quarta-feira, 27 de maio de 2009

"Das Wiesse Band" - Michael Haneke


"Das Weisse Band" (A Fita Branca) do diretou austríaco Michael Haneke se passa em 1913, às vésperas da eclosão da Primeira Guerra Mundial, em um pequeno vilarejo na Alemanha. O barão, o pastor, o camponês, o médico e suas famílias vivem sob a ordem e a lei de Deus. Os pais são extremamente severos com seus filhos, com uma educação que não permite deslizes ou compaixão.

Até que estranhos acidentes começam a ocorrer e tomam a forma de um ritual punitivo. Mas punição a quê? Quem estaria por trás dessas agressões? Um professor, apaixonado pela governanta de uma das famílias, narra a história anos depois do ocorrido.

Haneke retorna com os elementos que fazem a força do seu cinema - o mistério dolorido de "Caché", a relação agressiva e autodestrutiva de "A Professora de Piano" - e acrescenta uma austeridade que lembra os filmes de Bergman. O pastor, por exemplo, remete diretamente ao pai severo de "Fanny e Alexandre".

Como sempre, essa boa história traz por baixo grandes reflexões políticas. Afinal, essa vida de muita rigidez, relações secas, cheias de hipocrisia e sem nenhum amor, que não aceita o erro ou o defeito (próprio ou nos outros), de alguma maneira conduziu à ascensão de Hitler e ao regime nazista alguns anos depois.

"Se um ideal, seja ele político ou religioso, se torna absoluto, ele torna-se inumano. Todos nós temos um ideal, mas não o seguimos sempre. Quando uma pessoa age 100% pelo seu ideal, está a um passo do terrorismo. E isso não vale só para a Alemanha nazista, mas para todas as sociedades", disse Haneke na entrevista coletiva.

domingo, 24 de maio de 2009

Soluções Alemãs - Quartier Schützenstraße








"Quartier Schützenstrasse" consiste de um bloco-quarteirão definido pelas ruas Schützenstrasse, Markgrafenstrasse, Zimmerstrasse e Charlottenstrasse construido entre 1994-1998.
O projeto está organizado em torno de dois pátios grandes e dois pátios pequenos interiores que enchem o bloco com a luz. A idéia é revitalizar a área mantendo o padrão dos antigos edifícios do século 19 destruídos na 2ª Guerra Mundial.
Plano mestre e design: Aldo Rossi

sábado, 23 de maio de 2009

Ateístas

Frases céticas de personalidades famosos, para se pensar:



"A Bíblia foi interpretada para justificar práticas más tal como, por exemplo, a escravidão, a carnificina de prisioneiros de guerra, os sádicos assassinos de mulheres acusadas de serem bruxas, punição capital por centenas de ofensas, poligamia e crueldade com animais. Foi usada para encorajar a crença na mais grosseira superstição e para desencorajar o livre ensino de verdades científicas. Nós não devemos nunca esquecer que, bem e mal, fluem da bíblia. Ela, portanto, não está acima da crítica."
Steve Allen

"Lida propriamente, a Bíblia é a força mais potente para o ateísmo jamais concebida."
Isaac Asimov

"O fato que um crente é mais feliz do que um cético não é mais pertinente do que o fato que um homem bêbado é mais feliz do que um sóbrio. A felicidade da credulidade é uma qualidade barata e perigosa."
George Bernard Shaw

"Se você é um criacionista, por que você tenta falar sobre ciência? Você não tem fé? Você não acredita que Deus fez tudo? Por que você até mesmo considera a ciência?"
M. Smith-Slattery

"O cientista anseia encontrar e por fim compreender a verdade;O homem religioso quer que a verdade se encaixe em seu molde preconcebido.Então, como resultado...O cientista altera a sua percepção conforme os fatos;O homem religioso tenta mudar os fatos conforme suas crenças."
Anônimo

"Ser um ateu requer força mental, honestidade e bondade de coração encontradas em um entre milhares."
Samuel Taylor Coleridge, poeta, crítico, jornalista e filósofo Inglês

"A quem não é capaz de suportar virilmente esse destino de nossa época (intelectualização, secularização e racionalização) só cabe dar o seguinte conselho: volta em silêncio, com simplicidade e recolhimento, aos braços abertos e cheios de misericórdia das velhas igrejas, sem dar a teu gesto a publicidade habitual dos renegados. E elas não dificultarão este retorno. De uma forma ou de outra ele tem que fazer o 'sacrifício do intelecto' - isso é inevitável".
Max Weber

