domingo, 26 de julho de 2009

Vamos fugir...

Parque Nacional da Serra dos Órgãos - Teresópolis - RJ
Visconde de Mauá - RJ
Lumiar - Friburgo - RJ
Dedo de Deus - Teresópolis - RJ
Era uma vez uma grande e linda pedra que havia sido polida pela água. Depois que a água se foi, a pedra ficou num local bastante elevado, à beira de um bosque sombrado . De onde estava, rodeada por flores coloridas e ervas perfumadas, ela podia ver uma estrada de pedra que passava mais abaixo. Um dia, olhando para a estrada sobre a qual havia colocado diverdas pedrinhas para reforçar a superfície, a pedra grande sentiu um enorme desejo de estar lá embaixo, junto às outras.

-Que estou fazendo aqui entre as flores? Quero viver com minhas irmãs . Acho que é um direito meu. Assim dizendo, moveu-se e rolou para baixo, terminando seu caprichoso percurso exatamente no meio das pedrinhas cuja companhia tanto almejava. Na estada passavam carretas com rodas de ferro, cavalos que pisavam com força , camponeses de botas ferradas, rebanhos e manadas de animais. A bela pedra logo viu-se maltradada. Alguns faziam-na rolar, outros batiam-na com os pés, outros ainda chutavam-na para mais adiante. às vezes via-se toda suja de lama. Olhando para o lugar de onde vieira a pedra suspirou pela perda de sua solidão e teve, em vão , saudades da paz que outrora conhecera.
Esta fábula é dedicada aqueles que estupidamente saem da paz e do silêncio do verde campo para irem para a cidade, encontrando pessoas de maldade sem limites.

Uma vez que o litoral e a planície tornaram-se o palco da intolerância e mediocridade humana, que tal aventurar-se nas alturas para um banho de cachoeira e uma pinga com mel ?

sábado, 25 de julho de 2009

Tristes Trópicos

Quando as pessoas não tem nada o que fazer, eles geralmente falam sobre o tempo. Pois é o caso.. rsrs
Nos últimos dias tem feito muito frio aqui no Rio. E sempre tem umas pessoas que insistem em declarar que adoram "curtir um friozinho". Eu confesso que não consigo entender esse fetiche classe-média de querer "beber um vinhozinho e comer um fondí". Me parece mais uma espécie de compensação terceiro-mundista, onde as pessoas afetam comportamentos e gostos associados aos países do primeiro-mundo. O que não deixa de ser um paradoxo, porque um sueco, ou um finlandes sonham com uma bela praia tropical em seus gélidos invernos.

A questão é: quem gosta realmente do frio? Fico aqui pensando, acho que realmente ninguém gosta. Entre as atividades favoritas para se fazer no frio encontram-se:
- Tomar chocolate quente
- Ficar embaixo das cobertas
- Assistir filme enrolado em algum edredon
- Ficar abraçado com a pessoa amada
- Acender uma fogueira/lareira

Resumindo, as atividades favoritas das pessoas que dizem gostar de frio são se manter aquecidas, e não "sentir" a temperatura. Obviamente, isso não é gostar de frio, e sim gostar de permanecerem quentinhas.

Já Verão é época de praia, cervejinha gelada, futebol no fim da tarde, corpos seminus e despreocupação. Não queremos nada pesado, com exceção de uma bela feijoada completa.
Eu pessoalmente detesto sentir calor, fico lento, mal-humorado, impaciente, não tenho vontade de fazer nada. Será que Levi-Straus estava mesmo certo ? Os trópicos estariam condenados à lassidão, indolência e primitivismo ? Muito calor faz as pessoas pensarem menos, ou pensarem apenas em como seria bom ter um ar-condicionado, que considero uma das invenções mais importantes e menos subestimadas da humanidade, tão importante quanto o celular e o computador. O ar-condicionado "Civiliza"! Um ambiente refrigerado num dia quente de verão é como um pedaço do "céu".

