segunda-feira, 29 de março de 2010

Lei de Gerson



Uma propaganda, de 1976, para os cigarros Vila Rica, na qual o meia armador Gérson da Seleção Brasileira de Futebol era o protagonista dizia que esta marca de cigarro era vantajosa por ser melhor e mais barata que as outras, e Gérson dizia no final:
"Gosto de levar vantagem em tudo, certo? Leve vantagem você também."
Mais tarde, o jogador anunciou o arrependimento de ter associado sua imagem ao reclame, visto que qualquer comportamento pouco ético foi sendo aliado ao seu nome nas expressões Síndrome de Gérson ou Lei de Gérson.
Associa-se a valorização e a mitificação desta "lei" ao conceito de malandragem.
Na obra "Carnavais, Malandros e Heróis", o sociólogo Roberto Da Matta, tentou justificar a malandragem a descrevendo como uma ferramenta de justiça individual. Perante a força das instituições necessariamente opressoras, o indivíduo "malandro" sobrevive manipulando pessoas, enganando autoridades e driblando e se locupletando das leis, e dessa forma a garantir seu sustento.

Questões:
- O CDC facilita a Lei de Gerson?
- Um Juiz sabe distinguir, quando um consumidor é realmente lesado, e quando é "Gersista" ?
- Ou os juizes identificam a malandragem mas se omitem, patrocinando-a, porque isso convém ao sistema judiciário ?

MENTALIDADE DO GERSON
Meu nome é Gerson. Vou te processar por danos morais devido a esta exposição do meu nome.

As empresas tem dinheiro. Sempre que possivel, devemos processar.

A minha moral é muito sensivel e passivel de indenizações. É um favor quando me ofendem ou me prejudicam. Podem me ajudar a encher minha conta bancária.

Antigamente, só ganhávamos indenização por acidentes, danos, ou demissão sem justa causa. Hoje com nosso amigo CDC, posso fazer uma compra barata e ainda receber uma boa indenização.

Logo que entro em uma loja ou empresa, já penso na forma que vão me prejudicar para que eu processe. Brabo é quando as empresa não erram e não dão motivos para processar.

Quando fico sabendo que uma empresa que lesa seus clientes, faço questão de contratar seus serviços, para entrar na lista dos prejudicados e receber a merecida indenização. Tenho um amigo advogado que sempre pegar as minhas causas.

Meus pedidos sempre são deferidos. Sou o consumidor. Sou a parte mais fraca. A justiça me patrocina.

Chagall


Fazendo parte das comemorações do evento "O Ano da França do Brasil", entre os dia 16 de outubro a 6 de dezembro de 2009, o Museu nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro (RJ), sediou "O Sonho e a Vida de Marc Chagall", a maior exposição do artista bielo-russo já realizada no Brasil, com mais de 300 obras entre pinturas, guaches e gravuras
O grande destaque da mostra são três séries completas de desenhos, produzidos a partir de diferentes técnicas: "La Bible", com 105 águas-fortes, "Daphnis et Chloé", com 42 litografias, e "Les âmes mortes", com 107 gravuras.







A célebre série "La Bible" ("A Bíblia"), na qual Chagall trabalhou entre 1931 e 1939, traz histórias do Velho Testamento, como a saída dos judeus do Egito e a construção da arca de Noé, e retratos de seus personagens mais marcantes, como os três patriarcas e os reis Salomão, David e Saul.



Já "Daphnis et Chloé" ("Daphne e Chloé") é uma interpretação delicada e colorida da fábula pastoral grega escrita no século II pelo poeta Longus. Para produzir as litografias, em meados da década de 50, Chagall viajou duas vezes à Grécia em busca de inspiração.




Em "Les âmes mortes" ("As almas mortas"), Chagall ilustra em preto e branco o romance homônimo de Nicolai Gogol, ambientado na Rússia czarista com a qual o pintor, nascido na então Bielorrússia, tinha bastante familiaridade.

Também poderão ser vistas 100 guaches e gravuras em metal da série que Chagall fez para ilustrar as fábulas de La Fontaine, produzida entre 1926 e 1927. Assim como a maioria das obras expostas, este conjunto foi encomendado pelo galerista Ambroise Vollard, que se tornou notório no mundo das artes por revelar nomes como Pablo Picasso, Henri Matisse, Paul Cezánne e Vincent Van Gogh.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Contra a Covardia Federativa



Com ou sem o argumento das Olimpíadas, a proposta de divisão do dinheiro do petróleo é injusta para o Rio de Janeiro. Temos que olhar as origens. Tudo isso foi criado, a participação especial foi criada, o royalty aumentou porque o petróleo tem um sistema de tributação diferente.

O secretário de Fazenda do Rio de Janeiro, Joaquim Levy disse o seguinte: se o petróleo pudesse cobrar ICMS (que é o principal imposto estadual) na origem, como todos os outros produtos, o carro de São Paulo, o leite do Rio Grande do Sul, o Rio de Janeiro recolheria R$ 7,5 bilhões. Mas não pode cobrar. O imposto sai do consumidor. Mas o Rio foi impedido por emenda na constituinte de 88 proposta pelo então deputado federal e atual governador paulista José Serra de tributar o ICMS do petróleo.

Da maneira como está, todos os estados se beneficiram do petróleo e da circulação dos derivados de petróleo, porque é cobrado no estado consumidor. São Paulo, o maior consumidor dos derivados de petróleo, é o que mais ganha com isso.

A emenda Ibsen é demagógica. Diz que o Piauí, que estava excluído, vai ganhar. Ninguém estava excluído, porque todos os estados podem cobrar ICMS no consumo do petróleo e o Rio de Janeiro não pode cobrar na origem, como em todos os outros produtos.

Fora isso, há quebra de contrato, há muita coisa errada nessa emenda, que cria uma crise federativa. E criou-se, assim, um conflito federativo esquisito, porque está todo mundo contra o Rio de Janeiro. Há quantos anos não tínhamos uma crise federativa? E, hoje, vai ter passeata na rua contra quem? Contra o Brasil?

A reação do deputado Ibsen Pinheiro, ao propôr o perfume no bode, é deixar a conta para a União. Ela passaria a ressarcir os estados, mas isso cria nova confusão. Tirar da União é também, indiretamente, tirar dos estados, porque ela repassa recursos. Há compromissos de gastos para esse dinheiro dos royalties do petróleo para a preparação das Olimpíadas de 2016.

