quarta-feira, 27 de maio de 2009

"Das Wiesse Band" - Michael Haneke


"Das Weisse Band" (A Fita Branca) do diretou austríaco Michael Haneke se passa em 1913, às vésperas da eclosão da Primeira Guerra Mundial, em um pequeno vilarejo na Alemanha. O barão, o pastor, o camponês, o médico e suas famílias vivem sob a ordem e a lei de Deus. Os pais são extremamente severos com seus filhos, com uma educação que não permite deslizes ou compaixão.

Até que estranhos acidentes começam a ocorrer e tomam a forma de um ritual punitivo. Mas punição a quê? Quem estaria por trás dessas agressões? Um professor, apaixonado pela governanta de uma das famílias, narra a história anos depois do ocorrido.

Haneke retorna com os elementos que fazem a força do seu cinema - o mistério dolorido de "Caché", a relação agressiva e autodestrutiva de "A Professora de Piano" - e acrescenta uma austeridade que lembra os filmes de Bergman. O pastor, por exemplo, remete diretamente ao pai severo de "Fanny e Alexandre".

Como sempre, essa boa história traz por baixo grandes reflexões políticas. Afinal, essa vida de muita rigidez, relações secas, cheias de hipocrisia e sem nenhum amor, que não aceita o erro ou o defeito (próprio ou nos outros), de alguma maneira conduziu à ascensão de Hitler e ao regime nazista alguns anos depois.

"Se um ideal, seja ele político ou religioso, se torna absoluto, ele torna-se inumano. Todos nós temos um ideal, mas não o seguimos sempre. Quando uma pessoa age 100% pelo seu ideal, está a um passo do terrorismo. E isso não vale só para a Alemanha nazista, mas para todas as sociedades", disse Haneke na entrevista coletiva.

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