terça-feira, 4 de junho de 2013

Pessoas Menos Inteligentes tendem a ser Conservadores

Não é nova a idéia de que o conservadorismo e o preconceito estão ligados umbilicalmente. Vários estudos já realizados chegaram a essa conclusão. A novidade é que o posicionamento conservador e o preconceito podem estar ligados à baixa inteligência.
 
Um estudo feito por pesquisadores de uma universidade de Ontario, no Canadá, chegou a conclusões bastante interessantes: adultos de baixo QI ou com dificuldades cognitivas tendem a ter atitudes conservadoras e preconceituosas (racismo, homofobia, machismo etc).

O estudo foi dirigido pelos pesquisadores Gordon Hodson e Michael A. Busseri, do departamento de Psicologia da Universidade Brock, de Ontario, e foi publicado pela revista Psychological Science.
 
Os dados levam a crer que as pessoas menos inteligentes se sentem atraídas por ideologias conservadoras porque estas exigem menos esforço intelectual, pois oferecem estruturas ordenadas e hierarquizadas, onde o indivíduo pode se sentir mais confortável.
 
É bom deixar claro que inteligência nada tem a ver com escolaridade. Há vários exemplos históricos (como a Comuna de Paris ou a Revolução Russa) em que as classes mais baixas e com menos escolaridade se mostraram as únicas capazes de pensar de maneira progressista.
 
Hodson afirma que “menor capacidade cognitiva pode levar a várias formas simples de representar o mundo e uma delas pode ser incorporada em uma ideologia de direita, onde ‘pessoas que eu não conheço são ameaças’ e ‘o mundo é um lugar perigoso ‘…”.
 
A grande contribuição dessa pesquisa pode ser a criação de novas formas de combater o racismo e outras formas de preconceito. “Pode haver limites cognitivos na capacidade de assumir a perspectiva dos outros, particularmente estrangeiros”, entende Hodson, já que a crença corrente é que o preconceito tem origens emocionais, não cognitivas.

O Radical Classe Média



Por Daniel Menezes, em CartaPotiguar
 
 Há uma figura pitoresca que costuma habitar a classe média tradicional brasileira. Ela pode ser encontrada na universidade, nos protestos políticos, nos shoppings centers, na high society, entre os mais escolarizados, tanto nos movimentos de esquerda, como nos de direita. Na verdade, é uma radicalização da visão específica de uma classe. Vou expor algumas de suas características.
 
Vale lembrar que o modo de vida apontado abaixo é um tipo idealizado do caráter do “Radical Classe Média”, podendo, portanto, uma pessoa comum reunir uma maior ou menor quantidade de tais inclinações, se associar intensamente ou dissociar do modelo.
 
O Radical Classe Média:
 
Geralmente, o radical classe média se apresenta como politizado, para, na verdade, repetir os velhos cacoetes do senso comum da política – é contra partidos;
 
Mais. Todo político é ladrão. Alias, para o Radical Classe Média, o problema do Brasil não é o da desigualdade, mas o da corrupção. Por isso, não perde a oportunidade de comparar a nossa suposta natural propensão para a malandragem com a sonhada condição positiva dos EUA, ou numa perspectiva intelectualizada, dos países escandinavos;
 
Nesse sentido, a eleição não passa de uma chantagem. Tanto faz quem vai ganhar – “é tudo igual mesmo”. O Radical Classe Média, quando não é capturado pelo moralismo e/ou suposta superioridade gerencial de um bonachão, prega o voto nulo;
 
O Radical Classe Média não gosta muito de se “misturar”. Quer exclusividade. No fundo, ele não suporta que ônibus coletivo passe nas praias “nobres” de sua cidade. Ou, em sua versão intelectual, defende a criação de “espaços diferenciados” para os mais “humildes”;
 
Para o Radical Classe Média, as instituições devem aprender a se relacionar com ele, já que o dito cujo apresenta muitas especificidades;
 
Instituição a favor dele é democracia. Contra ele? Fascismo;
 
Seguranças-policiais-trabalhadores devem fazer cursos de capacitação só para aprenderem a se relacionar com ele;
 
Ele é anarquista para os deveres, mas não para os direitos;
 
Ele é contra impostos, mas quer que tudo funcione a seu favor;
 
Um bom Radical Classe Média critica o inchaço do Estado, mas sempre.. sempre.. tem alguém da família, gozando de acesso privilegiado ao próprio Estado – um cargo, um contrato, etc;
 
O Radical Classe Média não tem diploma de graduação. Ele tem diploma de nobreza. E o “resto”? É resto, alienado. Ele se vê como o (único) “intelectual orgânico”…;
 
Ele é terminantemente contra o bolsa-família, a quem ele chama de bolsa-esmola, pois produz preguiçosos e premia quem nunca “quis” estudar;
 
Para o Radical Classe Média, quem não sabe escrever o português corretamente deveria ser impedido de votar, de expor sua opinião num blog ou jornal. Enfim, de argumentar;
 
Pensar é sinônimo de dominar a gramática. Do contrário, o dito cujo se encontra no nível dos animais irracionais;
 
Para ele, às vezes, o problema do Brasil é porque o pobre-analfabeto – ele chama de “não esclarecido” – não sabe votar. Uma cientista política advinda da USP teria um bom conceito radical de classe média para isso – ausência de “sofisticação política”;
 
Na versão intelectualizada, o Radical Classe Média é um crítico do jeitinho brasileiro, gosta de ler Nietzsche, Foucault, Deleuze, Guatarri. É um crítico do “micropoder”, dos “fascismos da norma”, conceitos mobilizados para negar qualquer coisa que lhe cobre alguma contrapartida social;
 
Há também aquelas versões do Radical Classe Média que tornam Karl Marx, ou o socialismo, numa questão de superioridade ético-moral;
 
O Radical Classe Média é um supercidadão. Os demais… subcidadãos;
 
Afinal, o Radical Classe Média estudou. Merece mais do que os simples mortais.
 