Isso tudo é uma irresponsabilidade muito grande dos senadores. O Rio concentra 85% do petróleo. E vamos imaginar se não fosse assim. Em 2008, quando ele foi a US$ 146, o que teria sido do Brasil? O petróleo que é explorado no estado beneficia o país como um todo, porque deixa de importar e, portanto, tem pressão menor na sua balança comercial.

O Brasil deve conversar sobre isso até se chegar a uma solução que deixe todo mundo convencido. O que não pode é um deputado decidir fazer uma emenda demagógica, oportunista e manipuladora, porque vira para 24 estados que não recebem royalties e oferece esses recursos. E ficam dois contra 24. Não é com o peso da superioridade númerica que se faz uma Federação, mas com o da argumentação justa.

O que querem dizer é que a maioria pode sempre suprimir ou restringir um direito da minoria pelo simples fato de ser titular de mais votos. Afirmações desse tipo são a negação do princípio do estado democrático de direito, que é o fundamento de toda a nossa organização político-social, e fazem lembrar momentos tristes da história, como as leis promulgadas na Alemanha nazista que eliminavam ou restringiam garantias individuais de minorias (judeus, ciganos, negros, homossexuais, etc), apesar da regra constitucional que as garantia para todos, porque tais leis foram votadas por maioria que permitia romper o princípio constitucional.

O direito que os Estados produtores têm de obter compensação econômica pela riqueza extraída nos seus territórios está previsto na Constituição porque se constitui em um verdadeiro "direito natural" desses Estados no sistema federativo. Ele não pode ser suprimido, nem diminuído ao ponto de lhe tirar a efetividade, porque é inadmissível que uma unidade da Federação disponha de uma riqueza natural e não tire dela nenhum proveito econômico, já que os Estados produtores não recebem o ICMS sobre o petróleo, uma vez que a Constituição prevê que, ao contrário de todos os outros produtos, o pagamento do tributo se dá no seu destino, e não na sua origem.

Além de por lei ordinária tentar suprimir o direito natural à compensação pela exploração de uma riqueza no território dos Estados produtores, garantido pela Constituição, os defensores da tese de que a maioria pode tudo ainda querem violar uma outra regra sagrada do direito constitucional moderno: a do direito adquirido e do ato jurídico perfeito. Querem mudar as regras do jogo que já foi iniciado, ao aprovarem na Câmara a mudança dos critérios de distribuição de royalties para os campos de produção já licitados e cujo direito à compensação já integra o patrimônio dos Estados onde se localizam. É assombroso.

Os defensores dessas propostas acham que com isso passam a imagem de que brigam por mais recursos para os seus Estados e Municípios. Na verdade, para tentar obter uma pequena vantagem, violam princípios caros à democracia brasileira, abrem um precedente que pode ser utilizado contra outras unidades da Federação em relação a interesses que lhes sejam peculiares, levam à falência um Estado fundamental para o Brasil como o Rio de Janeiro e dão início a uma guerra federativa no campo tributário que trará prejuízos a todo o Brasil.

Fazem tudo isso por pouco dinheiro, porque, por maior que seja o valor que se pretende suprimir dos Estados produtores, ele sempre será dividido por 27, tornando-se assim uma grande perda para o Estado onde o petróleo é produzido e um pequeno ganho para os demais.

Essa decisão da Câmara trilhou os caminhos da ausência de reflexão de muitos e da insensatez e do oportunismo político de alguns poucos. Ela contraria o atual momento virtuoso por que passa o Brasil, de crescimento econômico e social, com plena vigência da democracia e respeito às regras constitucionais, que foi alcançado após muita luta e sacrifício por todos os brasileiros. Os deputados e senadores ainda têm uma grande oportunidade de evitar o início do fim da federação brasileira.
REGIS FICHTNER é secretário-chefe da Casa Civil do governo do Estado do Rio de Janeiro.

terça-feira, 16 de março de 2010

Citroterapia - Cura do Limão



Uma das frutas mais disponíveis em todo o planeta e, muito versátil nas formas de preparo e consumo, sempre é possível integrar o limão na alimentação diária.
Os principais minerais presentes nas diferentes partes do limão são: sílica, cálcio, ferro, manganês e cobre.
O Limão por ser rico também em vitaminas B1, B2 e B3, é um alimento recomendado na prevenção de doenças do sistema nervoso.
Cerca de 7% do suco do limão é composto por ácidos: cítrico + ascórbico (vitamina C). Tal fato explica porque o limão ganhou a reputação secular de prevenir o escorbuto. Tais ácidos do limão interferem também no bom funcionamento das glândulas endócrinas e evita hemorragias, tão comum em diabéticos e pessoas da terceira idade.
Ao mesmo tempo, o limão é um anticoagulante natural. Mas, exatamente por seu poder regulador (anti-hemorrágico <-> anti-coagulante) apresenta-se superior a muitas drogas farmacêuticas.
O limão, por sua riqueza em sais minerais e em ácido cítrico, tem a propriedade de manter as células jovens, oxigenadas (Ciclo de Krebs) e ativas (eletroquímica e eletromagnetismo).
Devido ao seu teor de vitamina PP (niacina - componente de coenzimas relacionadas às enzimas respiratórias e vasodilatadoras), o limão é um alimento recomendado na prevenção de problemas cardiovasculares (protetor arterial).
O consumo diário do limão é muito recomendado para uma gravidez feliz. Também na prevenção e tratamento de doenças infecciosas e do câncer.
O limão é reconhecido milenarmente como um antibiótico e anti-séptico intestinal. Tomado em jejum e de forma diluída, esta ‘limonada’ cicatriza os tecidos intestinais e destrói putrefação. Na Índia, o suco de limão é a bebida sagrada do desjejum matinal, agindo como agente de purificação, regulação e antídoto de envenenamento ou intoxicação.
Com ação de laxante suave, é ideal para regular os intestinos, esteja ele solto ou constipado. E ainda, com seu poder adstringente, reduz a formação dos gases intestinais. Desta forma, evita o inchaço do estômago e dos intestinos. É indicado também como coadjuvante no tratamento de retrocolites e síndromes dos intestinos (SII, Doença de Chron etc.).
Rico em enzimas e sais minerais, depois de uma refeição pesada é recomendado que se tome suco fresco de limão diluído num chá digestivo ou água morna (não deixe que o calor destrua as enzimas do limão) para acelerar o fogo da digestão e a desintoxicação. O consumo regular e correto do limão irá facilitar a liberação dos excessos de gordura corporal, assim como evitar a formação de tais depósitos.
O limão neutraliza e ajuda na expulsão de toxinas. Com esta ação desintoxicante e digestiva, é indicado também para estimular todos os sistemas cardiovascular e respiratório. Integrado a sua de purificação ocorre uma redução da viscosidade do sangue de pessoas hipertensas ou com históricos de colesterol e/ou triglicérides elevados. Portanto, o limão é um hipotensor natural.
Recomendado na prevenção e tratamento de disfunções hepáticas e pancreáticas, o limão é um poderoso protetor e depurador hepático. Seu consumo diário é indicado em casos de esteatose (fígado gorduroso). O limão também tem uma função reguladora sobre o pâncreas, portanto recomendado na prevenção e históricos de diabetes.
Recomendado na prevenção e tratamento de disfunções do trato urinário, pois o limão é um dos melhores diuréticos que existem. O consumo diário de limão evita a formação de cálculos (renais e vesicais), como também de aglomerados de células como cistos e tumores. Saiba mais aqui
Em países tropicais o limão pode ser usado na prevenção eficaz contra a malária. Para tanto o indicado é a Terapia Intensiva do Limão (19 dias), mais eficaz ainda se a ‘limonada’ é misturada com água de barro. Sucos e limonadas são refrescantes e pode ser coadjuvantes na redução de febres em geral. Ou seja, o limão tem propriedades de refrescar e reduzir a temperatura corporal. Lembre das limonadas no verão!
O óleo essencial (OE) de limão contém substâncias químicas (monoterpenos), entre elas o d-limoneno, que agem como um quimioterápico natural, prevenindo e impedindo o desenvolvimento do câncer.

