O poeta gaúcho Carpinejar aposta na canalhice. Canalha, que vem do italiano canaglia, da raça dos cães, designa o que é infame, vil. O aprendizado da macheza, para o poeta, estaria no retorno às origens como vira-latas, cão sem dono sempre disposto a fuçar no lixo, entrar no cio ou uivar para a lua. Pistoleiro solitário, esse espécime contemporâneo de canalha, “quando domesticado, acaba revelando que não era canalha... A canalhice é um excesso de imaginação. A saída é desejá-lo! O canalha procura uma mulher capaz de entendê- lo e que não tente ajustá-lo”, escreve. Esse novo canalha é um animal nascido na geração do divórcio, “de quem foi criado pela mãe e tem mais intimidade com o mundo feminino. Nunca vai ser um coitado: ri de si mesmo e tem capacidade camaleônica de se adaptar”, fecha o autor. Ele faz questão de distinguir o canalha do cafajeste e do pilantra. “O canalha não coleciona mulheres; realmente as ama”, escreve.
Usando o site faceresearch.org como base, Ben Jones e Lisa DeBruine, da Universidade Aberdeen, na Escócia, mostraram 20 pares de rostos masculinos a 4800 mulheres de 20 países. No frigir dos ovos, o par de especialistas constata que “em ambientes onde doença e alta mortalidade infantil são altas, as mulheres preferem tipos mais masculinos. Nos EUA ou na Inglaterra, onde analisar planos de saúde é mais importante que brigar contra uma infecção, homens efeminados são mais competitivos”. Ainda suspeito se essa pesquisa funcionaria em países latinos como o Brasil – mas, a julgar pela nova tendência emogótica, as moças estão mais para Robert Pattinson (o doce vampiro da série Crepúsculo) que para Clint Eastwood. É a evolução, estúpido!
A queda é tão iminente que, além do decantado metrossexual e do homem-fofoleto do estudo acima, a revista Slate reportou a tendência: o “macho ômega”. O herói-frouxo é o pesadelo de consumo de mulheres que já se desinteressaram tanto pelo ultracompetitivo alfa quanto pelo confortável beta e partem para o fim da fila – para a raspa do tacho, onde ainda há uma rebeldia recendendo a testosterona. Seu símbolo é o Ben Stiller do filme Greenberg. A Slate toma Greenberg como estereótipo do homem que, no começo dos anos 2000, sentiu o baque da recessão econômica e, confuso com as mudanças no comportamento feminino, reinventou-se num tipo charmosamente desajustado, loser. Para a jornalista Jessica Grose, eis os subtipos ômega:
• Brejeiro: bobo alegre, quando habita os comerciais de cerveja, no caso de ser boa pinta ou acreditar em seu ideal de solidariedade masculina selada por um tintim. Ou triste, quando percebe a roubada em que se meteu: gosta dos amigos, é leal à esposa e aos filhos, mas sente que a vida poderia ser melhor.
• Gameboy: nerd que não toma uma atitude adulta na vida a não ser que, como em um game, seja obrigado.
• Inútil Paisagem: veste-se bem, parece gay, mas não é. Narcisista que habita academias, clubes, bares descolês e espelhos.
• Gênio em Crise: tipo o Caio Blat no filme Histórias de Amor não Duram 90 Minutos, em que interpreta um escritor que não consegue escrever nem se decidir entre a mulher autossuficiente e uma perigosa piriguete.
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