O Radical Classe Média se imagina como o que resta de bom no Brasil. Não raro, flerta com o fascismo.

domingo, 2 de junho de 2013

Deus Dinheiro

“O capitalismo é uma religião, e a mais feroz, implacável e irracional religião que jamais existiu, porque não conhece nem redenção nem trégua. Ela celebra um culto ininterrupto cuja liturgia é o trabalho e cujo objeto é o dinheiro”, afirma Giorgio Agamben, um dos maiores filósofos vivos.
Amigo de Pasolini e de Heidegger, Agamben foi definido pelos jornais NY Times e por Le Monde como uma das dez mais importantes cabeças do mundo.
Segundo ele, “a nova ordem do poder mundial funda-se sobre um modelo de governabilidade que se define como democrática, mas que nada tem a ver com o que este termo significava em Atenas”.
Assim, a tarefa que nos espera consiste em redefinir aquilo que até agora havíamos chamado de “vida política”, afirma Agamben.
“Crise” e “economia”, segundo ele, são palavras usadas hoje para fazer que as pessoas aceitem medidas e restrições que não têm motivo algum para aceitar. ”Crise hoje em dia significa simplesmente você deve obedecer!”, diz ele.
Abaixo, uma amostra do pensamento de Agamben, em itálico.
Para entendermos o que está acontecendo, é preciso tomar ao pé da letra a idéia de Walter Benjamin, segundo o qual o capitalismo é, realmente, uma religião, e a mais feroz, implacável e irracional religião que jamais existiu, porque não conhece nem redenção nem trégua.
Ela celebra um culto ininterrupto cuja liturgia é o trabalho e cujo objeto é o dinheiro. Deus não morreu, ele se tornou Dinheiro. O Banco – com os seus cinzentos funcionários e especialistas – assumiu o lugar da Igreja e dos seus padres e, governando o crédito manipula e gere a fé.

Osho 2



Amado Osho, antigamente se chamava melancolia; hoje se chama depressão e é considerada um dos maiores problemas psicológicos dos países desenvolvidos. Ela é descrita como uma sensação de desespero ou um estado sem esperança, uma perda de auto-estima sem nenhum entusiasmo ou interesse pelo ambiente. Em adição, existem sintomas físicos de falta de apetite, falta de sono e uma perda da energia sexual. Os tratamentos com eletrochoque foram largamente abandonados hoje em dia e as drogas e a terapia verbal parecem ser igualmente efetivas - ou não efetivas. Explicações para a depressão têm variado do químico para o psicológico.
 
 "O que é a depressão? É uma reação a um mundo depressivo, um tipo de hibernação durante 'o inverno de nosso descontentamento'? É a depressão somente uma reação à repressão - ou opressão - ou é apenas uma forma de auto-repressão?
 
 O homem sempre viveu com esperança, um futuro, um paraíso em algum lugar distante.Ele nunca viveu no presente - sua era de ouro ainda está por vir. Isto o manteve entusiasmado porque grandes coisas iam acontecer; todos os seus desejos iam ser preenchidos. Havia grande prazer na antecipação. Ele sofria no presente; ele era miserável no presente. Mas tudo isto era completamente esquecido nos sonhos que iam ser preenchidos no amanhã. O amanhã sempre foi doador de vida.
 
 Mas a situação mudou. A velha situação não era boa porque o amanhã - que preencheria os sonhos dele - nunca se tornou verdade. Ele morreu esperando. Mesmo em sua morte ele estava esperando por uma vida futura - mas ele verdadeiramente nunca experimentou nenhuma alegria, nenhum significado. Mas isto era tolerável. Era somente uma questão de hoje; ela irá passar e o amanhã é certo que vai chegar.
 
 Os profetas religiosos, messias, salvadores estavam lhe prometendo todos os prazeres - que são condenados aqui - no paraíso. Os líderes políticos, os ideólogos sociais, os utopistas estavam lhe prometendo a mesma coisa - não no paraíso mas aqui na terra - em algum momento distante no futuro, quando a sociedade passar por uma revolução total e não houver mais pobreza, nem classes, nem governo e o homem for absolutamente livre e tiver tudo o que ele precisa.
 
 Ambos estão basicamente preenchendo a mesma necessidade psicológica. Para aqueles que eram materialistas, as utopias ideológicas, políticas, sociológicas eram atraentes; para aqueles que não eram tão materialistas, os líderes religiosos atraíam. Mas o objeto de atração era exatamente o mesmo: tudo o que você pode imaginar, pode sonhar, pode desejar, será totalmente preenchido. Com estes sonhos, as misérias do presente parecem ser muito pequenas.
 
 Havia entusiasmo no mundo; as pessoas não estavam deprimidas. A depressão é um fenômeno contemporâneo e ela aconteceu porque agora não existe amanhã. Todas as ideologias políticas falharam. Não existe nenhuma possibilidade de que o homem seja mesmo igual, nenhuma possibilidade de que haja um tempo onde não exista governo, nenhuma possibilidade de que todos os sonhos sejam preenchidos.
 