Eu gosto portanto de temperaturas amenas, odeio sentir frio da mesma forma que odeio sentir calor... gosto de poder sair de camiseta e bermuda durante os dias e de calça e camisa durante a noite.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

O Custo do Legalismo


A Sociedade Legalista impõe a lei acima do indivíduo.
Pode-se entender por legalismo a exacerbada valorização da existência da lei, independentemente da sua eficácia frente aos conflitos para os quais ela foi concebida. É a lei notadamente por seu aspecto quantitativo em detrimento do qualitativo. Essa infâmia é alicerçada sobre a demagogia, prima-irmã da hipocrisia, que se caracteriza pelo discurso politicamente correto e a prática cinicamente calculada, gerando muitas expectativas e muita frustração. Uma "qualidade" intrínseca da América Católica.

A quantidade de Leis no Brasil é um grande problema. Tem Lei pra todo gosto, até "as que pegam e as que não pegam" como se diz sem nenhum constrangimento. Por vezes a lei é mais um recurso usado para enganar, que o diga o "termômetro parlamentar" que mede quantas leis um Vereador, Deputado ou Senador aprovou. Que o diga a nossa Carta Magna cuja aplicação dos seus dispositivos é um fiasco. Há cerca de sete anos o repórter de um jornal televisivo levantou, no âmbito do Município de São Paulo, 39 leis que "se propõem" resguardar direitos de portadores de necessidades especiais. Em sentido contrário, muitos prédios - inclusive públicos - ali construídos não respeitavam esse conjunto de leis.

O "espírito do legalismo" coloca em xeque até os poderes Discricionário e de Polícia atinentes aos Administradores Públicos (os Executivos do Estado). Acarretando o descrédito das autoridades constituídas. Vejamos um exemplo bem presente no nosso agora: o combate à pirataria. É insano pensar que se combaterá a pirataria no Brasil, apenas com o Poder de Polícia, perpetrado pela legislação auxiliar própria do Poder Executivo. Crime, inafiançável, é um país tão próspero como o Brasil lançar aos milhares ano após ano jovens para o submundo social, presas fáceis da ilegalidade. É burrice pensar que se combate a pirataria com medidas isoladas apenas para justificar a existência de certos órgãos ou com o MERCADAO DA ESMOLA. Combate efetivo à raiz do problema, a escassa renda do trabalhador e a falta de oportunidades, não há. A pirataria passa a ser banalizada e consumida em larga escala. Ironicamente, acaba se constituindo num instrumento de inclusão social marginal. Visitem as feiras onde labutam pessoas ordeiras em busca de seu sustento e me reprovem? O Estado Legalista é ótimo para a vivacidade da pirataria. Somente dizer que ela é crime não passa de hipocrisia.

O "espírito legalista" permite que leis jorrem como um rio caudaloso mesmo que seja o Estado o maior consumidor da estrutura da Justiça. Desfilam pelos suntuosos palácios do Judiciário representações do Executivo ora como autor ora como réu. Quando o cidadão move ação contra o Estado, buscando reparo aos seus direitos deve preparar-se com overdose de paciência e dinheiro, senão é melhor desistir para não enfartar ou deprimir-se. Invertendo-se os papéis, o Estado o autor e o cidadão réu, a justiça tende a ser loquaz. Há um compadrio entre os "03 poderes da república", numa espécie de confraria aristocrática ou mais uma oligarquia em que o mais importante é manter o estado de aparências e o rio caudaloso seguir seu curso. O resultado é "fragilidade das instituições democráticas".

Criar dificuldade para vender facilidades" é a que se resume todas as "virtudes" do Estado forjado sob um sistema legalista. A essência orgânica da gestão é substituída pela ação pessoal virando então instituições de pessoas e não instituições de projetos e ações de governo, efetivamente. "Você sabe com quem está falando?". A lei é essa, a depender de quem está sendo chamado a prestar contas frente ao ordenamento jurídico. Há interesse demais em prol de uns e desinteresse total para com outros. Uma pesquisadora da Unb - Universidade de Brasília, relata na sua Tese de Douramento inúmeros fatos simplesmente absurdos, nos quais acusados de pequenos delitos estavam na cadeia havia mais de 1 ano. Como explicar tais descalabros? Outro caso clássico é o dos prisioneiros que cumpriram suas penas e continuam presos por falta de quem possa falar por eles. Não seria responsabilidade do Estado, fazer esse filtro e liberar espaço no sistema prisional, já tão asfixiado?