"Eu condeno os falsos profetas, eu condeno o esforço para afastar o poder da decisão racional, drenar das pessoas sua liberdade de escolha - e um montão de dinheiro na barganha. As religiões variam no seu grau de idiotice, mas eu rejeito-as todas. Para a maioria das pessoas, a religião é nada mais do que um substituto para o mal funcionamento do cérebro."
Gene Roddenberry, Criador da série Jornada nas Estrelas

"A Maioria das pessoas preferiria morrer à pensar; de fato, muitas o fazem."
Bertrand Russell

"Se você quiser salvar o seu filho da pólio, você pode rezar ou você pode vacinar... Tente a ciência."
Carl Sagan

"Duas mãos trabalhando fazem mais que milhares unidas rezando."
Anônimo

"A religiao é o que impede o pobre de matar o rico."
Napoleão Bonaparte

"Em última análise toda teologia, seja Cristã ou qualquer outra, é um maravilhoso exercício em lógica baseada em premissas que não são mais verificáveis - ou plausíveis - que a astrologia, quiromancia ou a crença no Coelho da Páscoa. A teologia pretende procurar a verdade, mas nenhum método poderia levar uma pessoa para mais longe da verdade do que essa charada intelectual. O propósito mais importante da teologia é perpetuar o status quo religioso. A religião, por sua vez, procura manter a estabilidade social necessária para sua própria preservação."
Joseph L. Daleiden, "The Final Superstition: A Critical Evaluation of Judeo-Christian Legacy", p.386

"Eu era ortodoxo na época em que estive a bordo do Beagle. Lembro-me de provocar gargalhadas em vários oficiais por citar a Bíblia como uma autoridade incontestável (...). Nesse período, entretanto, percebi pouco a pouco que o Velho Testamento (...) não merecia mais confiança do que os livros sagrados dos hindus ou as crenças de qualquer bárbaro. (...) Eu não estava disposto a desistir de minha crença com facilidade, lembro-me das inúmeras vezes em que inventei devaneios com a descoberta de antigas cartas entre romanos ilustres e de antigos manuscritos em Pompéia, ou em algum outro lugar, que confirmassem de maneira admirável tudo o que estava escrito nos Evangelhos. Mas eu tinha uma dificu1dade cada vez maior, soltando as rédeas de minha imaginação, de inventar provas suficientes para me convencer. Fui tomado lentamente pela descrença, que acabou sendo completa. A lentidão foi tamanha que não senti nenhuma aflição, e desde então nunca duvidei de que minha conclusão foi correta. Aliás, mal comigo entender como alguém possa desejar que o cristianismo seja verdadeiro."
Charles Darwin, Autobiografia 1809 – 1882

"A ignorância suplica confiança mais freqüentemente do que o conhecimento: são aqueles que sabem pouco, e não os que sabem muito, que afirmam tão positivamente que esse ou aquele problema nunca serão resolvidos pela ciência."
Charles Darwin, Introdução, The Ascent of Man, 1871

"Eu sou contra a religião porque ela nos ensina a nos satisfazermos ao não entender o mundo."
Richard Dawkins

"A fé é poderosa o suficiente para imunizar as pessoas contra todos os apelos de piedade, de perdão, de sentimentos decentes humanos. Ela até as imuniza contra o medo, se elas honestamente acreditarem que a morte de um mártir irá levá-las diretamente ao paraíso. Que arma! A fé religiosa merece um capítulo para si mesma nos anais da tecnologia de guerra em pé de igualdade com o arco-e-flecha, o cavalo de guerra, o tanque, e a bomba de hidrogênio."
Richard Dawkins, O Gene Egoísta

"Se render à ignorância e chamá-la de Deus sempre foi prematuro, e continua prematuro até hoje."
Umberto Eco

"Foi, é claro, uma mentira o que você leu sobre minhas convicções religiosas, uma mentira que está sendo sistematicamente repetida. Eu não acredito em um Deus pessoal e eu nunca neguei isso mas expressei claramente. Se existe algo em mim que pode ser chamado de religioso, esse algo é a admiração ilimitada pela estrutura do mundo tão longínqua quanto a nossa ciência pode revelar."
Albert Einstein, físico Americano nascido Alemão