 Isso veio como um grande choque. Simultaneamente o homem se tomou mais maduro. Ele pode ir a uma igreja, a uma mesquita, a uma sinagoga, a um templo - mas estas são somente conformidades sociais, porque ele não quer, em tal estado depressivo e negro, ser deixado sozinho; ele quer estar com a massa. Mas basicamente ele sabe que não existe paraíso; ele sabe que nenhum salvador virá.
 
 Os hindus esperaram cinco mil anos por Krishna. Ele prometeu não somente que voltaria mais uma vez, ele prometeu que sempre que houvesse miséria, sofrimento, sempre que o vício estivesse acima da virtude, sempre que pessoas bondosas e simples e inocentes fossem exploradas pelos astutos e pelos hipócritas, ele viria. Mas por cinco mil anos nenhum dele sinal foi visto.
 
 Jesus prometeu que ele voltaria e quando perguntado quando, ele disse: "Em breve". Eu posso esticar "Em breve", mas não por dois mil anos; isto é demais.
 
 A idéia de que nossa miséria, nosso sofrimento, nossa angústia será levada embora não é mais atraente. A idéia de que existe um Deus que cuida de nós parece ser simplesmente uma piada. Olhando para o mundo, não parece como se alguém estivesse cuidando.
 
 De fato, na Inglaterra existem quase trinta mil pessoas que são adoradoras do diabo - somente na Inglaterra, uma pequena parte do mundo. E vale a pena examinar a ideologia deles com relação à sua pergunta. Eles dizem que o diabo não está contra Deus, o diabo é filho de Deus. Deus abandonou o mundo e agora a única esperança é persuadir o diabo para tomar conta pois Deus não está tomando conta.
 
 E trinta mil pessoas estão adorando o diabo como um filho de Deus... e a razão é que eles sentem que Deus abandonou o mundo - ele não mais se preocupa com ele. Naturalmente, o único jeito é apelar para o seu filho; se de algum modo ele pode ser persuadido por meio de rituais, preces, adoração, talvez a miséria, a escuridão, a doença possam ser removidas. Esse é um esforço desesperado.
 
 A realidade é que o homem sempre viveu na pobreza. Tem uma coisa bela na pobreza: ela nunca destrói a sua esperança, ela nunca vai contra os seus sonhos, ela sempre traz entusiasmo para o amanhã. Pode-se ser cheio de esperança, acreditando que as coisas serão melhores: este período negro já está passando, logo haverá luz.
 
 Mas esta situação mudou. Nos países desenvolvidos... e lembre-se: o problema da depressão não está nos países não desenvolvidos - nos países pobres as pessoas ainda são esperançosas - ela está apenas nos países desenvolvidos, onde eles podem ter tudo o que sempre desejaram. Agora o paraíso não irá mais funcionar; nem uma sociedade sem classes pode ajudar. Nenhuma utopia será melhor. Eles atingiram a meta - e este atingir a meta é a causa da depressão. Agora não existe mais esperança: o amanhã será negro e o dia depois de amanhã será ainda mais negro.
 
 Todas estas coisas que eles sonharam eram muito belas. Eles nunca olharam para as implicações. Agora que eles as têm, eles as receberam com a implicações. Um homem é pobre, mas ele tem um apetite. E é melhor ser pobre ter um apetite do que ser rico e não ter um apetite. O que você irá fazer com todo o seu ouro, com toda a sua prata, com todos os seus dólares? Você não pode comê-los.
 
 Você tem tudo, mas o apetite para o qual você esteve se esforçando todo o tempo desapareceu. Você teve sucesso - e eu disse repetidas vezes que nada fracassa como o sucesso. Você atingiu um lugar que você gostaria de atingir, mas você não estava consciente dos subprodutos. Você tem milhões de dólares, mas você não pode dormir.

 
Quando Alexandre estava na Índia encontrou um santo nu no deserto.
 Ele declarou: "Eu sou Alexandre, o Grande!"
 O santo disse: "Você não pode ser."
 Ele disse, "Que bobagem! Eu mesmo estou dizendo isso, e você pode ver meus exércitos em todo o lugar."
 Ele disse: "Eu vejo os seus exércitos, mas um que chama a si mesmo 'O Grande' ainda não atingiu a grandeza, porque a grandeza faz as pessoas humildes, de forma que isso é um fracasso, um fracasso absoluto."
 Alexandre era um discípulo de Aristóteles e foi treinado por ele na lógica pura. Ele não podia ouvir todo esse lixo místico. Ele disse: "Eu não acredito nessas coisas. Eu conquistei o mundo inteiro".
 O homem nu disse: "Se neste deserto que você está sedento, e eu ofereço-lhe um copo de água, quanto você seria capaz de me dar por ele? - e por milhas não há água."
 Alexandre disse: "Eu lhe daria metade do meu reino."
 O santo disse: "Não, não vou vendê-lo pela metade do reino. Ou você tem o reino, ou tem o copo de água. E você está sedento e você está morrendo e não há possibilidades de encontrar água em qualquer lugar - o que você vai fazer?"
 Ele disse: "Então, naturalmente, eu lhe darei todo o reino."
 O santo riu e disse: "Então esse é o preço do seu reino inteiro - apenas um copo de água! E você acha que conquistou o mundo inteiro? A partir de hoje comece a dizer que conquistou um copo de água inteiro."
 
