terça-feira, 6 de maio de 2008

Coitadismo


Coitadismo - Termo derivado da palavra coitado – significa olhar para o outro ou tratá-lo como um coitado, um incapaz, digno de pena. Filosofia usada para justificar atitudes erradas, antiéticas, desonestas e/ou criminosas com todo e qualquer tipo de explicação, desde que passe bem longe de tudo que possa ter relação com opção consciente ou simplesmente manifestação da índole de quem comete erro. Ato contínuo, é a filosofia daqueles que se julgam inferiores aos outros seres humanos, outorgando-se o direito de sentenciá-los a viver eternamente dos cuidados e da caridade de outros ainda, que são igualmente sentenciados, por essa mesma filosofia, à subserviência provedora.

Uma de suas consequencias é a gradativa deformação do caráter dos menos abastados financeiramente, fazendo-os pensar que podem e devem tirar dos que tenham mais, sob qualquer pretexto, passando por cima de tudo que sabem muito bem ser o correto – adotam conscientemente a idéia de que o que julgam ser um erro (uma injustiça) justificaria outro erro (justiçamento). A intensa coitadização dos menos favorecidos, pela mídia e pelos próprios exemplos dados pelas decisões judiciais, principalmente no que se refere às questões trabalhistas e do consumidor, acabou por fazer o homem do povo acreditar que os erros e os crimes que comete sejam justificáveis e, por isso, menos imputáveis, por causa dos princípios "robinwoodianos" de justiçamento em que se baseiam.

O “coitadinho” também se vale de seu estado clinicamente desfavorável como desculpa para a preguiça (física e mental), o conformismo, para a negação de sua responsabilidade e de seus deveres, para com a involução de seu trabalho e emula, psicologicamente, um pseudo-consolo para justificar, camuflar, alimentar e perpetrar as próprias limitações e erros. Esse tipo de enfermidade cria ilusões de que tudo deveria ser dado sem o menor esforço, bastando, para isso, apenas que o doente desejasse algo. Como conseqüência disso, o paciente passa a viver seus dias num estado rancoroso, reclamando de tudo e de todos pela sua má sorte – a qual, obviamente, ele atribui a todos, menos a si mesmo.

O indivíduo que sofre do “coitadismo”, desenvolve, ainda, uma empatia natural com o miserável, o pobrezinho, o sofredor e alimenta um repúdio primitivo àquele que consegue vencer, chegar lá, ser considerado o melhor. O "coitadinho" sofre de uma profunda doença existencial, uma atitude depressiva perante a vida que o impede de realizar projetos e grandes empreendimentos, sendo o baixo nível e o comportamento mediano a norma comum. Qualquer um que tente superar tal inércia social é mal-visto e desprezado, tratado como um arrogante que se acha melhor que os outros. O “coitadinho”, portanto, não só acha que não tem condições de crescer às custas de seu próprio trabalho como ainda espera que ninguém mais também o tenha.

Mas uma boa notícia para quem sofre desse mau é que, muito embora ainda não exista uma vacina que extirpe a doença por completo, foi descoberta uma profilaxia que vem surtindo excelentes resultados nas pessoas que se propuseram a testá-la: ESTUDAR e TRABALHAR! O “coitadinho”, quando se debruça sobre o seu próprio trabalho esganiçadamente, consegue, com o tempo, curar-se de todos os sintomas da doença. Mas, repetimos, o “coitadismo” ainda é uma doença sem cura e o paciente não pode se descuidar sob o risco de voltarem todos os desagradáveis – para si e para os outros – sintomas.

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