"Religião não serve para todos. Orações podem trazer consolo para o esgotado, o fanático, o limitado, o ignorante e o preguiçoso - mas para o culto é o mesmo que pedir para o Papai Noel trazer algo para o Natal."
W. C. Fields

"As mulheres ainda sentirão orgulho por não terem jamais contribuído uma linha sequer na redação da Bíblia."
George W. Foote

"[É] possível atrever-se a considerar a neurose obsessiva como o correlato patológico da formação de uma religião, descrevendo a neurose como uma forma de religiosidade individual, e a religião como uma neurose osessiva cultural."
Sigmund Freud, Atos obsessivos e práticas religiosas-1907 (Enviada por Mauricio Fernandes Lucio)

"Já uma vez antes, como crianças de tenra idade, nos encontramos em semelhante estado de desamparo, em relação a nossos pais. Tínhamos razões para temê-los, contudo estávamos certos de sua proteção. Com relação à distribuição dos destinos, persiste a desagradável suspeita de que a pereplexidade e o desamparo da raça humana não podem ser remediados. Isto justifica o anseio do homem pelo pai e pelos deuses, que mantém sua tríplice missão: exorcizar os terrores da natureza, reconciliar os homens com a crueldade do destino, particularmente a demonstrada pela morte, e compensá-los pelos sofrimentos e privações que a vida lhe impôs. Assim se criou a religião, da necessidade que tem o homem de tolerar o desamparo, e construída com o material das lembranças do desamparo de sua própria infancia, na continuação de um protótipo infantil universal."
Sigmund Freud, O Futuro de uma Ilusão

"A religião é comparável com uma neurose da infância."
Sigmund Freud, psicólogo Austríaco

"Religião organizada: O maior esquema pirâmide do mundo."
Bernard Katz

"Quando os missionários chegaram pela primeira vez na nossa terra, eles tinham as Bíblias e nós tínhamos a terra. Cinqüenta anos depois, nós tínhamos as Bíblias e eles tinham a terra."
Jomo Kenyatta, primeiro Presidente do Quênia após a independência

"A beleza da mania religiosa é que ela tem o poder de explicar tudo. Uma vez que Deus (ou Satã) são aceitos como a primeira causa de tudo que acontece no mundo mortal, nada é deixado à sorte... a lógica pode ser alegremente jogada pela janela."
Stephen King

"Ubi dubium ibi libertas (Onde há dúvida, há liberdade)"
Provérbio Latino

"As experiências religiosas são como aquelas induzidas por drogas, álcool, doença mental e privação de sono: Elas não contam nenhuma estória uniforme ou coerente, e não há qualquer teoria plausível para justificar as discrepâncias entre elas."
Michael Martin, "Ateísmo: Uma Justificação Filosófica"

"O invisível e o inexistente se parecem muito."
Delos B. McKown, Ph.D. Professor americano, filósofo, autor, ex-padre

"O criacionismo foi criado. A evolução evolui."
John Nicholson


Redenção

Etimologicamente Redenção vem de redimir, remir que significa adquirir de novo, libertar, compensar, reparar... Para os cristãos, Jesus redime a humanidade pagando o preço com sua paixão e morte na cruz.Do ponto de vista judaico, redenção significa estar redimido de todo o mal. Males do corpo e da alma, males da criação e da cultura.
O Cristo Redentor é um monumento localizado no topo do morro do Corcovado, a 709 metros acima do nível do mar inaugurado em 12/10/31, desenhado pelo escultor parisiense Paul-Maximilien Landowski. A estátua é considerada a maior obra de estilo art nouveau do mundo.
Em 2007 o Cristo Redentor, juntamente com outros 6 lugares do planeta foi eleito numa votação mundial uma das Maravilhas do Mundo Moderno, reforçando sua simbologia de Ícone Nacional.
Os direitos de uso comercial da imagem de Cristo no Corcovado pertencem à Mitra Arquiepiscopal do Rio de Janeiro. Por isso houve uma grande polêmica quando a imagem da estátua foi usada na propaganda da cachaça Sagatiba.














sexta-feira, 22 de maio de 2009

Wall Street 2

Wall Street 2
A crise não perdoa e a Twentieth Century Fox já esta preparando uma sequencia de "Wall Street" (1987), onde Michael Douglas vestirá mais uma vez a pele de Gordon Gekko, um especulador sem escrúpulos, depois deste ter cumprido a sua pena de prisão. Michael Douglas ganhou o Oscar do melhor ator quando interpretou Gekko em "Wall Street".