Terapia Intensiva do Limão
Também conhecida como Citroterapia ou Cura do Limão, pode ajudar em vários aspectos do psico-emocional como: parar de fumar, melhorar a lucidez e disposição mental, melhorar as habilidades de inteligência, favorecendo-lhe uma boa memória. Melhor sono, portanto disposição e bom-humor matinal. Pesadelos e insônia podem ser resolvidos com esta terapia da Cura do Limão.

O tratamento mais conhecido e divulgado na literatura sobre o limão é a Terapia Intensiva de 19 dias, que começa pela ingestão do suco de um limão no primeiro dia e vai aumentando-se a dose diária com 1 limão, ao longo de dez dias sucessivos, até perfazer o total de 10 limões no décimo dia. No décimo primeiro dia decrescem as doses em igual proporção, reduzindo 1 limão a cada dia, até que no décimo nono dia a ingestão é o suco de apenas 1 limão.

No total destes 19 dias de tratamento serão consumidos 100 limões. Por este motivo há que ter absoluto cuidado com a perfeita higiene (limões muito bem lavados) e a maturidade dos limões. Limões que não estão bem maduros podem causar alergias e limões maduros demais já não são tão terapêuticos. Limões maduros apresentam suculência, casca brilhante, fina e macia, além de cabinho (ou a estrela que o prendia à árvore) que se soltam com um leve toque.

O mágico deste tratamento, que foi criado para tratar pessoas com ácido úrico e artrite, é a cumplicidade para fortalecer o organismo. Os antibióticos vão deprimindo o sistema imunológico, pois fazem pelo organismo o que ele mesmo deveria fazer. Já a Terapia Intensiva - que é preventiva - vai do primeiro ao décimo dia, limpando e alcalinizando o organismo. Ou seja, vai arrumando a casa. Colocando tudo nos seus lugares. Depois do dia 11 ao 19, esta terapia vai permitindo e lembrando ao organismo da sua função autônoma. Ou seja: é o organismo sano que irá lidar com todos os desafios da vida.

O limão quando consumido de forma errada, como qualquer remédio, pode causar desmineralização e até anemia. Neste caso, volte para o seu consumo correto e saudável, ou seja, sempre acompanhado de frutas, folhas verdes, legumes, feijões, raízes e sementes. Saiba mais aqui.

Alam Moore


1981. Ronald Reagan torna-se presidente norte-americano por dois mandatos consecutivos, consolidando um retorno às políticas do capitalismo tradicional pelo neo-liberalismo e acabando com as disparidades econômicas entre os EUA e a URSS pela queda do Muro de Berlim e a abertura comercial das nações socialistas. Um presidente que aliou reconciliação com conservadorismo, conquistando e consolidando seu eleitorado. Dois anos antes, em 1979, Margaret Thatcher assume o cargo de primeira-ministra britânica, diminuindo a atuação política trabalhista na Inglaterra e, junto com seus parceiros americanos, fortalecendo o poder do mercado sem regulagem do Estado pelo mundo.

Entre 1982 e 1983, o roteirista Alan Moore dá vida aos quadrinhos de V for Vendetta, ambientado em uma Inglaterra opressora. Entre 86 e 87, nasce a liga de super-heróis Watchmen, que é uma paródia dos mascarados norte-americanos durante a Guerra Fria, especialmente nos Estados Unidos. Ambos os desenhos, além de integrarem obras importantes do século XX, mostram uma clara crítica de Moore, um escritor polêmico por suas crenças no obscuro e na bruxaria, aos regimes vigentes e ao conservadorismo no geral.



O herói V é um anarquista que luta contra uma Inglaterra dominada por um ditador, Adam, muito semelhante ao poder popular de Tatcher. Os super-heróis de Watchmen não possuem poderes especiais, exceto um homem de pele azulada e brilhante chamado Dr. Manhattan, que sobreviveu a experimentos nucleares e pode desintegrar, integrar e manipular todo o tipo de matéria, sendo praticamente um deus do mundo físico. Outros personagens, como o Comediante e a Espectral, refletem a natureza decadente de heróis afetados por uma sociedade que não os aceita, mais próxima da realidade, se um super-homem existisse.

