O Sionismo é um projeto colonial clássico nos moldes daqueles do século 19, ressoando em pleno século 21: ocupação e saque de terras, domínio sobre recursos naturais, expansão incessante e ilimitada de fronteiras, opressão, expulsão e eliminação física da população nativa.
Nada pode ser mais anacrônico e atrasado.
Só isso bastaria para causar espanto e perturbar a tão decantada “sensibilidade democrática ocidental”.
Israel é um estado racista e excludente.
Lá, a determinação da cidadania se baseia exclusivamente na ascendência judaica do indivíduo. Isso já seria motivo suficiente para questionar a sua organização institucional. Mas Israel adquiriu sofisticação tão perfeita nas relações públicas que eclipsa por completo seu verdadeiro status quo político.
Não se trata de um estado laico.
Israel gosta de intimidar, constranger e assassinar os Palestinos que ainda insistem em viver confinados nos bantustões criados na Cisjordânia ocupada e no maior campo de concentração da história: a Faixa de Gaza.
Israel tem licença para matar, mutilar, sequestrar e confinar, armado e financiado pelos Estados Unidos, e tolerado pela Organização das Nações Unidas, esse braço soft do imperialismo global.
Assim, age sem nenhum constrangimento, com um único e sistemático objetivo: eliminar os árabes ainda remanescentes no que sobrou do território pulverizado da Palestina Histórica.
Nada é mais criminoso do que a limpeza étnica sistemática da minoria árabe confinada dentro de muros altos e amplos construídos para esconder o maior crime da segunda metade do século 20. É o maior crime contra a humanidade da segunda metade do século 20!
Quando você ouvir que é um assunto complexo demais para ser entendido e que não lhe diz respeito, chegou a hora de confrontar mais essa mistificação. Não é tão difícil de entender, basta ler os livros e os historiadores sérios e comprometidos em desfazer mal-entendidos fabricados. Ilan Pappe, Noam Chomsky e Norman Finkelstein estão aí pra isso. Qualquer outra “posição” não passa de veemente cumplicidade. Basta ousar saber.
O Sionismo é uma ideologia, um integrismo e um nacionalismo furioso que, para sobreviver, exibe uma fundamentação tosca sobre os direitos adquiridos de uma coletividade que se crê eleita por deus. Hitler acreditava na supremacia branca, achava, em sua mente perturbada, que os genes do homem branco eram mais sofisticados e preciosos.
Os Sionistas, que comandam a vida dos Israelenses e tutelam a vida dos Palestinos, declaram com orgulho que as terras lhes foram prometidas por alguma entidade celeste. Trata-se do mesmo delírio de excepcionalidade.
Dizer que seja uma democracia, que é legítimo seu direito de defesa no caso dos Palestinos de Gaza, que são vítimas de árabes bárbaros, é fruto de um gigantesco sistema de propaganda que faria Joseph Goebbels renascer dos mortos.
[Lembremos de que o Hamas é um Exército de Libertação Nacional. E de que todos que lutam ao lado da Palestina estão lutando contra o colonialismo e o imperialismo.]
Os Sionistas são a quintessência da intolerância e do horror, o horror abismal de que falava Joseph Conrad no seu clássico O Coração das Trevas.
É incrível como, passados 60 anos, eles nada mais sejam do que a continuação da linhagem daqueles que com a mesma arrogância e atrevimento eliminaram judeus europeus nos sombrios campos de extermínio nazis. Tais verdugos da SS e os atuais carrascos do Exército de Israel prestam um desserviço àquilo que conhecemos como Humanidade.
É surreal que as maiores vítimas da história sejam hoje executores cínicos e impiedosos. Só isso bastaria para acelerar a nossa capacidade de ficar ao lado das vítimas e tomar uma posição. Isso não apenas engrandeceria o debate, mas enriqueceria nossas vidas.
RODRIGO JARDIM
Nenhum comentário:
Postar um comentário