"Wall Street" (1987) é um filme do diretor Oliver Stone que acerta em cheio uma série de perversões do ultra-liberalismo econômico. Se acreditássemos em bruxas "Wall Street" seria uma profecia do devaneio econômico das décadas que se seguiram. Há que reconhecer mérito em Oliver Stone, que ainda nos anos 80 antecipou práticas sobre o funcionamento dos mercados como o desfasamento entre o lucro e a produção. Percebeu também que os primeiros a pagar as más práticas econômicas de investidores e de especuladores são os trabalhadores, representados no filme pelos empregados da companhia aérea regional Blue Star. Oliver Stone sublinha esta relação causa-efeito ao aproximar a alta finança e o mundo do trabalho através do envolvimento de Carl Fox (Martin Sheen), um trabalhador da Blue Star, nas negociatas do seu filho Bud Fox, um corretor da bolsa (Charlie Sheen).O filme é um magnífico registro de como esta crise começou, sobretudo quando pensamos que o filme de Oliver Stone foi subestimado no momento em que estreou. Vamos aguardar a sequência.

Oclocracia



A Oclocracia (do grego okhlos, multidão/ralé/plebe e kratos, poder) pode ser definida como o abuso que se instala no governo democrático quando pessoas de conduta errática se tornam senhores dos negócios públicos.

Para Aristóteles, ochlokratía significava "governos dos piores", onde prepondera a plebe, a multidão e onde o poder é por ela exercido. Não é, rigorosamente, uma forma de governo, mas uma situação crítica que vivem instituições ao sabor da erraticidade e irracionalidade de seus condutores. Indica portanto, o jugo imposto pela "ralé" sic ao poder legítimo e à lei, fazendo valer os seus intentos acima de quaisquer questionamentos éticos.

Em uma situação de Oclocracia ocorre uma ampla contaminação da perda do discernimento da sociedade sobre o que é certo e errado, uma vez que as condutas erráticas passam a ser aceitas e "normais", até mesmo pelas elites.

É claro que a mobilidade social existente no mundo moderno é louvável, mas também não se pode negar que o acesso de indivíduos de conduta questionável nas instituições é extremamente facilitado e permitido. Os chamados "emergentes" ascendem com grande velocidade à elite governamental e financeira, sem no entanto que sua ascenção - algumas vezes por meios escusos - tenha a mesma evolução e respaldo no campo ético-moral e intelectual.

Os sinais dessa degeneração estão bastante visíveis em inúmeros setores da sociedade:

Política
Na democracia (governo do povo, da maioria), uma vez que um governo eleito democraticamente é nada mais do que reflexo de seus cidadãos, é alto o risco desse governo degenerar para uma Oclocracia, devido ao baixo rigor ético-moral de sua população. A livre democracia termina por alçar à elite política, elementos de condutas duvidosas, onde até mesmo candidatos com comprovada ficha criminal conseguem eleger-se.

Policia
A instituição que tem a função de promover a ordem, degenerou a tal ponto que transformou-se em sua antítese. Em vez de combater a criminalidade, tornou-se a principal fomentadora da corrupção cotidiana, que vão de pequenas extorsões e conluios até a formação de milícias organizadas.

Justiça
Desvirtuou-se de sua função e passou a funcionar meramente como um instrumento de locupleção e vantagens financeiras, com a omissão e patrocinio dos proprios juizes. Pode-se dizer que a justiça de hoje virou um casino, uma loteria. São cada vez mais comum as condutas questionáveis de advogados que atuam como verdadeiros marginais com o respaldo da própria lei.

Corporações
Não há duvidas que as práticas danosas das corporações empurraram o mundo para a recente crise mundial uma vez que a ordem é maximizar os lucros sem se preocupar com as consequências. Para atingir metas muitas vezes questionáveis, os executivos e funcionários acabam por perder o discernimento e a fazer o que dá mais lucro, negligenciando o que é correto e ético.