 Quando um homem atinge os objetivos que ele acalentou, então ele se torna consciente de que existem muitas coisas em volta deles. Por exemplo, por toda a sua vida você tenta ganhar dinheiro, pensando que um dia, quando você o tiver, você viverá uma vida relaxada.
 
 Mas você esteve tenso por toda a sua vida – a tensão se tornou a sua disciplina - e no fim de sua vida, quando você conquistou todo o dinheiro que você quis, você não pode relaxar. Toda uma vida disciplinada com tensão e angústia e preocupação não irá relaxá-lo. Assim você não é um ganhador, você é um perdedor. Você perde o seu apetite, você destrói a sua saúde, você destrói a sua sensibilidade, sua delicadeza. Você destrói o seu senso estético - porque não existe tempo para todas estas coisas que não produzem dólares.
 
 Você está correndo atrás de dólares - quem tem tempo para olhar as rosas e quem tem tempo para olhar os pássaros voando, e quem tem tempo de olhar a beleza dos seres humanos? Você adia todas essas coisas de maneira que um dia, quando você tiver tudo, você irá relaxar e desfrutar. Mas com o tempo você teve tudo, você se tornou um certo tipo de pessoa disciplinada - que está cego para as rosas, que está cego para a beleza, que não pode desfrutar a música, que não pode entender a dança, que não pode entender a poesia, que só pode entender os dólares. Mas tais dólares não dão satisfação.
 Esta é a causa da depressão. É por isto que ela ocorre somente nos países desenvolvidos e somente nas classes mais ricas dos países desenvolvidos - nos países desenvolvidos existem pessoas pobres também, mas elas não sofrem de depressão - e agora você não pode dar ao homem nenhuma esperança para remover a sua depressão porque ele tem tudo, mais do que você pode prometer. Sua condição é realmente lastimável. Ele nunca pensou nas implicações, ele nunca pensou nos subprodutos, ele nunca pensou no que estava perdendo ganhando dinheiro.
 
 Ele nunca pensou que perderia tudo aquilo que o poderia fazer feliz simplesmente porque ele sempre empurrou todas estas coisas para o lado. Ele não tinha tempo e a competição era dura e ele tinha que ser duro. No final ele descobre que o seu coração está morto, sua vida é sem sentido. Ele não vê nenhuma possibilidade no futuro de qualquer mudança, porque: "O que mais existe...?"
 
 Eu costumava ficar em Sagar na casa de um homem muito rico. O velho homem era muito bonito. Ele era o maior fabricante de bidi em toda a índia. Ele tinha tudo o que você pode imaginar, mas ele era absolutamente incapaz de desfrutar qualquer coisa.
 
 Desfrutar é algo que tem que ser nutrido. É uma certa disciplina, uma certa arte - a maneira de desfrutar - e leva tempo para se entrar em contato com as grandes coisas da vida. Mas o homem que está correndo atrás do dinheiro passa ao lado de tudo que é uma porta para o divino, e ele chega no fim da estrada e não há nada na sua frente exceto a morte.
 
 Toda a sua vida ele foi miserável. Ele tolerou e ignorou isto na esperança de que as coisas iriam mudar. Agora ele não pode ignorar e não pode tolerar porque amanhã existe somente a morte e nada mais. E o acúmulo de miséria de toda a vida que ele ignorou, o sofrimento que ele ignorou, explode em seu ser.
 
 O homem mais rico, de um modo, é o homem mais pobre no mundo. Ser rico e não ser pobre é uma grande arte. Ser pobre e ser rico é o outro lado da arte. Existem pessoas que são pobres as quais você achará imensamente ricas. Elas não têm nada, mas elas são ricas. Suas riquezas não estão em coisas mas no seu ser, nas suas experiências multidimensionais.
 E há pessoas ricas que têm tudo mas são absolutamente pobres e vazias e ocas. Bem dentro existe somente um cemitério.


Não é uma depressão da sociedade, porque então ela afetaria os pobres também; é simplesmente uma lei natural e o homem agora tem que aprender isto. Até agora não havia necessidade, porque ninguém tinha atingido um ponto onde ele tinha tudo, enquanto dentro havia completa escuridão e ignorância.
 A primeira coisa na vida é encontrar sentido no momento presente.
 
 O sabor básico do seu ser deveria ser de amor, de alegria, de celebração. Então você pode fazer tudo; os dólares não irão destruir isto. Mas você coloca tudo de lado e simplesmente corre atrás de dólares achando que os dólares podem comprar tudo. E então um dia você descobre que eles não podem comprar nada - e você devotou toda a sua vida aos dólares.
 
 Esta é a causa da depressão. E particularmente no ocidente a depressão está sendo muito profunda. No oriente existiram pessoas ricas, mas havia uma certa dimensão disponível. Quando a estrada da riqueza chegava a um fim, eles não permaneciam parados lá; eles se moviam para novas direções. Esta nova direção estava no ar, disponível por séculos. No oriente o pobre estava em uma condição muito boa e o rico estava em uma condição tremendamente boa. O pobre aprendeu o contentamento assim eles não se preocupavam em correr atrás da ambição. E o rico entendeu que um dia você tem que renunciar tudo isto e ir em busca da verdade, em busca do significado.
 
