Há gente que acha que ser mãe é padecer no inferno mesmo, sem nada de paraíso. A antropóloga francesa Elisabeth Badinter está causando furor em seu país com o livro "O Conflito - A Mãe e a Mulher". Ela vai na direção contrária das revistas femininas e diz que não, não dá para ter tudo. É impossível se realizar como profissional, mãe, esposa e amante, tudo ao mesmo tempo. E que os filhos são o mais perfeito instrumento que o homem encontrou para dominar a mulher. Claro que mme. Badinter pega pesado, mas sua crítica à hipervalorização dos filhos como o centro do universo me parece válida. Procriar não é para todo mundo, assim como casar: a sociedade devia parar de estabelecer esses dois objetivos para todas as pessoas, simplesmente porque não dá certo. Muita gente está reclamando do livro, que aliás segue um raciocínio tipicamente francês: "cuidar da petizada rouba o tempo precioso em que eu deveria estar estudando filosofia ou cuidando da minha cútis". O mais curioso é que a autora tem três filhos adultos, todos felizes e bem-ajustados.
Badinter é autora de outro livro - já clássico e na mesma linha - de nome "O mito do amor materno", onde descreve a construção do papel de mãe devotada que parece hoje "natural" mas que é um traço cultural relativamente recente. O livro é um petardo contra esse que é um mito bem arraigado. Badinter é casada com o ex-Ministro da Justiça da França Robert Badinter, mas sempre se destacou com luz própria.
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