Jornalismo
Os órgãos de imprensa e mídia também chamados "Quarto Poder" travam entre si uma verdadeira guerra pela audiência e ibope, levando os editores e jornalistas a deixar de lado o rigor e a sobriedade profissional e renderem-se ao sensacionalismo, ao tendenciocismo e à baixa qualidade da informação.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Gomorra

"Imagine uma cidade
Construida pelo crime
Imagine seu povo
Dominado pelo medo
Imagine o sistema
Envenenado pela corrupção
Ninguém é inocente
Nenhum lugar é seguro
Ninguém se salva"

Não, não é o Rio de Janeiro
A cidade é Napoles, Itália

Gomorra" é um filme de Matteo Garrone baseado na obra do mesmo nome do jornalista napolitano Roberto Saviano. Saviano está sob ameaça de morte desde 2006, residindo em local secreto e vigiado por uma escolta policial permanente. "Gomorra" é uma ficção construída a partir de investigações realizadas por Saviano sobre a rede econômica da Camorra em Nápoles, em particular sobre as negociatas que envolvem o tráfico de droga, o tráfico de lixo tóxico e a exploração na industria de confecções.
Tendo em conta a atual situação da Itália, onde a criminalidade é indecentemente imputada aos ciganos e aos estrangeiros, "Gomorra" é um filme oportuno que refresca a memória dos mais distraídos, aqueles para quem os crimes da máfia passaram a ser matéria corrente e por isso esquecidos. Tal como o demonstra "Gomorra", a violência da Camorra não é comparável aos pequenos crimes que são imputados aos ciganos, é uma violência brutal e permanente que não tem paralelo em toda a Europa, é uma violência de uma cidade que em grande parte é terra de ninguém. Ali em Nápoles, tal como na Sicília, Berlusconi não tem pulso para tomar o mesmo tipo de medidas securitárias que tem implementado no resto do país contra os ciganos."Gomorra" é composto por quatro histórias paralelas, cada uma abordando diferentes setores de influência da Camorra e diferentes níveis de atuação, do pequeno bandido que trabalha por conta própria ao baronato que gere as redes locais.
"Gomorra" representa a violência com muita crueza a par com as raras ilhas de dignidade que algumas mulheres e homens tentam manter no meio do caos social, embora pagando por isso o preço mais elevado. O filme é falado em dialeto napolitano, opção que lhe confere mais autenticidade, mas obriga a ler as legendas mesmo quem fala italiano.







domingo, 17 de maio de 2009

Níveis de Consciência

Níveis de Consciência:
1) O mundo mais elementar. Neste mundo, representado pelos degraus mais baixos da escada, reina a ignorância e o medo. O indivíduo que vive nele só se interessa pelo que o beneficia sem importar-se se fere ou destrói outros. É corrupto, capaz de qualquer ação prejudicial ou criminal. Não existe consciência nele, porque aquela parte do ser humano ainda não foi desenvolvida. É inseguro, sente-se sozinho, é agressivo e qualquer argumento serve para iniciar violência. Desconfia de tudo e de todos. O mundo dele é um verdadeiro mundo cão.

2) Despertando a consciência. Subimos alguns degraus da escada e o nosso mundo se transforma. O indivíduo que vive neste mundo já tem noção do "certo" e "errado". Evita atos criminais, não porque é algo que possa prejudicar outros, mas porque tem medo das conseqüências que sabe, podem muito bem ser negativas para ele.

3) Desenvolvendo a consciência. Agora estamos no meio da escada e o nosso mundo se transforma de novo. Já subimos bastante degraus, mas faltam também bastante degraus para subir. À medida que o homem começa a compreender-se melhor e ter confiança em si e suas realizações, abre-se a sua mente ao que há de bom e construtivo na vida. A auto-estima cresce, se fortalece e ele sente-se satisfeito com o próprio desempenho. Compreende que não está só no mundo, mas é parte da humanidade. Ele sabe compartilhar, abraçar outros. Vive num mundo bem diferente do mundo elementar.

4) O indivíduo que se descobriu (ou se encontrou). Este indivíduo chegou ao topo da escada. Descobriu sua força e riqueza interior. Sente satisfação e harmonia e está totalmente aberto para a vida. Não ignora os aspectos negativos da vida em geral, mas dirige a sua atenção ao que existe de bom e positivo e colabora até onde pode para melhorar a vida de outros, pois sente-se rico e quer retribuir. Sente amor. O amor é na verdade o sentimento positivo mais potente que existe, porque nele não há sombra de medo.

Todos nós projetamos aquilo que sentimos. Para contribuir para a felicidade de outros, você tem de sentir-se feliz. A pessoa infeliz ou descontente não consegue acrescentar nada de positivo na vida de ninguém. Irradiamos e respondemos de acordo com aquilo que sentimos, porque o sentimento é a essência de nossa vida.