A soberania do povo no Estado de Direito é consolidada pela maturidade das instituições democráticas. As pessoas à frente de tais instituições passam. Já o povo permanece. Os servidores públicos são instrumentos das instituições para satisfazer aos anseios do povo, o grande mantenedor. Falta a esse mantenedor a convicção de que a todo CUSTO corresponde um BENEFÍCIO compatível. Daí a relação que os americanos conhecem muito bem CUSTO / BENEFÍCIO.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Mark Knopfler

Longe da superestrutura que compunha o Dire Straits, o escocês Mark Knopfler em seus trabalhos solos, tenta demonstrar algo mais pessoal e descomprometido, uma tendência seguida desde seus primeiros discos (”Golden Heart”, “The Ragpicker’s Dream” e “Sailing to Philadelfia”).
Como um bom scottish whisky envelhecido em tonéis de carvalho o velho escocês de Glasgow tornou-se mais encorpado, refinado, intimista, suave e maduro. Até o visual “tiozão” com faixinha na cabeça foi felizmente descartado. Agora o violão de aço é o principal instrumento – a peculiar guitarra de Knopfler continua, porém com menos destaque – e todas as composições foram pensadas a partir dele. A sonoridade recebeu bastante contribuição do som sulista norte-americano e da influência britânica, representada principalmente pelo folk, e pela música escocesa e irlandesa. Além do violão marcante e da guitarra como mais um instrumento, temos uma boa cozinha com batera, baixo e órgão (esses 2 últimos valorizando timbres vintages; ponto positivo) em concordância com a proposta.
As letras também refletem a fase citada acima: a maioria das canções são fruto da observação cotidiana de Mark sobre (em sua maioria) fatos corriqueiros ou relatos que reflitam certa nostalgia. É certo que em alguns momentos tal melancolia deixa o trabalho com “pegada insuficiente”, mas o todo é bem resolvido e até autêntico. No geral, Mark Knopfler agrada pelas boas referências e pela faceta meio caipira, mas passando muito longe do clichê.






domingo, 19 de julho de 2009

Não ao Diploma de Jornalismo

22.jun.2009 - Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) promove em Brasília protesto contra a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de acabar com a exigência do diploma para o exercício da profissão.
Sou a favor da decisão do STF.
Jornalistas lidam com informação, busca de informações, transcrição e apresentação das mesmas ao público. Entretanto, qual seria o compromisso do jornalista? Com alguma espécie de "verdade"? Ou apenas "não mentir" (mas omitir)? Com a "não alienação"?
Porque na Medicina, Psicologia, Serviço Social, Contabilidade... há um compromisso com a saúde coletiva, com o bem estar social, com a saúde mental, com a transparência... Por mais que sejam super questionáveis, também, os órgãos reguladores dessas profissões, e por mais que nem todos os profissionais cumpram, há um "bem público" em jogo.
Agora, se formos pensar em um "bem público" da imprensa, então vamos ter que jogar no lixo (arrisco eu) 90% das publicações que existem hoje. Quais jornais se ocupam, de fato, da INFORMAÇÃO? Da não alienação? Da promoção de consciência crítica, e não da oferta de verdades-prontas?
E também acho complicado deixar pros jornalistas decidirem isso. Que jornalistas decidiriam? Os formados? Com carteirinha? Do jeito que se parem faculdades por ai, seria algo como uma democracia dos destros. "Entre os presentes, quem vota a favor dos destros serem os dirigentes e os canhotos os servos?"
Quando eu vir um jornalismo que realmente se preocupa com a não alienação, eu talvez defenda que haja uma regulamentação das práticas jornalísticas - e não a restrição desse mercado a quem tem diploma!
Esse negócio de restrição de mercado acaba por resultar numa despolitização das práticas que são restringidas. A partir do momento que apenas jornalistas formados podem escrever matérias investigativas em jornais, por exemplo, que autonomia e auto-sustentabilidade terá uma comunidade que não conta com uma faculdade de jornalismo? Terá que, de alguma maneira, bancar um graduado para vir "da capital"?

