam que casais gays devem desfrutar de direitos semelhantes aos de pares heterossexuais, como pensões, aposentadorias e inclusão em planos de saúde. A decisão pode ainda facilitar a adoção, por exemplo.

Foram analisados dois pedidos no julgamento: um deles do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), para que funcionários públicos homossexuais estendam benefícios a seus parceiros, e o outro da Procuradoria-Geral da República (PGR), para admitir casais gays como “entidade familiar”. A decisão do Supremo terá efeito vinculante, ou seja, será aplicada em outros tribunais para casos semelhantes.

Na sessão de hoje não votou apenas o ministro José Antônio Dias Tóffoli, que se declarou impedido de participar, já que atuou no processo quando era da Advocacia-Geral da União. O ministro Carlos Ayres Britto foi o relator, acompanhado pelos demais colegas para definir a vitória dos movimentos homossexuais.

O julgamento começou na quarta-feira (4), quando falaram o relator e cinco defensores da iniciativa, além de dois adversários –um deles representante da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).











terça-feira, 3 de maio de 2011

Solte a Franga (antes que seja tarde)

Te mandam para uma guerra no quinto dos infernos (Afeganistão). Voce pode estar na iminência de ser despedaçado por um míssil taleban. Faça alguma coisa antes que seja tarde demais : Solte a franga e curta a vida. É isso que os milicos norte-americanos vem fazendo nas bases do Afeganistão.
Enquanto Lady Gaga e Britney Spears gastam milhões produzindo seus clipes, os milicos fazem videoclips amadores bem mais interessantes.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Comemorar o quê ?



Entrevistador: Os americanos reagiram à notícia da morte de Bin Laden com festa e era possível ver cenas de comemoração e euforia nas ruas. Existe razão para comemorar? Essa euforia é justificável?

Maria Aparecida Aquino: Não. Se a gente admitir que existe razão para comemorações neste momento, então estaríamos admitindo que existe razão para comemorar um assassinato. Uma coisa que normalmente não se comenta é que os Estados Unidos gostam de jogar na cara de todos os outros países que eles são os guardiões da democracia do mundo, e sempre interferem nos outros países para assegurar a democracia. Entretanto, o que eles fizeram nesse caso é simplesmente um assassinato. Se houve um crime e você está atrás de uma pessoa que é teoricamente uma das responsáveis por esse crime, você tem o direito de pegar essa pessoa e submetê-la a um julgamento. Mas o que aconteceu foi simplesmente um assassinato.
Há meses vem sendo preparada, junto com o governo do Paquistão, toda uma operação para chegar à casa de Osama Bin Laden. A ordem que se tinha era metralhar, a ordem era atirar. Fica difícil pensar em motivo para comemoração.
O que podemos observar é que toda a euforia inicial nos Estados Unidos já baixou um pouco, porque eles têm um temor muito grande – e devem mesmo; pensar que a Al Qaeda se restringe a um homem só, Osama bin Laden, é uma tolice. A Al Qaeda é uma imensa organização. E quase certo que haja retaliações. Então, em circunstância alguma teríamos motivos para comemorar, mesmo pertencendo à população americana, mesmo sendo o presidente dos Estados Unidos.
Se pessoas como nós, pessoas comuns, simplesmente coadunássemos com a ideia de comemoração, estaríamos coadunando contra todos os princípios que os próprios Estados Unidos dizem defender com tanta força.

Entrevistador: Então é possível imaginar que os Estados Unidos poderiam ter feito uma captura sem recorrer a assassinato?

Aquino: Lógico. Eles tinham noção da localização. Planejaram a ação muito cuidadosamente. Chegaram até a casa e uma vez lá não havia condições de reação. Eles simplesmente metralharam quem estava pela frente.

Entrevistador: Com relação ao corpo, como a senhora interpreta essa decisão dos Estados Unidos jogá-lo ao mar?

Aquino: A notícia de que eles teriam jogado o corpo ao mar é mais grave ainda, porque você não só submete o inimigo a um assassinato, como você também impede o ritual da morte.
Mesmo que não haja uma retaliação imediata, em breve essa ficha acaba caindo, mesmo entre a população, de que nem mesmo o direito à morte foi dado. Um dos maiores pilares da democracia é o habeas corpus, que em uma tradução muito simples do latim quer dizer: que se tenha direito ao corpo. Então foi negado um elemento característico do estado de Direito.
Os americanos têm direito de estar muito zangados com o que aconteceu no 11 de setembro? Sim. Têm direito de investigar quem seriam os responsáveis? Sim. Mas a forma como se faz isso pode acabar por retirar todos os direitos que nos restam.