Divã

Divã conta a história de Mercedes.

Mercedes é uma mulher que não tem do que reclamar: é bonita, bem vivida, casada, mãe de dois filhos, sempre próxima a sua melhor amiga Mônica e é muito feliz. Aparentemente a vida dela é perfeita, o que desperta a curiosidade dela mesma em descobrir o porquê de sua vida ser tão completa. É quando Mercedes resolve fazer análise com um psicanalista, Dr. Lopes, para descobrir o motivo de não ver nem a sombra dos problemas.

O que Mercedes não imaginava era que sua vida iria mudar a partir do dia em que ela entrasse naquele consultório. Ao longo de seu tratamento psicológico, Mercedes descobre muitas insatisfações próprias, assim como a necessidade de se conhecer cada vez mais fundo, a vontade de aproveitar cada momento, de realizar sonhos e desejos que não sabia que existia.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Abolição vs Palmares

Dia 13 de maio comemora-se mais de 120 anos de Abolição da Escravidão, certamente uma das datas mais importantes e emblemáticas da história do Brasil. No entanto serão muito tímidos os festejos de comemoração à redenção. Isso porque interesses corporativistas terminaram por tirar todo o brilho e importancia que a data representa.
A partir da década de 1970, os dirigentes do movimento negro numa atitude de conotação racista passaram a rejeitar o dia 13 de Maio, dia da Abolição da Escravatura por enfatizar muitas vezes a "generosidade" da princesa Isabel, ou seja, ser uma celebração de um "ato de bondade de uma branca".

Não há como negar: a Princesa Isabel foi realmente a grande protetora dos abolicionistas. Financiava a alforria de ex-escravos com seu próprio dinheiro e apoiava a comunidade do Quilombo do Leblon, que cultivava camélias brancas, símbolo do abolicionismo. Ao assinar a Lei Áurea, contrariou os latifundiários sacrificando dessa forma o próprio reinado à causa dos negros.Escreveu o abolicionista Joaquim Nabuco: "No dia em que a Princesa Imperial se decidiu ao seu grande golpe de humanidade, sabia tudo o que arriscava. A raça que ia libertar não tinha para lhe dar senão o seu sangue, e ela não o queria nunca para cimentar o seu trono. Mas ela não hesitou: uma voz interior disse-lhe que um grande dever tem que ser cumprido, ou um grande sacrifício que ser aceito. Se a Monarquia pudesse sobreviver à abolição, esta seria o apanágio. Se sucumbisse, seria o seu testamento..."
O Barão de Cotegipe, ao cumprimentar a princesa, vaticinou: "Vossa Alteza libertou uma raça, mas perdeu o trono". Mas a Princesa não hesitou em responder: "Mil tronos eu tivesse, mil tronos eu daria para libertar os escravos do Brasil". Isabel era partidária de outras idéias modernas, como o sufrágio feminino e a reforma agrária. Documentos recentemente descobertos revelam que a princesa estudou indenizar os ex-escravos com recursos do Banco do Brasil e do Banco Mauá.
Para substituir o culto à Princesa Isabel o Movimento Negro decidiu procurar uma figura mais combativa e de sua própria raça. Na ausência de personagens mais adequados optou-se pela escolha de Zumbi, que reuniu escravos fugidos num Quilombo em Palmares (AL). Assim todo e qualquer reconhecimento aos esforços da "branca" Princesa Isabel foram abandonados pelo movimento.

Não bastou, nem mesmo que inúmeros pesquisadores e historiadores, tenham se apressado a advertir que a luta de Palmares não era contra a iniqüidade desumanizadora da escravidão. Ao contrário, muitos escravos de engenho eram capturados e convertidos em cativos dos quilombos. Só era alterada a subjugação de senhores brancos para negros. E se algum desses escravos fugissem dos Palmares, eram enviados negros no seu encalço e, se capturado, tinham que ser executados pela ‘severa justiça’ do quilombo.
Erra portanto, o movimento negro, que por razões puramente racistas, optou por desprezar uma figura virtuosa por outra errática. Isso faz com que se questione quais valores o Movimento Negro defende ? O MN não pode menosprezar valores como Honestidade, Caráter, Justiça etc uma vez que não são valores dos "brancos" e sim valores universais. Martin Luther King sonhou com o dia em que viveria em um mundo onde as pessoas não seriam julgadas pela cor da sua pele, mas pela força do seu caráter. O Movimento Negro pensa diferente.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Essa Sociedade merece Sobreviver ?