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Intelligentsia, Burritsia e Espertetsia

Pouco se houve falar no Brasil, já faz um bom tempo, em intelligentsia. Quem ainda usa expressão, hoje em dia, ou sabe de sua existência ? Como é possível lembrar, a palavra foi tomada em empréstimo do russo, para designar a classe de gente que em geral vive nos degraus superiores da sociedade e a quem se atribui a capacidade de pensar o que é melhor para todos, devido aos altos teores de sua instrução, preparo profissional e inteligência. Haverá, com certeza, boas razões para o conceito ter saído de moda e caido em desuso; professores de sociologia podem explicar isso bem melhor que um artigo. È interessante notar em todo caso, que no Brasil de ontem e de hoje, quando se pensa na produção de resultados práticos, a intelligentsia sempre parece competir em desvantagem com o que poderia ser descrito como a sua outra fase - a burritsia. Trata-se de uma classe em tudo idêntica à primeira. Os que fazem parte dela também estudam muito, raciocinam "em bloco", armam estratégias e ao fim desses esforços chegam à conclusão errada - ou, entre todas as decissões possíveis, escolhem sempre a pior.

A burrice faz parte das doenças que não têm cura; por isso mesmo, produz efeitos em qualquer época, como se pode verificar com tanta facilidade no Brasil de hoje. Por trás dela há o princípio básico de que o mundo se divide em gente "do ramo" a quem cabe decidir os grandes temas de interesse público, e os demais, a quem cabe pagar pelas consequências; uma de suas marcas clássicas é a intolerância com a opinião de quem "não entende nada do assunto". A agravante é que o Brasil gosta de se considerar um país espertíssimo, onde frequentemente a "malandragem" é tida como uma forma superior de virtude. É o ideal para esconder os sintomas da moléstia. É, também, o caminho mais curto para o povão acabar no papel de otário, como comprova todos os dias o noticiário político. Quem sai ganhando sempre, é a espertetsia.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Dia dos Homens

O Dia do Homem é festejado em 15 de julho no Brasil. A data foi criada há 10 anos pelo ex-presidente russo Mikhail Gorbatchev e apoiado pela Organização das Nações Unidas em Viena.

Poema do Homem Perfeito:

O homem perfeito é lindo,
tem um pouco de mistério
é belo quando está rindo
é belo quando está sério
O homem perfeito é bom,
tem um jeito carinhoso
e se fala em meigo tom,
causa arrepio gostoso
O homem perfeito é fino,
é solícito, e é fiel
tem a graça de um menino
e é mais doce que o mel
O homem perfeito adora
dar flores, botões de rosa,
tanto a uma velha senhora
como a uma jovem formosa
O homem perfeito tem energia,
se cuida, malha e ainda é perfumado,
lava louça, cozinha bem,
gosta de qualquer criança
O homem perfeito é culto e sensível,
adora musica, poesia, literatura e arte
gosta de dança e ballet
nunca haverá de magoar-te
Para encerrar a preceito
estes versos que alinhei:
se existe homem perfeito,
o FDP é Gay.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Orquídeas


A Exposição de Orquídeas realizada anualmente no Jardim Botânico do Rio de Janeiro é considerada uma das mais importantes do mundo, atraindo visitantes de outros países.








Festa na Estação

Momentos que fazem a vida valer a pena...
Nesses tempos de neurose e terrorismo. Imagine voce numa estação de trem e de repente dezenas de dançarinos infiltrados entre os passantes fazem um surpreendente e inesperado espetáculo enquanto musicas tocam nos altos falantes da estação. Pois isso aconteceu em estações em Londres (Reino Unido) e Antuérpia (Bélgica) e faziam parte da gravação de comerciais para TV.
E se a moda chega na Central do Brasil com pagode e funk ??? MÊ-DO...



