domingo, 16 de setembro de 2007

Prioridade: Planejamento Familiar


Sem planejamento
No Rio, famílias com menor renda e estudo têm mais filhos

Rio - Eleito prioridade pelo governo do estado, o planejamento familiar ainda está na prancheta no Rio. As operações de laqueadura e vasectomia — esterilizações garantidas por lei à população — estão suspensas desde outubro no único hospital estadual responsável pelo serviço, o Rocha Faria, em Campo Grande. O estado promete retomar o atendimento em uma semana. Enquanto isso, famílias de baixa renda e pouca ou nenhuma escolaridade fazem crescer a prole.

O tema está entre as prioridades também do governo federal, que anunciou este mês a intenção de produzir a pílula anticoncepcional genérica. O planejamento familiar é assunto de série de reportagens que começa hoje em O DIA.

Dados do IBGE de 2005 mostram que, quanto menores o tempo de estudo e a renda familiar do brasileiro, maior o número de filhos. No estado, mais de 30% das mães com até três anos de estudo têm 5 ou mais filhos. Entre progenitores com Ensino Superior completo, menos de dois em cada 100 têm tantos herdeiros.

PLANEJAMENTO EM ALTA

Polêmico e historicamente evitado por políticos, o planejamento familiar ganhou os palácios do poder. Na Assembléia Legislativa do Rio, recém-criada comissão especial sobre o tema, propõe parceria com o Executivo para tirar o plano do papel. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez apologia à camisinha.

Sérgio Cabral, que se submeteu a vasectomia, quer estimular a operação, através de campanhas na mídia.

Mas os métodos irreversíveis são insuficientes para garantir planejamento familiar a todos. Por isso, a atenção aos mais jovens — impedidos por lei de realizar a esterilização — faz parte dos planos do estado. “Temos de levar informação à sala de aula e ganhar a confiança dos alunos”, observa o secretário estadual de Educação, Nelson Maculan. Primeiro passo foi dado: a campanha, estrelada pela cantora de funk Perlla, contra a gravidez precoce. O problema representa gasto de R$ 14 milhões anuais à rede pública no estado. Nascer em berço esplêndido requer planejamento de pais e governos.

Inscrições para cirurgia mês que vem

Em 2003, o Hospital Rocha Faria — referência em esterilização na rede estadual — realizou 1.175 ligaduras de trompas e 480 vasectomias. No ano passado, passaram pelo serviço 190 mulheres e menos de 60 homens. Coordenador do programa e vice-diretor da unidade, Gilberto de Oliveira Lima observa que o serviço fora suspenso na administração anterior. Com a reforma, a unidade planeja realizar de cinco a 10 vasectomias e de 10 a 15 laqueaduras semanais. “Os homens procuram menos o serviço”, destaca. A partir de abril, a unidade receberá inscrições para as operações. A novidade será comunicada segunda-feira aos postos de saúde da região, responsáveis pela apresentação do planejamento familiar e encaminhamento dos pacientes.

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