O atual Presidente da Assembleia Geral da ONU, Miguel d’Escoto Brockmann, ex-chanceler da Nicarágua sandinista, está conferindo rosto novo à entidade. Tem criado grupos de estudo sobre os mais variados temas que interessam especialmente à humanidade sofredora como a questão da água doce, a relação entre energias alternativas e a seguridade alimentar, a questão mundial dos indígenas e outros.

O grupo talvez mais significativo, envolvendo grandes nomes da economia, como o prémio Nobel Joseph Stiglitz é aquele que busca saídas coletivas para a crise econômico-financeira. Todos estão conscientes de que os G-20, por mais importantes que sejam, não conseguem representar os demais 172 países onde vivem as principais vítimas das turbulências atuais. D’Escoto pretende nos dias 1, 2 e 3 de junho do corrente ano reunir na Assembléia da ONU todos os chefes de estado dos 192 países membros para juntos buscarem caminhos sustentáveis que atendam à toda a humanidade e não apenas aos poderosos.

O mais importante, entretanto, reside na atmosfera que criou de diálogo aberto, de sentido de cooperação e de renúncia a toda a violência na solução dos problemas mundiais. Sua sala de trabalho está coberta com os ícones que inspiram sua vida e sua prática: Jesus Cristo, Tolstoi, Gandhi, Sandino, Chico Mendes entre outros. Todos o chamam de Padre, pois continua padre católico, com profunda inspiração evangélica. Ele é homem de grande bondade que lhe vem de dentro e que a todos contagia.

Foi sob sua influência que o Presidente da Bolívia Evo Morales pôde propor à Assembleia Geral que se votasse a resolução de instaurar o dia 22 de Abril como o Dia Internacional da Mãe Terra, o que foi aceito unanimemente. Foi honroso para mim poder expôr aos representantes dos povos os argumentos científicos, éticos e humanísticos desta concepção da Terra como Mãe.

Tudo isso parece natural e óbvio e de um humanismo palmar. Entretanto – vejam a ironia – representantes de países ricos acham o comportamento do Padre muito esquisito. Apareceu há pouco tempo um artigo no Washington Post fazendo eco a esta qualidade. Dizia o articulista que Miguel d’Escoto fala de coisas estranhíssimas que nunca se ouvem na ONU tais como solidariedade, cooperação e amor. Em seus discursos saúda a todos como irmãos e irmãs (Brothers and Sisters all). Mais estranho ainda, diz o articulista, é o fato de que muitos representantes e até chefes de estado como Sarkosy estão assumindo a mesma linguagem estranha.

Meu Deus, em que nível do inferno de Dante nos encontramos? Como pode uma sociedade construir-se sem solidariedade, cooperação e amor, privada do sentimento profundo expresso na Carta dos Direitos Humanos da ONU de que somos todos iguais e por isso irmãos e irmãs?
Para um tipo de sociedade que optou transformar tudo em mercadoria: a Terra, a natureza, a água e a própria vida e que coloca como ideal supremo ganhar dinheiro e consumir, acima de qualquer outro valor, acima dos direitos humanos, da democracia e do respeito ao ambiente, as atitudes do Presidente da Assembleia da ONU parecem realmente estranhíssimas. Elas estão ausentes no dicionário capitalista.

Devemos nos perguntar pela qualidade humana e ética deste tipo de sociedade. Ela representa simplesmente um insulto a tudo o que a humanidade pregou e tentou viver ao longo de todos os séculos. Não sem razão está em crise que mais que econômica e financeira é crise de humanidade. Ela representa o pior que está em nós, nosso lado demens. Até financeiramente ela se mostrou insustentável, exatamente no ponto que para ela é central.

Esse tipo de civilização não merece ter futuro nenhum. Oxalá Gaia se apiade de nós e não exerça sua compreensível vingança. Mas se por causa de dez justos, consoante a Bíblia, Deus poupou Sodoma e Gomorra, esperamos também ser salvos pelos muitos justos que ainda florescem sobre a face da Terra.

O teólogo Leonardo Boff é autor de Do iceberg à Arca de Noé, (Garamond,Rio.)