sábado, 3 de outubro de 2009

A Cegueira do Partidarismo

Esse texto foi postado por um forista no blog do Gilberto Scofield. Ele faz uma análise sobre o partidarismo norte-americano, mas também serve como reflexão aos brasileiros na polarização eleitoral do Brasil entre PT e o PSDB.

"Apesar dos republicanos seguirem uma tendência conservadora e os democratas, uma tendência liberal, as filosofias de ambos os partidos se baseia na ideia de que o bem comum deve estar acima das diferenças partidárias. No passado, o diálogo sempre foi possível quando os dois lados reconheceram que o país estava em situação de risco.

Infelizmente, a relação se deteriorou com o tempo. Parece o que normalmente acontece com casais formados por pessoas imaturas e sonhadoras. Com o povo tendo cada vez mais acesso à informação, com as câmeras chegando cada vez a mais lugares e com as falhas e limitações dos politicos ficando cada vez mais expostas, o conflito entre os dois lados foi se tornando inevitável. A competição, a insegurança e a intolerância substitituiram a parceria, o diálogo e a reflexão. Tudo incomoda. Tudo é motivo de briga. Tudo tem que ser “vingado”. Para ambos os partidos hoje, o bem comum não é mais fundamental. O importante e apenas o resultado das proximas eleições.

A inexistência de alternativas reais faz a coisa ficar ainda mais complicada. Votar nos independentes é o mesmo que jogar o voto fora. Alem disso, todos sabem que Ralph Nader é um liberal, que Pat Buchanan é um dos piores conservadores do país e que Joe Lieberman … o Lieberman não conta. Gente boa e independente como Mike Bloomberg só aparecem a cada passagem do Cometa Halley. Não dá para contar com eles.

Sobram mesmo o “burro” e o “elefante” (Democratas e Republicanos) e isso é desanimador. E comum ver gente como Harry Reid, Tom Delay, Nancy Pelosi, Dick Morrison, entre outros, referindo-se ao grupo adversário apenas como “eles” e pregando que a única forma eficiente de governar é com maioria no Congresso e decisões unilaterais. Isso tem custado caro.

Os democratas querem regular a sociedade para defender os direitos dos cidadãos comuns. É verdade que eles não sabem bem o que fazer ou como fazer, mas a resposta republicana para essa tentativa é um simples e sonoro NÂO para tudo. Já os republicanos querem ajustar as contas da união, o que hoje parece ser a maior urgência no país. Aí os democratas, que também apoiaram e aprovaram as guerras em que o pais esta envolvido hoje, respondem na mesma moeda.

O resultado disso é terrível e está espalhado por todo o pais. Schwarzenegger não pode aumentar impostos para cobrir o rombo gigantesco no orçamento da Califórnia. Obama tem que desistir da opção pública na reforma da saúde. Bush tenta legalizar os imigrantes e acaba tratado como traidor. Coisas como o limite ao uso de armas ou a prática de abortos viram suicídio político para quem se atreve a debatê-los. Michael Moore faz apologia à politica de Fidel Castro. Joe Wilson recebe doações por gritar no Congresso. Os hotéis ficam proibidos de colocar decoração de Natal. Gays não podem casar. Grupos tentam liberar a droga à força espalhando plantações de maconha pelo país. Pessoas irresponsáveis organizam eventos em que qualquer maluco pode comprar armas sem nem se registrar. Ditos “ambientalistas” explodem lojas que vendem SUVs porque elas poluem muito. Rednecks, como os do grupo “The Old Keepers”, dizem que não têm que cumprir as leis ou respeitar as autoridades durante o governo Obama. Liberais em fraternidades de algumas boas universidades dizem que a moralidade só se aplica aos “homens pequenos” e que eles devem poder cometer qualquer tipo de crime impunemente.…. Caramba, parece um cabo de guerra!

Assumir erros ou deixar outros terem sucesso passam a ser opções inaceitáveis e infelizmente, emperrar o trabalho de alguém é sempre bem mais fácil do que construir alguma coisa. Mesmo não sendo uma questão partidária, a existência de um buraco onde ficava o World Trade Center ainda hoje para mim é um símbolo do quão emperrada a sociedade está. Parece que ninguém mais consegue resolver coisa alguma que envolva abrir mão de algo.

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