Moore conviveu com Tatcher e Reagan e, ao contrário deles, teceu uma realidade crítica do fim da Guerra Fria e dos mundo real que vivemos, mesmo através de desenhos. Transformou mitos norte-americanos dos anos 50 e 60, como super-heróis, em espelhos de uma realidade suja das ruas oprimida por políticos que não estão em contato com o cotidiano comum. Seja pelo poder estatal ou das corporações em mercados livres, Alan Moore criou novos mitos críticos no último século que passou. Portanto, mesmo que você não concorde com o anarquismo de V, ou com os heróis comuns de Watchmen, é recomendável ver seus quadrinhos neste começo de século.

Lançado em 2006, a adaptação cinematográfica de V for Vendetta adaptou toda a mensagem anti-fascista em uma história mais contemporânea, envolvendo caça ao terrorismo dentro da trama original, além da poesia e dos dotes artísticos do protagonista. O filme transformou-se em uma interpretação fiel de quadrinhos. A mensagem de que V pretendia tornar a explosão do parlamento inglês um símbolo de sua rebeldia contra o governo e um exemplo para sua população alienada é mantido, revivendo os ideais de Guy Fawkes no século XVII.


Em Watchmen, na adaptação aos cinemas de 2009, o plano de unificação na Guerra Fria é transformado em várias bombas nucleares explodindo em diferentes locais do globo, e não um ataque alien, como no gibi, tirando um pouco da surpresa original. Mas todos os personagens característicos de Moore estão presentes, mantendo sua criatividade como autor do conservadorismo social, estampado em seus heróis errantes.

Apesar de rejeitar as versões cinematográficas de suas obras, Moore é um autor que deve ser reaproveitado em tempos de Barack Obama na presidência, com esperanças que o mundo aguarda de um novo Estado americano. Esses novos mitos na verdade não diferem do mundo pessimista de Alan Moore, que possui sim retratos ideais, mas que estão distorcidos pela realidade em que vivem, não sendo pura fantasia e mantendo sua conexão com a crítica, sempre válida socialmente e individualmente.
http://www.boladafoca.com/



sábado, 6 de março de 2010

Nietzsche e a Moral


A moral para Nietzsche é uma invenção dos fracos, que inverteram o sentido de bom e virtuoso para favorecer o ascético, o que nega o corpo em favor da alma, e que portanto nega a vida. Nietzsche é favorável aos homens guerreiros, fortes, que com apenas uma inflexão afastam de si todas as culpas anteriores e toda a mesquinhez moral.

Nietzsche negava qualquer fundamentação metafísica da moral. A moral é uma criação humana, imposta pelo "Dragão dos valores", aquele que diz "Tu deves" quando o indivíduo diz "Eu quero".

Nietzche constata que toda cultura de sua época - na verdade, da história ocidental - está investida de uma determinada moralidade e de uma determinada concepção filosófica sobre a realidade. Observa que ambas nos induzem a considerar a própria existência como uma imperfeição, como algo de que devemos descartar.

A moralidade aparece a nós de uma forma tão impositiva que criticá-la parece desrespeito. A moral, "Circe dos filósofos", não se apresenta apenas como incontestável . Ela seduz, ora atemorizando( o desaparecimento de uma determinada moral leva à insegurança e à anarquia, ameaçando a estabilidade do ser humano), ora promtendo ( promessa de vida melhor, e até mesmo, de uma vida perfeita). Sê moral e serás melhor, serás feliz!

Segundo Nietzche, uma combinação de promessa, ameaça, imposição e valorização da moral nos tem impedido de formular as perguntas que realmente nos interessam. Além disso, a ignorância a respeito da origem da moral torna ainda mais difícil formular certas questões.

Já que a moral não tem uma raiz transcendente e nossos juízos sobre o certo e errado expressam necessidades da nossa vida pulsional e instintiva, Nietzche reexamina nosso sistema de juízos e categorias morais. Concluindo que os tipos de forças que estão cristalizadas nas categorias morais, são aquelas que, ao invés de promover a afirmação da vida, sustentam sua negação. Portanto, Nietzche pretende a criação de uma nova tábua de valores morais, de acordo com a nossa condiçao natural e finitude.

O filósofo matador de Deus, transmutador dos valores e profeta do super homem, não apenas idealizou, mas de certa forma concebeu a priori o que seria a sociedade contemporânea, um século após a sua morte, pois como o mesmo afirmou, "sou um filósofo póstumo". Portanto, se ainda cem anos depois, ainda comparecem aqueles que não são nada mais que rebanho para criticá-lo, então voltemos no tempo e quebremos nossos grilhões. A verdade veio a tona, o mundo não acabou, criso não veio, deus não salvou os pobres, o anarquista se projeta socialmente melhor que o legalista ou moralista, e assim por diante.

os espíritos livres, diversamente, os filósofos do futuro, soltam gargalhadas a palavra que chamam "moral" e dançam feito Dionísio, ou seja afirmando a jovialidade e a vida, e não a velhice e a morte. Eis o cabresto do povo, este chamam de moral.

