domingo, 14 de junho de 2009

Nordkraft

Ficamos sem saber o que dizer depois de assistir ao filme. Não que não haja o que ser dito sobre ele. Há muito. Muito do mesmo que, de tão saturados que somos (e não mais apenas estamos), não conseguimos mais ouvir. É um filme emblemático da falta de sentido da vida contemporânea. Cheia de afetos truncados, vazia de propósitos, plena de melancolia e frágil, frágil demais. A destruição do humano pelo excesso, pela supremacia do projeto ocidental. O poente. O filme se passa na Dinamarca, no topo da linha de construção social humana, num país que resolveu todos os problemas operacionais, econômicos, funcionais. E vê as pessoas se esfacelando na perfeição. Eles têm tudo e o que se impõe é um nada onipresente. A história tem três vértices principais, três narrativas que se cruzam pelas drogas, pelo sofrimento, pelo desespero e pela apatia. Tecnicamente, é muito estiloso, usa diversas lentes, enquadramentos invasivos, cores fortes, imagens aceleradas, imagens lentas, cortes bruscos. Toda uma estética que comunga com o tema, exata, precisa e angustiante. Muito rock'n'roll, muitas drogas, nenhum sexo. O isolamento na multidão. A angústia máxima. A falência.

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