Apenas procurando um sentido nas coisas..


Desde a infância, a vida pública é marcada por sucessos e fracassos. Pais se vangloriam pela criança de 4 anos de idade, já alfabetizada, colocam-na no curso de idiomas e instigam-na a ser a primeira da turma. A sucessão de metas a ser cumprida no colégio é a entrada para a vida adulta preestabelecida, em que a regra é acertar, sempre. E, com os acertos, sentir-se importante. Vivemos a cultura do tudo ou nada, na qual entendemos sucesso como dinheiro no banco, prestígio e poder. Ao usar tais conquistas para provocar admiração no outro, o próprio êxito, que realmente importa, fica esquecido. Dedicar-se a acumular bens materiais, sabendo que um dia vamos ter que deixar tudo isso, é desperdiçar uma vida. Nesse círculo vicioso, anula-se o que há de mais precioso: o potencial de cada um para desenvolver o que gosta e lhe garante sentido à vida.

Nós somos condicionados a todo o momento a pensar, a ter ideias e soluções brilhantes, a oferecer projetos fenomenais, a produzir, a criar textos célebres. Somos dominados por uma enxurrada de informações e cobranças que buscam formar ou moldar os "novos talentos do futuro", por sinal uma expressão cada vez mais utilizada no nosso cotidiano.
Essa pressão pela dianteira das novidades, pela liderança dos negócios, pela vanguarda das invenções, pelo domínio da vida pessoal e pelo perfeito equilíbrio da tríade amor-sucesso-felicidade é apenas mais um simulacro que nos ilude. Por que nos deixamos seduzir por esses ideais impostos pela sociedade em aliança com a mídia que obtêm um resultado de tal magnitude que a quantidade de jovens decepcionados com a "vida real"se multiplica como uma peste? Por que sofremos por não obter "os melhores resultados", ou melhor dizendo, por que somos sempre cobrados a ter os melhores resultados? Na vida profissional, na vida pessoal, no amor?
Nós somos incitados a uma competitividade doentia, imposta por um sistema sem identificação aparente, sem rosto, que prefere se esconder para que seu poder manipulatório seja mais eficiente. Meu Deus, quanta neurose! Até mesmo eu, penso isso de mim de vez em quando. Essas ideias provenientes de uma mente, aparentemente sã, soam muito loucas porque somos ensaiados a pensar como pessoas, indivíduos, componentes de uma sociedade que prega a diversidade, mas que cultiva a homogeneidade de comportamento, de pensamento, de estética, de cultura. Uma sociedade que cultiva o medo, a insegurança, que nos ensina mostrar a todo o custo nossos "talentos" (seja ele uma cura milagrosa para o câncer ou um belo bumbum rebolativo. Na verdade, de acordo com a atual conjuntura, sinto dizer, o bumbum faria bem mais sucesso!).
É esse o mundo reservado a nós? É isso que por anos homens sonharam e buscaram aprimorar para seus filhos? Um aparelho que comunica pessoas de lugares diferentes, um veículo que se locomove por vias, outro pelo mar, e, quem diria, que te faz voar! Um forno que faz comida sozinho, um telefone que te avisa quando acordar, quando tomar seu remédio, quando alguém te ligou e você não pôde atender, quando seu time perdeu, quanto você gastou na última compra. Será que já criaram um aparelho que te ajuda a calcular quanto tempo você perdeu da sua vida em busca destes ditames aterradores que ignoram o futuro, mas que adoram o presente como um Deus poderosíssimo?
Ah, eu sei a resposta para esta pergunta complexa, mas... O que será que eu ganho com isso? O "Prêmio Nobel da Verdade" por conseguir enxergar um elefante rosa desses? É, acho que vou pensar no caso! Pelo visto, essa "moeda de troca" imposta por um capitalismo fracassado é contagiante mesmo! Reformulando a resposta: é claro que ninguém inventou uma máquina que te ajuda a contabilizar o seu tempo perdido com essas imposições do sistema e, sinto muito informar, nem irão inventar, porque isso é para ser esquecido. E, desculpe-me por lembrar, mas acalme-se, provavelmente, ano que vem o Steve Jobs lançará um novo iPhone que, além de te conectar com a internet, te possibilitar ouvir músicas e assistir vídeos, te mostrar o caminho de casa e, ãh, telefonar, claro. Irá compor músicaspara você e dará conselhos emocionais! Venhamos e convenhamos, com um aparelho desses, quem precisa de amigo, né?
Bom, desculpe-me pela falta de delicadeza, mas opto pela sinceridade em detrimento do manual de boas maneiras a que fui submetida desde criança, e ouso dizer: não, muito obrigado! Se é esse o mundo que me foi reservado, aproprio-me da maior cara de pau, tão criticada, quem diria, por mim mesma, para rejeitá-lo! Não, eu não quero este mundo pra mim! Mas se serve para você, faça bom proveito! De repente, quem sabe, o Barack Obama promove uma mudança miraculosa a nível planetário, os palestinos e israelenses celebrarão este feito unidos, o presidente do Irã será o entusiasta da ideia, a fome na África será extirpada e 90% dos políticos se tornarão honestos. Quando este dia chegar, por favor ,me avise por e-mail ou celular, sem restrição de horários! Até lá, lamento desapontar: este mundo? Eu dispenso!