Cineasta : Gaspar Noé


Dentre todos os diretores, nenhum parece ter sido capaz de superar o franco-argentino Gaspar Noé na expressão de um clima introspectivo, pessimista, cínico, desolador ou carregado de ódio.
Todo mundo que goste de filmes já ouviu o nome de Gaspar Noé associado à cena de estupro mais polêmica de todo o cinema. Ele é o responsável pelos aproximados oito minutos constrangedores em que Alex, personagem de Mônica Belucci, é estuprada e espancada em uma passagem subterrânea, na Paris de “Irreversível”. A cena supostamente tem a mesma duração que teve a violação da personagem; por ironia e diferente da estética visual que caracteriza o filme: câmera “bêbada” que mal pode parar de girar causando vertigem no espectador e iluminação baixa ou tendendo para o vermelho, nesta cena existe ótima luz e a câmera repousa despudoradamente no chão, bem em frente onde todo o ato ocorre, filmando tudo sem qualquer vestígio de pudor. Mas eu não acho o Noé cruel por causa desta cena. Tampouco pelo modo vertiginoso com que optou filmar este filme, que o deixa, sem dúvida, difícil; mas essa dificuldade não coincide com o motivo que me leva a considerar Noé um diretor cruel. A coisa dele pra mim não é visual, mas filosófica. Ele é extremamente pessimista e sua crueldade emana de sua filosofia. E ele faz questão de deixá-la gritar bem na apresentação, como se dissesse: “Prazer em conhecê-lo! Sou o Noé e sou um pouco pior do que o Cioran!” Para tanto, letras imensas surgem na tela durante “Irreversível”, sentenciando: “O tempo destrói tudo”.
Porém, o filme que melhor representa a crueldade filosófica de Noé é “Sozinho contra todos” (I stand alone, em inglês). Não encontrei outro que pudesse se comparar em pessimismo. O açougueiro, protagonista do filme, e que tem o início de sua história narrado no antecessor “Carne”, é um sujeito com uma lucidez seca e anti-dramática, e com uma carga tão alta de agressividade que só podemos pensar que irá explodir a qualquer momento. O filme é quase um monólogo da filosofia do Noé recitada pela boca de seu cruel açougueiro. Ele não poupa o espectador de pensar sobre coisas embaraçosas, como a terrível falta de conexão entre as pessoas. “Por que, afinal, os filhos mostram amor pelos pais?”, “Pode um pai ser amante de sua filha?”, “O único sentido da vida é foder”, lamenta o açougueiro considerando-se numa fase em que a realização do sexo é cada vez mais difícil. Estes são os pensamentos centrais desse filme indigesto. Aumentam a indigestão o hiper-realismo usado pelo autor, inclusive apresentando lugares decadentes e sujos de uma Paris incomum, particularmente o quarto miserável que o açougueiro aluga e a magistral atuação de Philippe Nahon como o açougueiro. Quem se dispor a refletir sobre a solidão e a miséria humanas conforme a mente de um ácido pessimista, sugiro assistir aos três filmes, na ordem em que foram feitos: “Carne”, “Sozinho contra todos” e “Irreversível” Por que o diretor é cruel: por sua filosofia extremamente pessimista.
texto parcial extraido do blog Cioranismos: http://cioranismos.blogspot.com/




A Montanha Mágica - Thomas Mann


Um bosque oculto, a liberdade de não ler, uma coisa chamada A montanha mágica, e de que modo um grande debate consegue prenunciar o Horror. Em seguida, um duelo a pistola; em seguida, o surpreendente desfecho; em seguida, a Europa em cacos.

Isto não passa do espanto de um leitor que deseja compartilhar com outros um momento de felicidade narrativa. É o que em geral acontece quando se lê uma coisa que depois fica esquecida na lembrança, embora grudada e guardada nalgum canto da cabeça: o tempo passa, e sempre que se ouve falar daquilo que se leu, a coisa guardada mostra a sua cara. Esta semana mostraram-me as suas caras um bosque oculto, longe alguns quilômetros do sanatório Berghof, cenário principal e quase único de uma coisa escrita pelo Thomas Mann e chamada por ele A montanha mágica, e também, a tomar lugar no tal bosque oculto, um duelo entre dois homens, um duelo com pistola, talvez um dos mais inusitados e inesquecíveis duelos com que a literatura já desafiou os seus leitores.

Como a vontade de assuntar o duelo e contar o que sucedeu é bastante maior do que a consideração que se deveria ter por aqueles que ainda não leram mas pretendem ler ou por aqueles que estão lendo e desejam continuar a ler a festa literária que é A montanha mágica, fica aqui reafirmado o óbvio: a liberdade que tem o leitor de fugir para bem longe; o direito que tem o leitor de não ler o que está lendo agora. Dou a sugestão, por outro lado, como quem dá de ombros, talvez por não acreditar que alguma festa efetivamente se estrague quando são antecipados momentos importantes de romances que estão pelo meio — à exceção dos policiais, sim, mas não é este o caso.

O caso, aqui, é outro. A montanha mágica, romance publicado em 1924, aponta para uma Europa imediatamente anterior à explosão da Primeira Guerra; uma Europa que pode ser representada em parte, em sua parte mais fina e chique, pelo seleto grupo dos personagens que vivem hospedados nas elevadas regiões de Davos, nos Alpes suíços, entre os limites bastante amplos da propriedade pertencente ao sanatório Berghof, para tuberculosos. Toda a ação do livro se concentra nestas elevações, e estas elevações não permanecem soberanas e onipresentes, por quase todo o romance, à toa; estão ali para servir de contraste à vida burguesa e frívola da planície; para servir de contraste à perfídia dos momentos finais da história — momentos finais que esmagam e engolem, literalmente, o protagonista, Hans Castorp, jovem engenheiro de Hamburgo. Castorp vai para Berghof visitar o seu primo Joachim, pretendendo permanecer no sanatório, como visita, não mais que três semanas. Permanece sete anos.

Sete anos nas alturas permanece o jovem Hans Castorp, que, protagonista que é de um romance tido como exemplo eloqüente da categoria dos Bildungsroman, ou romance de formação, cresce e também se eleva como personagem, ganhando conhecimento de si e do mundo que o envolve. Acompanhamos o desenvolvimento não só da doença que Hans Castorp descobre oculta em seu peito mas também de suas aptidões filosóficas e morais, de seus gostos e devaneios literários e, principalmente, de sua inabalável vontade de aprender com quem sabia e podia lhe ensinar. Chegamos aí, não ao seu primo Joachim, tenente enfermiço e embrutecido pela tuberculose galopante, homem de alcances encurtados e unicamente absorvido pelas singelezas concretas da vida quotidiana e por sua aptidão para a obediência militar, mas a dois outros homens, também habitantes do elevado sanatório Berghof e suas redondezas: Lodovico Settembrini, que já lá estava quando chega Castorp, e o novato Leo Naphta, que surge mais tarde, pelo meio do livro, sendo apresentado formalmente ao leitor na página 415. Em suas mãos e sobre as palavras que trocam entre si estes dois homens é que se desenvolve o debate intelectual que constitui o centro nervoso desta coisa explosiva chamada A montanha mágica.