 No ocidente, no final, a estrada simplesmente acaba. Você pode voltar, mas voltando não irá ajudar sua depressão. Você precisa uma nova direção. Gautama Buda, Mahavira, ou Parshvanath - essas pessoas estavam no pico da riqueza e então elas viram que ela é quase uma carga. Alguma coisa a mais tem que ser encontrada antes que a morte tome posse de você - e elas foram corajosas o suficiente para renunciar a tudo.
 
 Suas renúncias foram mal entendidas. Elas renunciaram a tudo isto porque elas não queriam se preocupar um simples segundo mais com o dinheiro, com o poder - porque elas viram o topo e não há nada lá. Elas foram ao mais alto degrau da escada e descobriram que ela não leva a nenhum lugar; é somente uma escada levando a nenhum lugar.
 
 Enquanto você está em algum lugar no meio ou mais baixo que o meio, você tem uma esperança porque existem outros degraus mais altos que você. Chega um momento quando você está no degrau mais alto e só existe o suicídio ou a loucura - ou hipocrisia; você continua sorrindo até que a morte acaba com você, mas bem no fundo você sabe que está desperdiçando a sua vida.
 
 No oriente, a depressão nunca foi um problema. O pobre aprendeu a desfrutar o pouco que ele tinha e o rico aprendeu que ter todo o mundo aos seus pés não significa nada - você tem que ir em busca do significado, não do dinheiro. E eles tinham precedentes; por milhares de anos as pessoas foram em busca da verdade e a encontraram. Não há necessidade de ficar desesperado, em depressão, você apenas tem que se mover para uma dimensão desconhecida. Eles nunca a exploraram, mas quando eles começam a explorar a nova dimensão - ela significa uma jornada interior, uma jornada para eles próprios - tudo o que eles haviam perdido começa a retomar.
 
 O ocidente precisa urgentemente de um grande movimento de meditação; de outra forma, essa depressão irá matar pessoas. E essas pessoas serão as talentosas - porque elas conquistaram poder, elas conquistaram dinheiro, elas conquistaram o que elas queriam... os mais altos graus de educação. Estas são as pessoas de talento e elas estão se sentindo desesperadas.
 
 Isto será perigoso porque as pessoas mais talentosas não estão mais entusiasmadas com a vida e as sem talento estão entusiasmadas com a vida mas elas nem mesmo têm talento para ter poder, dinheiro, educação, respeitabilidade. Elas não têm os talentos, assim elas estão sofrendo, se sentindo em desvantagem. Elas estão se tomando terroristas, elas estão se voltando em direção à violência desnecessária somente por vingança - porque elas não podem fazer mais nada.
 
 Mas elas podem destruir. E os ricos estão quase prontos para enforcarem-se em alguma árvore porque não existe razão para viver. Seus corações pararam de bater há muito tempo. Eles são apenas cadáveres - bem decorados, bem reverenciados, mas verdadeiramente vazios e fúteis.
 
 O ocidente está realmente em uma condição muito pior do que o oriente, apesar de que para aqueles que não entendem parece que o ocidente está em uma melhor condição do que o oriente porque o oriente é pobre. Mas pobreza não é um problema tão grande quanto é o fracasso da riqueza; assim um homem é realmente pobre. Um pobre comum pelo menos tem os seus sonhos, esperanças, mas o homem rico não tem nada.
 
 O que é preciso é um grande movimento de meditação atingindo cada pessoa.
 
 E no ocidente essas pessoas que estão deprimidas estão indo aos psicanalistas, terapeutas e todos tipos de charlatões que estão eles mesmos deprimidos, mais deprimidos que seus pacientes - naturalmente, porque todo o dia eles estão escutando a respeito de depressão, desespero, ausência de significado. E vendo tantas pessoas talentosas em tal estado, elas próprias começam a perder os seus espíritos. Elas não podem ajudar; elas mesmas precisam de ajuda.
 
 A função da minha escola será a de preparar pessoas com energia meditativa e enviá-las para o mundo apenas como exemplo para aqueles que estão deprimidos. Se eles podem ver que existem pessoas que não estão deprimidas - mas pelo contrário, que estão imensamente alegres - talvez uma esperança possa nascer dentro deles. Agora eles podem ter tudo e não há necessidade de se preocuparem. Eles podem meditar.
 
 Eu não ensino a renúncia à sua riqueza ou a qualquer outra coisa. Deixe que tudo seja do jeito que é. Somente adicione uma coisa a mais na sua vida. Até agora você apenas tem adicionado coisas na sua vida. Agora adicione algo para o seu ser - e isto criará a música, isto criará o milagre, isto criará a mágica, isto criará uma nova vibração, uma nova juventude, um novo frescor.
 Não é insolúvel. O problema é grande, mas a solução é muito simples."
 
 Osho, em "The Transmission of the Lamp"
 