Entrevistador: É possível imaginar que os Estados Unidos enxerguem a morte de Bin Laden como a morte do “mal”?

Aquino: É o que eles defendem. No fundo, eles pretendem impor ao mundo inteiro uma ideia: de que estão cobertos de razão, de que a humanidade pode respirar aliviada e de que agora estamos livres do mal, já que o mal estava condensado em uma pessoa. Mas isso é uma ilusão de ótica. É como os mágicos fazem: você olha para o outro lado, não presta atenção na prestidigitação que ele está fazendo com as mãos. Não podemos cair nesta história.
Isso não significa defender o que aconteceu em 11 de setembro de 2001, que foi um ato terrível e ofendeu a humanidade. Não significa negar o direito da população americana de buscar os culpados. Mas defender a forma como isso foi feito será dar aos Estados Unidos a possibilidade de amanhã entrar em qualquer uma de nossas casas e dizer: ‘olha, imaginei que aqui houvesse um terrorista e andei metralhando’. É muito grave o que aconteceu. Ou seja, não há motivo para comemoração.

domingo, 1 de maio de 2011

Dinastia Imperial Brasileira

A família imperial brasileira teve sua origem na família real portuguesa, descendendo diretamente da Casa de Bragança, em comunhão com as casas de Habsburgo e Bourbon. Foi a soberana do Império do Brasil desde a sua fundação em 1822 até 1889 quando foi proclamada a república brasileira.
Com o casamento de D. Isabel do Brasil (a herdeira de Dom Pedro II, o último imperador do Brasil) com o príncipe Gastão de Orléans, conde d'Eu em 1864, a Casa Imperial associa-se à Casa de Orléans, iniciando o atual ramo dinástico do Brasil, embora este nunca tenha imperado: os Orléans e Bragança (ou Orleans e Bragança), denominação oficial até hoje da dinastia brasileira.

Esqueça o verde das matas e o amarelo do ouro. A origem do verde na bandeira brasileira era representar a Casa de Bragança e o amarelo representa a Casa de Habsburgo, a qual pertencia a Imperatriz Leopoldina da Austria.

Linhagem Hereditária Direta
D Maria I (Lisboa, 17 de Dezembro de 1734 — morreu no Rio de Janeiro em 20 de Março de 1816 - Rainha de 1777 a 1816)
D João VI (Lisboa, 13 de maio de 1767 — Lisboa, 10 de março de 1826) - Rei de 1816 a 1822
D Pedro I (Queluz, 12 de outubro de 1798 — Queluz, 24 de setembro de 1834) - Imperador de 1822 a 1831
D Pedro II (Rio de Janeiro, 2 de dezembro de 1825 — Paris, 5 de dezembro de 1891) - Imperador de facto de 1831 a 1889, e de jure até 1891
D Isabel (D Isabel I de jure) (Rio de Janeiro, 29 de julho de 1846 — Eu, França, 14 de novembro de 1921) Imperatriz de jure de 1891 a 1921
D Pedro de Alcantara (D Pedro III de jure) - (Petrópolis, 15 de outubro de 1875 – Petrópolis, 29 de janeiro de 1940) Imperador de jure de 1921 a 1940
D Pedro Gastão (D Pedro IV de jure) - (Eu, França, 19 de fevereiro de 1913 — Andalucia, Espanha, 27 de dezembro de 2007) Imperador de jure de 1940 a 2007
D Pedro Carlos (D Pedro V de jure) - (31 de outubro de 1945) Imperador de jure de 2007 a hoje
D Pedro Thiago (D Pedro VI de jure) - (12 de janeiro de 1978) Herdeiro da Coroa Imperial

Linhagem do Príncipe João
Com a desistencia de Sua Alteza Pedro Carlos, que se declarou "cidadão republicano". O trono poderia ser assumido (caso ratificação pelo parlamento) pelo seu primo D João.
D João (D João II)
D Philipe (D Filipe I)

D Maria I

D João VI
D Pedro I e Leopoldina da Austria
D Pedro II
D Isabel
D Pedro de Alcantara e D Elizabeth
D Pedro Gastão e D Teresa
D Pedro Gastão, D Pedro Carlos e D Pedro Thiago
D João
D João
D Philipe