E o que é que tanto debatem Settembrini e Naphta? Estamos diante de dois homens informados, cultos e magistralmente versados na arte do parlatório, ou, dito de outro modo, duas criaturas de incorrigível espírito discursivo. O primeiro, um humanista, racionalista, classicista, escritor e biógrafo; o segundo, professor de línguas antigas, pequeno, magro, feio como o diabo, mas de uns olhos cinza-claros e de uma elegância no vestir que deixavam em desvantagem o alto e desengonçado Settembrini. É descabida a tentativa de se resumir um décimo que seja das querelas acadêmico-filosófico-religiosas havidas entre Lodovico Settembrini e Leo Naphta - cuja discussão, entre os vai-e-vens do quotidiano um pouco abestalhado do sanatório Berghof, dura quinhentas páginas compostas com intercalações de alguma ação. É descabida, sim, mas tentadora para um incauto resumidor. Eis então um resumo dos assuntos sobre os quais viviam discutindo o Settembrini e o Naphta. Tomemos água, e tomemos fôlego. Serão dez rounds a preceder o duelo final.

1. Settembrini abomina o sedentarismo que impera inoperante naquele sanatório, abomina a imobilidade, o ócio e a contemplação desinteressada do devir; elogia o trabalho, a razão e o empreendedorismo da espécie humana. Naphta torce a boca e cita uma espécie de hierarquia da perfeição, cujo ponto mais baixo é o moinho, ou seja, o local de trabalho, e o ponto mais elevado, o leito do repouso e mesmo a doença, que tem o condão de levar o homem ao encontro de si mesmo.

2. Settembrini ri, nervoso e horrorizado; Naphta lembra-o de que é na cama que se dá a contemplação isolativa do homem em sua união com Deus; é na cama que têm lugar os grandes arrependimentos e tomadas de consciência, porque é através da doença, que na cama ganha vulto, que o homem se torna mais humano. Ser homem, diz Naphta, é ser doente, porque o simples fato de estar doente é o que o torna homem. O homem destaca-se da natureza, e o que o distingue dela é uma coisa chamada Espírito. E é no Espírito que se baseia a dignidade do homem.

3. Settembrini, de olhos arregalados, acusa Naphta de praticar uma hierarquia orientalóide, que condena toda a atividade e apregoa o ócio e mesmo a enfermidade do corpo. É com estes argumentos, pergunta-lhe Settembrini, que espera convencer os jovens a se deixarem conduzir pelo espírito e nele depositarem a fé? É assim, declarando que a doença e a morte são nobres, ao passo que a saúde e a vida, aviltantes, que espera servir à humanidade? E se todos cessassem de agir?, pergunta-lhe o italiano, pasmado. Haveria no mundo a mais perfeita calma, sim, é verdade, mas também não haveria mais nada.

4. E a mística ocidental?, pergunta-lhe Naphta, de supetão. Que mística ocidental, professor? Ora, a mística ocidental, segundo a qual toda ação representa um erro, já que a tentação de agir ofende a Deus, que é o Único que deve, na Sua perfeição, agir. Não, não, meu caro Settembrini, continua Naphta. A possibilidade da salvação espiritual através do repouso e da não-ação é uma possibilidade que está diluída entre todos os homens, não só entre os orientais.

5. Settembrini dá dois pulinhos no chão e lembra que cabem ao homem ocidental a razão, a análise, a ação e o progresso, e não a cama, onde se espreguiça o monge. Já que o senhor falou no monge, interrompe Naphta, recordo-lhe que é ao monge que se deve a cultura do solo europeu, sem a qual Itália, França e Alemanha não passariam de um grande brejo fedorento e cheio de moscas. Se houve na nossa história trabalhadores dignos desse nome, eles foram os monges, complementa Naphta, inflando disfarçadamente o peito.

6. E diz Settembrini, de enfiada, que o professor não estava fazendo mais nada senão concordar com os valores e a necessidade do trabalho. E era mesmo o que Naphta queria ouvir, porque logo em seguida disse que o trabalho do monge não tinha finalidade senão em si mesmo, ou seja, não era uma válvula de escape e nem mesmo uma maneira de enriquecimento material ou de mecanismo para a eclosão do progresso no mundo. Era, prosseguiu Naphta, com orgulho, um exercício ascético, uma forma de salvação, um escudo contra as demandas da carne e da sensualidade.

7. Deste ponto acabaram caindo inevitavelmente na figura do militar, que, para Settembrini, se revelava insustentável do ponto de vista espiritual, já que é, diz ele, meramente formal, sem conteúdo, já que se alista em suas fileiras tanto por uma causa quanto por outra. Vamos enobrecer o soldado, sim, provoca ainda o italiano, quando soubermos por qual causa ele realmente se bate. Não, diz, Naphta, o simples fato de que se bate por algo é o que o torna nobre, muito mais nobre do que a concepção positiva e pragmática que tem o burguês, não só da vida, mas das ciências e do Universo.

8. O italiano empertigou-se. O que há de errado com as ciências e o Universo, senhor Naphta? Estão, por acaso, equivocados? Naphta riu, e chocou Settembrini, deixando-o de queixo caído, com a exposição da sua idéia de que o Século das Luzes e a nova astronomia não fizeram mais do que destruir o magnífico cenário onde Deus e o Diabo disputavam a posse da criatura humana, por ambos almejada. Esse cenário, prosseguiu Naphta, rindo com seriedade, acabou sendo transformado num insignificante, obscuro e passageiro planetazinho chamado Terra. Esta é a história do fim da grandiosidade do homem no Universo.

9. O senhor, pelos vistos, disse-lhe Settembrini, com as mão na cabeça, insiste mesmo em sua condição de jesuíta tardio, não? E a ciência, e a teoria heliocêntrica, senhor Leo Naphta? O senhor está defendendo aqui uma espécie de retorno do geocentrismo? Isto é quase humor! E o conhecimento puro, onde fica? O progresso? A tecnologia? Dessa vez foi Naphta que colocou as mãos na cabeça. Conhecimento puro?! O senhor está falando de conhecimento puro? Meu caro Settembrini, quanta ingenuidade! Recordo para o senhor as palavras de Santo Agostinho: “Creio, para que possa conhecer”. A fé é o órgão do conhecimento por excelência. A fé. Uma humanidade, continua Naphta, que não reconhece não poder ser verdadeiro nas ciências naturais o que é falso na filosofia não é humanidade. Verdadeiro é o que convém ao homem.