Robin Hood Catalao


Em 2008, o ativista anticapitalista Enric Durán pegou emprestado €492.000 (cerca de R$1.260.000) de 39 entidades financeiras sem nenhuma intenção de devolver essa grana. Mas – como você já devia esperar de um ativista anticapitalista – ele não gastou tudo com facas de cozinha de diamante ou frisbees de luxo. Ao invés disso, ele aplicou o dinheiro em várias causas anticapitalistas não especificadas e gastou o resto com o Crisi, um jornal gratuito que detalha como ele fez isso e incentiva outras pessoas a fazer o mesmo.
Essa jogada estilo Robin Hood o transformou num herói da noite para o dia, mas o problema de se transformar num herói através de meios legalmente questionáveis é que a polícia acha que precisa te prender por causa disso. Enric passou dois meses na cadeia em 2011 e foi libertado até o julgamento, que estava marcado para o começo deste mês. Sua sentença mínima será de oito anos, o que pode explicar por que ele se recusou a aparecer nas primeiras datas do julgamento, o que resultou num mandado para que ele fosse libertado.
Venho tentando entrevistar o Enric há alguns anos, mas como as 14 entidades que atualmente tentam mandá-lo para a cadeia por desfalque podem comprovar, ele é um cara difícil de pegar. Depois de incontáveis e-mails, eventualmente marcamos uma entrevista por Skype que acabou acontecendo com três horas de atraso, mas acho que quando se está tentando derrubar o sistema capitalista você não vê o tempo da mesma maneira que todo mundo mesmo. Quando finalmente conseguimos conversar, falamos sobre foder com bancos, a teoria dele de desobediência civil e seu novo projeto: a criação de uma cidade completamente autônoma nos arredores de Barcelona.

VICE: Oi, Enric. O que aconteceu com o seu julgamento?
Enric Durán:
A corte aceitou a renúncia do meu advogado no dia 13 de fevereiro, depois me disseram que eu tinha que voltar ao tribunal no dia 18, mas não compareci. E agora não está claro se eles continuarão com o caso porque não tenho um novo advogado, então seria contra os meus direitos se eles continuassem.
Entendo. Vamos voltar ao começo. Você entrou para o ativismo em 2000. O que desencadeou seu interesse pelo sistema financeiro?
Bom, naquela época eu era parte do movimento antiglobalização. Em 2005, comecei a ler sobre a crise energética, que estava relacionada ao sistema financeiro. Percebi que não só o sistema era indesejado, como também não podia continuar do jeito que era. Foi assim que surgiu a ideia do ato de desobediência – tirar o dinheiro dos bancos e investir em projetos anticapitalistas.
De certa maneira você antecipou uma ligação entre o sistema financeiro, a política, as multinacionais e os governos quando isso ainda não era claro para muitas pessoas. O que te fez perceber que não era só uma parte do sistema desmoronando, mas uma coisa global abrangendo todos esses aspectos?
Foi em 2000, quando estávamos lutando contra o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial, que começamos a perceber que isso era algo global. O que ainda não estava claro para nós era que o sistema poderia falir em si. Achávamos que teríamos que fazê-lo cair, não tínhamos percebido que ele podia desmoronar naturalmente.
Pegar emprestado todo aquele dinheiro foi uma demonstração de como se pode tirar vantagem do sistema?
Foram várias coisas, mas eu tinha dois objetivos principais. O primeiro era denunciar o sistema financeiro como algo insustentável, e o segundo era mostrar que podemos ser desobedientes, corajosos, e que podemos dar poder a nós mesmos. Quando comecei tudo isso, me inspirei em personagens históricos, como Gandhi, e achei que era importante trazer para o século XXI ações como essas. Queríamos usar o dinheiro para um projeto que pudesse provar como diferentes métodos de capitalismo são possíveis.

Como era o processo cotidiano de ir aos bancos para pedir crédito? Isso foi entre o verão de 2005 e a primavera de 2008 – aproximadamente três anos. Aprendi como o sistema de empréstimos funcionava e as informações em que os bancos confiavam para concedê-los. Aprendi sobre os buracos no sistema e como passar por eles. No começo eu conseguia um empréstimo para cada três requisições, no final eu já conseguia nove empréstimos a cada dez pedidos. Por exemplo, um dos buracos do sistema é que o Banco da Espanha compartilha as informações de crédito com outros bancos, mas só para empréstimos acima de €6.000 [em torno de R$15.000]. Então só pedi empréstimos abaixo desse valor por dois anos, movimentando fundos sem ter o Banco da Espanha controlando minhas ações.
Chegou um ponto onde você pensou: “Puta merda, tenho um monte de dinheiro?” ou você investiu isso conforme ia conseguindo os empréstimos?
O dinheiro era investido. Nunca tive mais de €50.000 [em torno de R$130.000] comigo. Tudo foi gasto em vários projetos.
Você não revelou nenhum dos projetos onde investiu o dinheiro, mas você sabe se algum deles sofreu algum tipo de ação jurídica por causa do seu investimento?
Não mesmo. Na verdade, ficou claro que os bancos não estavam interessados para onde esse dinheiro foi. Não houve nenhuma investigação e, como isso era uma ação política, eles queriam reprimir só a mim e não ao coletivo. Eles não queriam transformar isso em algo maior do que já era.
Você publica seu próprio jornal, o Crisi. Por que você quis difundir sua mensagem através disso e não usar os canais normais de mídia?
Passei muito tempo imaginando como colocar essa história em domínio público. Eu queria que isso alcançasse o maior número possível de pessoas, mas fiquei preocupado em ser reprimido. Então decidi usar um pouco do dinheiro para publicar o jornal e acho que foi uma das melhores decisões que tomei. A mídia viu que esse jornal estava sendo distribuído de graça nas ruas e eles não queriam ficar de fora de algo que estava sendo falado por toda parte, então publicar meu próprio jornal realmente ajudou a mensagem a chegar até a mídia mainstream.

