TENDÊNCIA À DISTRAÇÃO – Identificação e gerência do distúrbio de atenção (DDA) da infância à idade adulta
Hallowell & Ratey
- Síndrome neurológica caracterizada por certa facilidade para a distração e ao aborrecimento, uma tendência maior do que a média das pessoas a dizer ou a fazer o que quer que viesse a mente (impulsividade) e uma predileção por situações de grande intensidade.
- A síndrome de deficit de atenção na verdade apresenta um rótulo imperfeito pois na verdade é uma síndrome de inconstância de atenção. A maioria das pessoas que têm DDA é capaz de uma hiperconcentração da atenção. A hiperatividade pode estar presente ou não, na verdade, muitas crianças e adultos com DDA são um tanto sonhadores e calmos.
- Trata-se de uma síndrome distinta que requer uma investigação e tratamento. Quando não tratada , leva milhões de adultos e crianças a ser mal compreendidos e a se afligir sem nessecidade, ou mesmo a se sentir incapacitados.
- Quando se compreende tudo o que essa síndrome abrange, começa-se a vê-la em toda parte. Pessoas que você costumava considerar desorganizadas, maníacas, agitadas ou criativas, mas imprevisíveis, que você sabe que poderiam realizar mais se simplesmente pudessem concatear as coisas, que parecem desnorteadas na escola e em suas vidas profissionais, que chegaram ao topo mas continuam a se sentir agitadas ou perturbadas- essas podem ser pessoas que de fato têm distúrbio do deficit de atenção. Você pode mesmo reconhecer alguns dos sintomas em seu próprio comportamento. A melhor maneira de compreender o que é e o que não é DDA consiste em ver como esse distúrbio afeta a vida das pessoas. O diagnóstico de DDA não se baseia na simples presença dos sintomas, mas em sua gravidade e duração, e em extensão interferem na vida cotidiana. É muito comum que as pessoas com DDA se automediquem com álcool, maconha ou cocaína. Problemas de linguagem podem ocorrer de diferentes formas. Problemas receptivos de linguagem podem afetar tanto o que você capta como você expressa. Problemas expressivos de linguagem tanto o que a gente é capaz de escrever ou falar ou como o que é capaz de conceituar no cérebro.
- As pessoas com DDA são muito agradáveis, mas costumam escolher os caminhos mais difícieis. Podem ser extremamente irritantes, mas também podem ser simpáticos, intuitivos, solidários numa intensidade pouco comum, como se naquele emaranhado circuito cerebral houvesse uma capacidade especial de ver o interior das pessoas e das situações. Pessoas com DDA têm dificuldade em fazer uma coisa de cada vez. Os sintomas oficiais do DDA são inatenção, impulsividade e, ás vezes, mas nem sempre, hiperatividade ou excesso de energia. Essas pessoas não param quietas. São pessoas com alta energia, voltadas para a ação, sempre direto no assunto, “tenho-de-correr”. Têm vários projetos simultaneos, estão sempre seguindo em terreno pedregoso. Empurram as coisas com a barriga e têm dificuldade em concluir. Seu humor pode ser bastante instavel, com altos e baixos repentinos sem razão aparente. Podem ser irritadiças, até mesmo coléricas, especialmente quando interrompidas ou quando passam uma transição. Suas lembranças são cheias de lacunas. Têm devaneios frequentes. Adoram situações que envolvam estimulos fortes, ação e novidade. Inúmeros adultos com DDA adoram pilhas, pequenas e bagunçadas, grandes e bagunçadas, pilhas por toda a parte. São como um subproduto da atividade cerebral. Esse tipo de problema pode se manifestar no trabalho e também pode interferir em relacionamentos íntimos.
SINOPSE DO TRATAMENTO DO DDA
1) DIAGNOSE: O primeiro passo do tratamento é fazer o diagnóstico, que frequentemente acarreta um alívio considerável à medida que o individuo se sente assim: “Finalmente há um nome para isso!” A terapia começa aí.
2) EDUCAÇÃO: Quanto mais a pessoa aprende sobre DDA, mais eficiente se torna a terapia. Um conhecimento completo permite que você compreenda melhor onde afeta a sua vida e o que fazer a respeito. Também possibilita que você cumpra a etapa de explicá-lo a outras pessoas.
3) ESTRUTURAÇÃO: A estrutura se refere aos limites externos e ao controle de que as pessoas com DDA precisam com tanta urgencia. Ferramentas práticas e concretas, como listas, lembretes, sistemas de arquivos simples, cadernos de anotações, metas, planejamento do dia e coisas desse gênero podem reduzir bastante o caos interior de alguém com DDA, aumentando a proditividade e o senso de controle da pessoa.
4) COACHING TÉCNICO OU TREINAMENTO E/OU PSICOTERAPIA: A pessoa com DDA tirará grande proveito se contra com um instrutor, alguém jogando nas laterais com um apito no pescoço, soprando palavras de encorajamento, instruções e lembretes e, em geral, ajudando a manter as tarefas em dia.
5) MEDICAÇÃO: Existem vários medicamentos que podem ajudar a corrigir muitos dos sintomas do DDA, sendo o mais comum a Ritalina. O remédio funciona como um par de óculos, ajudando os individuos a concentrar a sua atenção. Também pode ajudar a reduzir a sensação de turbilhão interior e a ansiedade, tão comuns em pessoas com DDA. O remédio atua corrigindo o desequilibrio químico nos neurotransmissores, que no caso do DDA, ocorre em partes do cerebro responsáveis pela regulação da atenção, controle dos impulsos e do humor. Embora não seja a resposta para o problema, o medicamento pode proporcionar um alívio profundo e é bastante seguro quando usado de maneira apropriada.