10. Protesto!, gritou Settembrini. Não proteste, disse-lhe Naphta, e fechou a discussão esboçando um resumo da ópera. Eu sugiro que empreguemos a lógica, disse o jesuíta ao italiano. Ou a Escolástica tem razão, e o mundo é finito quanto ao tempo e ao espaço. Então a divindade é transcendental, existe oposição entre Deus e o mundo, o homem é um ser dualista, e o seu grande problema é lidar com o antagonismo entre o físico e o metafísico. O resto é secundário. Ou então, segue Naphta, o tal do conhecimento puro que o senhor advoga descobriu enfim a verdade e temos outro quadro: o universo é infinito, não há mundo transcendental, não há dualismo, porque o além se acha absorvido pelo aquém, desaparecendo também a oposição entre Deus e a natureza, e o homem, nesse caso, não se angustia com o seu dualismo, porque não há mais dualismo, havendo tão-somente uma personalidade harmoniosa e una. O conflito, agora, passa a ser outro, e nesse ponto da sua história aparecem o Estado e a lei moral, e blá-blá-blá, sabemos o final dessa lenga-lenga, senhor Settembrini, e em que é que vão dar os tais sentimentos nobres que o senhor tanto proclama: a Liberdade, a Democracia, o Estado de Direito, a Ciência, as Luzes, a Razão e o Esclarecimento. Em quê?, pergunta-lhe o italiano. Numa nova versão do Terror, responde-lhe Naphta.

A discussão prossegue livro adentro, e em determinado ponto, diante de uma explosão de cólera de Settembrini, Naphta o convida a ponderar o que disse. O italiano nega-se, e o jesuíta desafia-o então para um duelo. Eu estou no seu caminho, disse-lhe Naphta, e o senhor está no meu. Liqüidemos a diferença num lugar adequado. Settembrini, humanista que é, defensor implacável dos valores e da vida, teoricamente reprova, sim, o duelo, como reprova o militarismo e a guerra, mas como homem de brios e honra não o recusa.

As exigências de Naphta, que as tinha como direito, já que era ele o ofendido, incluíam ser o duelo a pistola e deverem os duelistas afastar-se cinco passos de distância, trocando, se necessário, três balas. Settembrini aceita tudo, e diz a um amigo que não tentará matar Leo Naphta. Vou me expor à bala dele, e isso é tudo o que a honra pode exigir de mim, fique sossegado.

Chega o dia do duelo, penetram no bosque os dois homens e mais outros, que serviriam de árbitro e acompanhantes. Olham-se, cumprimentam-se, afastam-se os duelistas cinco passos e esperam pelo sinal. Dado o sinal, avançam um para o outro, as pistolas apontadas para a frente, os olhares cruzados. No terceiro passo Settembrini, muito sério, levanta ainda mais o braço, aponta a pistola para cima e atira para o alto do céu. O som do tiro ressoa múltiplas vezes por todas aquelas elevadas montanhas suíças, enchendo todo o vale de vibrações.

Naphta olha indignado para Settembrini: o senhor atirou para o alto! Eu atiro para onde quero!, diz-lhe o italiano. Atire de novo, ordena-lhe Naphta. Nem pensar, diz-lhe Settembrini. Agora é a vez do senhor, e o italiano ergueu os olhos para o céu, à espera do tiro do outro, que certamente o mataria. Leo Naphta olha para ele e diz apenas isso: Covarde!, e, levantando a pistola de modo surpreendente, aponta-a para si mesmo, dá um tiro na própria cabeça, cambaleia, faz uma brusca meia-volta e cai, com a cara na neve.

Infelice!, grita Settembrini. Che cosa fai, per l’amor di Dio?

Alguns anos depois, a nova versão do Terror, de que falou Leo Naphta, que não pôde vivê-lo, embora o tenha intuído, explodiu, fazendo cacos das palavras e dos ideais de Settembrini. Hans Castorp teve de descer a montanha mágica e alistar-se. Era o trovão, explodindo a Europa.

Texto extraido do blog: http://blaguedojuva.blogspot.com/

PS3 - A série Assassin's Creed


A história se ambienta em setembro de 2012, focando-se em Desmond Miles, um bartender sequestrado e levado a um laboratório de uma empresa chamada "Indústrias Abstergo", que conduz pesquisas sobre memória genética (projeto Animus). O Animus pode retirar memórias do DNA do usuário, permitindo que o usuário recupere estas memórias como se ele mesmo estivesse lá. Desmond foi "escolhido" para o projeto devido ao fato de ser descendente direto de um membro da ordem dos assassinos durante a terceira Cruzada da Terra Santa. Através de sessões com Desmond, o jogador toma conhecimento de que ele é o descendente de Altaïr Ibn La-Ahad ("Filho de Nenhum"), um membro do "Clã dos Assassinos" de 1191, que esteve em uma missão de obter um "Pedaço do Éden", um artefato capaz de criar ilusões, dos Templários. Ao longo da história, é revelado que a administração do laboratório é uma versão moderna dos Templários, e que eles estavam cientes da ascendência de Miles. Quando o real objetivo deles é revelado, o jogador toma conhecimento de que eles estão tentando localizar um Pedaço do Éden, o qual eles acreditavam estar escondido nas memórias de Miles.
Embora inicialmente o inconsciente de Desmond rejeite as memórias de Altaïr, ele eventualmente aprende a aceita-las e pode prosseguir seguir as ações de Altaïr com o Animus, podendo ficar cada vez mais tempo na máquina.

As memórias de Altaïr que Desmond experimenta são do começo do Ano de 1191: Ricardo Coração de Leão recapturou apenas a cidade portuária de Acre para conquistar os muçulmanos. Com uma base das operações estabelecidas, os cruzados preparam-se para marchar para o sul. O seu alvo verdadeiro é Jerusalém - que pretende recapturar para o Cristianismo. Porém as forças muçulmanas estão a se reunir nas ruínas de Arsuf, pretendendo fazer um emboscada aos cruzados e impedir que alcancem Jerusalém. Quando Ricardo e Saladino combatem um com outro, os homens deixados a governar em seu lugar começam a fazer exame da vantagem de suas posições do poder.