Se você tiver sucesso, qual será o efeito? Como o mundo será? Bom, muitas pessoas já estão fazendo isso por acidente; deixar de pagar seus débitos foi uma das coisas que derrubou o sistema financeiro em primeiro lugar. Não tanto com pequenos empréstimos ou hipotecas particulares, mas com grandes companhias de construção e desenvolvimento que não puderam pagar suas dívidas e acabaram falindo. A chance do plano geral se tornar global não é muito provável, mas o importante é espalhar a ideia de pequenas mudanças e decisões que você pode tomar para ajudar o mundo a se tornar um lugar melhor.
Você disse essa frase: “Prefiro uma liberdade perigosa a uma servidão pacífica”. Essa é uma grande parte do que você está fazendo – abrindo as portas para a desobediência civil em massa.
É, isso é uma questão de agir de maneira consistente com o que você sente e fazer o que é melhor, mesmo que as autoridades queiram que você faça de outro jeito. Seria interessante começar um debate sobre a eficiência do sistema judiciário e questionar como ele funciona. Trata-se de um sistema de prisão que não ajuda ninguém – nem as vítimas e muito menos os presos ou o governo, que são aqueles que precisam pagar por tudo. É tempo de repensar e criar algo novo, certo?
Sinto como se você fosse um rato de laboratório com bombas amarradas no corpo tentando desmantelar o sistema e ver se alternativas podem funcionar.
O principal é que estamos construindo outro sistema desde o começo. É um sistema aberto, o que significa que ninguém vai obrigar você a ser parte disso. Podemos reformular tudo com essa liberdade e decidir como queremos que sejam os sistemas de saúde e educação, a economia, os conflitos e muitas outras coisas. Já estamos colocando isso em prática através da Cooperativa Integral Catalã (CIC) e outros projetos associados.

Fale mais sobre a CIC. É uma assembleia onde construímos uma economia comum, organizamos o consumo, cobrimos as necessidades, organizamos todo o trabalho e estabelecemos relações financeiras para apoiar novos projetos produtivos. Temos uma infraestrutura para cobrir saúde, moradia, necessidades básicas de alimentação, transporte, energia – o básico. O ponto principal é que isso funciona com base na autonomia. O que precisamos são mudanças profundas nas relações humanas, confiança entre as pessoas. A revolução integral não é sobre mudar o sistema econômico, é sobre mudar tudo, mudar o ser humano. Estamos falando de mudanças em todos os aspectos da vida.
Você nunca pensou em aplicar essas ideias através de um partido político?
A maior questão aqui é que o conceito de partidos políticos contradiz o conceito de assembleia. A assembleia é um processo aberto que funciona através do consenso. O sistema político de partidos, por outro lado, é baseado em confrontação.

Cernunnos



O Deus Cornífero é o Deus fálico da fertilidade. Geralmente é representado como um homem de barba com casco e chifres de bode. Ele é o guardião das entradas e do círculo mágico que é traçado para o ritual começar. É o Deus pagão dos bosques, o rei do carvalho e senhor das matas. É o Deus que morre e sempre renasce. Seus ciclos de morte e vida representam nossa própria existência.
Ele nasce da Deusa, como seu complemento e carrega os atributos da fertilidade, alegria, coragem e otimismo. Ele é a força do Sol e da mesma forma, nasce e morre todos os dias, ensinando aos homens os segredos da morte e do renascimento.
Segundo os Mitos pagãos o Deus nasceu da Deusa, cresceu e se apaixonou por Ela. Ao fazerem amor a Deusa engravida e quando chega o inverno o Deus Cornífero morre e renasce quando a Deusa dá a luz. Este Mito contém em si os próprios ciclos da natureza onde no Verão o Deus é tido como forte e vigoroso, no outono ele envelhece, morre no inverno e renasce novamente na primavera.
 
Para a maioria pode aparentar meio incestuoso, ao afirmar-se que o Cornífero seja filho e consorte da Deusa, mas isto era extremamente comum aos povos primitivos onde os indivíduos se casavam entre os próprios familiares para conservar a pureza da raça. Além disso o simbolismo do Mito deve ser observado, pois todas as coisas vieram do ventre da Grande Mãe inclusive o próprio Deus e por isso para Ela, Ele deve voltar.
O culto aos Deus Cornífero surgiu entre os povos que dependiam da caça, por isso Ele sempre foi considerado o Deus dos animais e da fertilidade, e ornado com chifres, pois os chifres sempre representaram a fertilidade, vitalidade e a ligação com as energias do Cosmos. Além disso a Bruxaria surgiu entre os povos da Europa, onde os cervos se procriam com extremada abundância, por isso eram frequentemente caçados, pois eram uma das principais fontes de alimentação. Com a crescimento do Cristianismo e com a intenção do Clero em derrubar a Bruxaria, a figura atribuída ao Deus Cornífero acabou por personificar o Diabo e na atualidade resgatar o status deste importante Deus torna-se bastante difícil. O Deus Cornífero NUNCA simbolizou o mal nem qualquer ritual associado ao mal.
 