Judicialização do Cotidiano


Numa escola elementar, um menino gordinho de 8 anos roubou um beijo de uma garotinha da mesma idade. Apesar da ingênua pureza do gesto, a reação contrariada da garotinha foi:
a) Vou chamar a professora;
b) Vou chamar a minha mãe;
c) Vou chamar o meu advogado.
Pois a resposta certa é a letra "c". E o garoto foi ameaçado de processo por assédio sexual.
O fato ocorreu na década de 90 no estado de New Jersey, mas poderia perfeitamente ter ocorrido nos dias atuais no Brasil, e apesar de extremo, ajuda a ilustrar um fenômeno social negligenciado pelos acadêmicos das áreas de humanas: a Judicialização do Cotidiano.

Assistimos a tudo que deveria ser entedimento coletivo, costumes e práticas cotidianas, se transformar em artigo de lei... é mais um equívoco (para não dizer estupidez) de nossa sociedade legalista e consumista. Não se consegue perceber que quanto mais medidas legais se impõe menos se pratica o respeito, a boa educação e o cultivo da virtude.

Sabem porquê? Porque o conflito é temido! As leis são criadas para mascarar conflitos e criar um suposto norte "consesual"... mas esse norte é forjado, artificial, ôco ! Pobre ser humano que agora abre mão da negociação como prática social.

E a extinção da ética e do humanismo se inicia. Podem parar com a robótica! Os andróides já estão por aí faz tempo!

O fenômeno da Judicialização do Cotidiano ganhou ainda mais força após incorporar um reforço de peso: o dinheiro.A fim de justificar a locupleção de indenizações financeiras por supostos danos morais, o sistema judicial terminou por cristalizar a idéia equivocada e sem qualquer respaldo filosófico de se reparar danos morais através de contrapartida financeira. Equivocada primeiramente porque uma vez que a moral pertence ao campo da ética, e por isto, não pode ser transformada em dinheiro, que pertence ao campo da lógica.

O conceito de liberdade no liberalismo foi ajustado às crenças da ideologia dominante (capitalismo). Garantir o livre funcionamento do mercado é uma coisa, transpor a lógica do mercado para a vida social é outra. Afinal, a justiça não é uma mercadoria, nem a liberdade, nem a igualdade, nem as pessoas.Quando uma regra que se destinava aos mercados avança para a esfera social e política é preciso estar atento e forte.



Cute



















O Marginal Judicial