DDA EM ADULTOS
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS SUGERIDOS PARA O DDA EM ADULTOS
A. UMA PERTURBAÇÃO CRÔNICA EM QUE PELO MENOS QUINZE ENTRE AS SEGUINTES CARACTERÍSTICAS ESTEJAM PRESENTES:
1.Uma sensação de baixo rendimento, de não atingir as próprias metas (independente do quanto a pessoa de fato realize). “Simplesmente não consigo me realizar”
2. Dificuldade em organizar-se. As pequenas coisas odem “amontoar-se”, criando enormes obstáculos.
3. Adiamento crônico do início de tarefas.
4. Muitos projetos tocados simultaneamente, dificuldade em levá-los adiante.
5. Tendência a dizer o que vem a mente, sem considerar o momento e a conveniência do comentário.
6. Busca frequente por forte estimulação.
7. Intolerância ao tédio.
8. Facilidade para distrair-se, problema de concentracão, tendência a se desligar ou ficar à deriva no meio de uma página ou diálogo, às vezes acompanhados de uma capacidade de hiperconcentração. A pessoa próxima percebe que ela não está ali.
9. Frequentemente criativo, intuitivo e muito inteligente.
10. Dificuldade de seguir caminhos preestabelecidos, em proceder de forma “apropriada”.
11. Impaciência. Baixa tolerância a frustração.
12. Impulsivo, verbalmente e nas ações – como gastar dinheiro impulsivamente, mudar de planos, fazer modificações em projetos profissionais.
13. Tendência a uma preocupação desnecessária e sem fim.
14. Sensação de insegurança.
15. Humor oscilante, lábil, sobretudo quando desvinculado de uma pessoa ou projeto. Essas variações não são tão acentuadas como as que se apresentam na depressão ou transtorno bipolar.
16.Inquietude. “Energia nervosa”
17. Tendência a comportamento aditivo ou viciado. Droga, álcool, maconha, cocaína; alguma atividade como: jogos, compras, comida ou trabalho.
18.Problemas crônicos de auto-estima.
19. Auto observação imprecisa.
20. Histórico familiar de DDA,transtorno bipolar, depressão, uso de substâncias, transtornos de impulsos.
B. HISTÓRICO DE DDA NA INFÂNCIA (pode não ter sido diagnósticado, mas os sinais e sintomas certamente estavam na infância).
C. SITUAÇÃO NÃO EXPLICADA POR OUTRA CONDIÇÃO MÉDICA OU PSIQUIÁTRICA.
Esses critérios baseiam-se na experiência clínica e enfatizam toda gama de sintomas associados ao DDA em adultos.
Paul Wender propõe um outro conjunto de critérios para o diagnóstico de DDA em adultos, utilizados por muitos pesquisadores nessa area. Esses critérios se concentram nos sintomas nucleares do DDA sem entrar em sintomas associados, ou achados, como o uso abusivo de substâncias ou história familiar. Nos referimos a esses critérios como “Critérios de Utah”.
1) História de DDA na infância com deficits de atenção e hiperatividade motora, junto com pelo menos uma das características a seguir: problemas de comportamento na escola, impulsividade, excitabilidade excessive e explosões de temperamento.
2) História, quando adulto, de problemas persistentes de atenção e hiperatividade motora associada a dois dos cinco seguintes sintomas: labilidade afetiva, temperamento esquentado, intolerância ao estresse, desorganização e impulsividade.
Seja qual for o diagnóstico tomado como referência, enfatizamos a import6ancia de a pessoa não se autodiagnosticar. É essencial que haja a avaliação de um medico para que se possam excluir outras possibilidades diagnósticas.
Não se tem uma definição concise para o DDA, em vez disso, temos que nos basear nas descrições dos sintomas que o definem. Essas definições, com frequência, concentram-se numa parte ou outra da síndrome, hipervalorizando este ou aquele aspecto. Quando nos concentramos em uma das partes da síndrome, arriscamo-nos a subestimar outra parte bem diferente. Se nos concentrarmos na desatenção, por exemplo, podemos esquecer o fato de que a maior parte das pessoas com DDA pode ter às vezes momentos de hiperconcentração. Ou, se nos concentrarmos na hiperatividade, podemos estar deixando de lado as muitas pessoas com DDA que são sossegadas e vivem em devaneios. É difícil recuar e ver que todos esses vários aspectos fazem parte de um todo maior. A nomenclatura diagnóstica formal reconhece apenas dois subtipos de DDA: com hiperatividade e sem hiperatividade. Alguns subtipos da prática clínica incluem: DDA sem hiperatividade, DDA com ansiedade, DDA com depressão, DDA com outros distúrbios da aprendizagem, DDa com agitação ou mania, DDA com abuso de substâncias, DDA na pessoa criativa, DDA com comportamento de alto risco, DDA com estados dissociativos, DDA com características de personalidade limítrofe, DDA com características de personalidade antisocial e DDA com distúrbio obsessivo compulsivo.
Em razão de muitos sintomas secundários do DDA se desenvolverem com o tempo, tais subtipos se aplicam principalmente ao DDA observado em adultos.