As primeiras experiências de Desmond na memória são aquelas de Altaïr quase assassinando o grão-mestre Cavaleiros dos Templários, Robert de Sable, e recuperam o tesouro da ordem. Devido a isto, Altaïr é demovido a Uninitiated("Não-iniciado") - o Rank o mais baixo na ordem dos assassinos. Mas Al Mualim, líder dos assassinos, oferece-lhe uma oportunidade de reconquistar a sua honra. Altaïr deve arriscar-se na Terra Santa e assassinar nove homens e explorar as hostilidades criadas pela Terceira Cruzada. Ao fazer isto, estabilizaria a região, permitindo que Mualim Usher viva em uma cidade da paz(seu rank como assassino é devolvido após completar uma missão, ou seja, assassinar o alvo).

Ao longo da trama, Altaïr descobre que seus alvos são definidos mais do que apenas por um interesse compartilhado no ganho pessoal, mas está no fato de os Templários terem como objetivo a união de toda a humanidade sob uma causa comum. Paralelamente, Desmond aprende dos e-mails que lê entre as sessões no Animus, que as indústrias de Abstergo são atualmente dirigidas por Templários modernos, e que ao procurar as localizações de diversos artefatos, conhecidos como as "Partes de Eden", eles podem continuar lutando pelos objetivos dos Templários.

Desmond vê que foi seqüestrado pela companhia, de modo que possa aprender, com as memórias de Altaïr, onde estão as outras partes de Eden, que podem estar enterradas em qualquer lugar do mundo. Encontra também restos da ordem dos assassinos em dias modernos, que tinham tentado recuperar antes que a informação fosse obtida pelos modernos templários.

As memórias de Altaïr revelam finalmente que as tarefas que cumpriu eram uma armadilha dos Templários para semear o desacordo entre os assassinos, os cruzados e os muçulmanos. Ao fazer isto, Saladino e Ricardo Coração de Leão trabalhariam preferencialmente juntos e no processo, trariam a paz para o Templários. Altaïr alcança finalmente Robert de Sable, seu último alvo atribuído, e derrota-o. Robert de Sable revela em suas palavras, morrendo, que o mestre de Altaïr é também um membro do Templários, e tem agora o único poder do artefato, a "Parte de Eden" que pode se alterar o que homens podem ver e podem ser usados para a hipnose coletiva, (spoiler-é revelado ao final do jogo que Al Mualim usou Altaïr e os outros da irmandade para matar os homens influentes para ter o controle do reino para ele mesmo).

Altaïr viaja para enfrentar seu mestre, que está armado com a "parte de Eden", tentando alterar a vista de Altaïr, mas cai eventualmente em sua lâmina. Porque Altaïr recupera a "Parte de Eden", o dispositivo ativa uma vez mais e revela posições múltiplas no globo de forma holográfica (inclusive duas posições em continentes que já não existem em 2012, o mapa mostra até mesmo a divisão atual dos países em 2012.)

Com a memória de Altaïr completa, Desmond acorda fora do Animus para aprender que as indústrias de Abstergo estão enviando as equipes da recuperação para duas aquelas posições que esperam encontrar artefatos adicionais. Em um determinado momento, Desmond lê um e-mail no quarto de conferência que detalha a falha na recuperação de outras três Partes de Eden, tudo tendo por resultado acidentes desastrosos, dois tendo por resultado a experiência de Filadélfia e o evento de Tunguska. O e-mail fala também do Santo Graal, indicando haver evidência insuficiente para confirmar sua existência, e dos "Os Comunicadores Mitchell-Hedges", uma referência aos Mitchell-Hedges do F.A.

Desmond, por não ser mais útil para as indústrias de Abstergo, deve ser silenciado; entretanto, é conservado por Lucy Stillman, que revela ser ela própria uma assassina. Na conclusão do jogo, Desmond, "sincronizou" tornando-se como Altaïr, pode usar a visão da águia (uma espécie de visão empática para ver mensagens escondidas e para ver quem é amigo e quem é inimigo, vermelho=inimigo/ azul=amigo/ branco=cidadão que possui informações/dourado=alvo), isso se deve ao fato de que após muito tempo no Animus, o DNA do ancestral e do decendente se misturam), e vê as mensagens rabiscadas através dos assoalhos e das paredes (estas mensagens foram escritas pelas outras 6 pessoas que foram analizadas pelo Animus, os indivíduos utilizaram o próprio sangue para escrever tais mensagens)que somente pode ver aquele consultar à extremidade do mundo descrito por diversas religiões, entre outras escritas; tais escritas incluem referências ao texto bíblico Revelações 22:13 da passagem ("eu sou o Alfa e o Omega, o primeiro e o último, o começo e o fim. "), um Lorenz Attractor, o olho do Providence, e das outras escritas em línguas estrangeiras (Japonês, Alemão...). Adicionalmente, há a data Maia de 13.0.0.0 - 21 de dezembro, 2012, três meses após o momento em que ocorre o jogo, que representa o último dia Maya desta idade do mundo.










Assassin's Creed II

Na segunda versão, o jogador assumirá o papel de um jovem nobre que se tornou assassino, chamado Ezio Auditore da Firenze. Ezio torna-se um assissino após seu pai, um banqueiro e secretamente um assassino, assim como dois de seus irmãos, serem executados. A essência do enredo é se vingar de famílias rivais que os matou enquanto Ezio cuida de sua mãe e irmã. Como Altair no primeiro jogo, Ezio é um ascendente de Desmond Miles, o barman dos dias modernos que foi capturado em Abstergo, com o próprio Ezio sendo descendente de Altair.

O jogo começa imediatamente após os eventos finais de Assassin's Creed. Desmond e uma aspirante a assassina Lucy Stillman escapam do laboratório para um esconderijo próximo onde Stillman revela que ela e uma nova equipe têm trabalhado em um novo dispositivo, o Animus 2.0. Desmond então vê as memórias de Ezio através da nova máquina.

O jogo se passa no século XV, na Itália, em cidades como Veneza, Florença e outras, durante o Renascentismo, aproximadamente trezentos anos após o primeiro jogo. Como Assassin's Creed, os personagens baseados em figuras históricas estão presentes no jogo incluindo Leonardo da Vinci, Niccolò Machiavelli, Caterina Sforza e Lorenzo de' Medici. Ao contrário de Altair, o qual o dedo anular foi amputado para acomodar o uso de sua lâmina escondida, Ezio tem o seu dedo o qual ostenta um anel com o brasão de sua família.