Pouco se houve falar no Brasil, já faz um bom tempo, em intelligentsia. Quem ainda usa expressão, hoje em dia, ou sabe de sua existência ? Como é possível lembrar, a palavra foi tomada em empréstimo do russo, para designar a classe de gente que em geral vive nos degraus superiores da sociedade e a quem se atribui a capacidade de pensar o que é melhor para todos, devido aos altos teores de sua instrução, preparo profissional e inteligência. Haverá, com certeza, boas razões para o conceito ter saído de moda e caido em desuso; professores de sociologia podem explicar isso bem melhor que um artigo. È interessante notar em todo caso, que no Brasil de ontem e de hoje, quando se pensa na produção de resultados práticos, a intelligentsia sempre parece competir em desvantagem com o que poderia ser descrito como a sua outra fase - a burritsia. Trata-se de uma classe em tudo idêntica à primeira. Os que fazem parte dela também estudam muito, raciocinam "em bloco", armam estratégias e ao fim desses esforços chegam à conclusão errada - ou, entre todas as decissões possíveis, escolhem sempre a pior.
A burrice faz parte das doenças que não têm cura; por isso mesmo, produz efeitos em qualquer época, como se pode verificar com tanta facilidade no Brasil de hoje. Por trás dela há o princípio básico de que o mundo se divide em gente "do ramo" a quem cabe decidir os grandes temas de interesse público, e os demais, a quem cabe pagar pelas consequências; uma de suas marcas clássicas é a intolerância com a opinião de quem "não entende nada do assunto". A agravante é que o Brasil gosta de se considerar um país espertíssimo, onde frequentemente a "malandragem" é tida como uma forma superior de virtude. É o ideal para esconder os sintomas da moléstia. É, também, o caminho mais curto para o povão acabar no papel de otário, como comprova todos os dias o noticiário político. Quem sai ganhando sempre, é a espertetsia.
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