terça-feira, 12 de maio de 2009

Abolição vs Palmares

Dia 13 de maio comemora-se mais de 120 anos de Abolição da Escravidão, certamente uma das datas mais importantes e emblemáticas da história do Brasil. No entanto serão muito tímidos os festejos de comemoração à redenção. Isso porque interesses corporativistas terminaram por tirar todo o brilho e importancia que a data representa.
A partir da década de 1970, os dirigentes do movimento negro numa atitude de conotação racista passaram a rejeitar o dia 13 de Maio, dia da Abolição da Escravatura por enfatizar muitas vezes a "generosidade" da princesa Isabel, ou seja, ser uma celebração de um "ato de bondade de uma branca".

Não há como negar: a Princesa Isabel foi realmente a grande protetora dos abolicionistas. Financiava a alforria de ex-escravos com seu próprio dinheiro e apoiava a comunidade do Quilombo do Leblon, que cultivava camélias brancas, símbolo do abolicionismo. Ao assinar a Lei Áurea, contrariou os latifundiários sacrificando dessa forma o próprio reinado à causa dos negros.Escreveu o abolicionista Joaquim Nabuco: "No dia em que a Princesa Imperial se decidiu ao seu grande golpe de humanidade, sabia tudo o que arriscava. A raça que ia libertar não tinha para lhe dar senão o seu sangue, e ela não o queria nunca para cimentar o seu trono. Mas ela não hesitou: uma voz interior disse-lhe que um grande dever tem que ser cumprido, ou um grande sacrifício que ser aceito. Se a Monarquia pudesse sobreviver à abolição, esta seria o apanágio. Se sucumbisse, seria o seu testamento..."
O Barão de Cotegipe, ao cumprimentar a princesa, vaticinou: "Vossa Alteza libertou uma raça, mas perdeu o trono". Mas a Princesa não hesitou em responder: "Mil tronos eu tivesse, mil tronos eu daria para libertar os escravos do Brasil". Isabel era partidária de outras idéias modernas, como o sufrágio feminino e a reforma agrária. Documentos recentemente descobertos revelam que a princesa estudou indenizar os ex-escravos com recursos do Banco do Brasil e do Banco Mauá.
Para substituir o culto à Princesa Isabel o Movimento Negro decidiu procurar uma figura mais combativa e de sua própria raça. Na ausência de personagens mais adequados optou-se pela escolha de Zumbi, que reuniu escravos fugidos num Quilombo em Palmares (AL). Assim todo e qualquer reconhecimento aos esforços da "branca" Princesa Isabel foram abandonados pelo movimento.

Não bastou, nem mesmo que inúmeros pesquisadores e historiadores, tenham se apressado a advertir que a luta de Palmares não era contra a iniqüidade desumanizadora da escravidão. Ao contrário, muitos escravos de engenho eram capturados e convertidos em cativos dos quilombos. Só era alterada a subjugação de senhores brancos para negros. E se algum desses escravos fugissem dos Palmares, eram enviados negros no seu encalço e, se capturado, tinham que ser executados pela ‘severa justiça’ do quilombo.
Erra portanto, o movimento negro, que por razões puramente racistas, optou por desprezar uma figura virtuosa por outra errática. Isso faz com que se questione quais valores o Movimento Negro defende ? O MN não pode menosprezar valores como Honestidade, Caráter, Justiça etc uma vez que não são valores dos "brancos" e sim valores universais. Martin Luther King sonhou com o dia em que viveria em um mundo onde as pessoas não seriam julgadas pela cor da sua pele, mas pela força do seu caráter. O Movimento Negro pensa diferente.

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