O Deus Cornífero representa a luz e a escuridão, a imortalidade e a morte, a interrupção a continuidade. Cernunnos, como também é chamado, simboliza a força da vida e da morte. É o amante e filho da Deusa, o senhor dos cães selvagens e dos animais. É ele que desperta-nos para a vida depois da morte. Representa o Sol, eternamente em busca da Lua. Seus chifres na realidade representam as meias-luas, a honraria e a vitalidade e não uma ligação com o Diabo. Ainda hoje existe muita confusão sobre a Bruxaria e isto deve-se à Igreja Medieval que transformou os Bruxos antigos em Feiticeiros do Demônio, por conveniência.
O culto à Deusa Mãe e aos Deus Cornífero é pré-cristão, surgiu milênios antes do catolicismo e do conceito de demónio, o qual jamais foi adorado, invocado, cultuado e reverenciado nas práticas pagãs ou como deidade da Bruxaria.
O culto à Deusa-Mãe remonta os homens das cavernas e para entendermos o porque de uma divindade com chifres foi reverenciada pelos Bruxos de antigamente e é reverenciada até hoje pelos Bruxos modernos temos que pensar como nossos antepassados.
Os chifres sempre foram tidos como símbolo de honra e respeito entre os povos do neolítico. Os chifres exprimem a força e a agressividade do touro, do cervo, do búfalo e de todos animais portadores dos mesmos. Entre os povos do período glacial uma divindade era representada com chifres para demonstrar claramente o poder da divindade que o possuía.
Quando o homem saía em busca de caça, ao regressar à sua tribo colocava os chifres do animal capturado sobre a sua cabeça, com a finalidade de demonstrar a todos da comunidade que ele vencera os obstáculos. Graças a ele todo clã seria nutrido, ele era o "Rei". O capacete com chifres acabou por se tornar numa coroa real estilizada.
Muitos Deuses antigos como Baco, Pã, Dionísio e Quíron foram representados com chifres. Até mesmo Moisés foi homenageado com chifres pelos seus seguidores, em sinal de respeito aos seus feitos e favores divinos.
Os chifres sempre foram representações da luz, sabedoria e conhecimento entre os povos antigos. Portanto como podemos perceber, os chifres desde tempos imemoráveis foram considerados símbolos de realeza, divindade, fartura e não símbolo do mal como muitos associaram e ainda associam. O Deus Cornífero é então o mais alto símbolo de realeza, prosperidade, divindade, luz sabedoria e fartura. É o poder que fertiliza todas as coisas existentes na terra.
A Grande Mãe e o Deus Cornífero juntos, representam as forças vitais do Universo.
 

PRINCÍPIO MASCULINO DO DEUS

Da mesma forma que toda luz nasce da escuridão, o Deus, símbolo solar da energia masculina, nasceu da Deusa, sendo seu complemento, e trazendo em si os atributos da coragem, pensamento lógico, fertilidade, saúde e alegria. Da mesma forma que o sol nasce e se põe, todos os dias, o Deus nos mostra os mistérios de Morte e do Renascimento. Na Wicca, o Deus nasce da Grande Mãe, cresce, se torna adulto, apaixona-se pela Deusa Virgem, eles fazem amor, a Deusa fica grávida, o Deus morre no inverno e renasce novamente, fechando o ciclo do renascimento, que coincide com os ciclos da Natureza, e mostra os ciclos da nossa própria vida. Para alguns, pode parecer meio incestuoso que o Deus seja filho e amante da Deusa, mas é preciso perceber O verdadeiro simbolismo do mito, pois do útero da Deusa todas as coisas vieram, e, para ele, tudo retornará.
E, se pensarmos bem, as mulheres sempre foram mães de todos os homens, pelo seu poder de promover o renascimento espiritual do ser amado e de toda a Humanidade. O sentido profundo do simbolismo na Bruxaria só pode ser verdadeiramente entendido através da meditação e do contato intuitivo com a energia dos Deuses. O Deus tem sido reverenciado há Eras.
 
Ele não é a deidade rígida, o Todo-Poderoso do cristianismo ou do judaísmo, tão pouco um simples consorte da Deusa. Deus ou Deusa, eles são iguais, unidos. Vemos o deus no Sol, brilhando sobre nossas cabeças durante o dia, nascendo e pondo-se no ciclo infinito que governa nossas vidas. Sem o Sol, não poderíamos existir; portanto, ele tem sido cultuado como a fonte de toda a vida, o calor que rompe as sementes adormecidas, trazendo-as para a vida, e instiga o verdejar da terra após a fria neve do inverno.
O Deus é também gentil com os animais silvestres. Na forma do Deus Cornudo, ele é por vezes representado por chifres na cabeça, que simbolizam sua conexão com tais bestas. Em tempos mais antigos, acreditava-se que a caça era uma das atividades regidas pelo Deus, enquanto a domesticação dos animais era vista como voltada à Deusa. Os domínios do deus incluíam as florestas intocadas pelas mãos humanas, os desertos escaldantes e as altas montanhas.
As estrelas, por serem na verdade sóis distantes, são por vezes associadas a seu domínio. O ciclo anual do verdejar, amadurecer e da colheita vem há muito sendo associado ao Sol, daí os festivais Solares da Europa, os quais são ainda observados na Wicca.
O Deus é a colheita plenamente madura, o vinho inebriante extraído das uvas, o grão dourado que balança num campo, as maçãs vicejantes que pendem de galhos verdejantes nas tardes de outono. Em conjunto com a Deusa, também ele celebra e rege o sexo. A Wicca não evita o sexo ou fala sobre ele por palavras sussurradas.
 
É uma parte da natureza e assim é aceite. Por trazer prazer, desviar nossa consciência do mundo quotidiano e perpetuar nossa espécie, é considerado um ato sagrado. O Deus nos imbui vigorosamente no desejo que assegura o futuro biológico de nossa espécie.
Símbolos normalmente utilizados para representar ou cultuar o Deus incluem a espada, chifres, a lança, a vela, ouro, bronze, diamante, a foice, a flecha, o bastão magico, o tridente, facas e outros.
Criaturas a ele sagradas incluem o touro, o cão, a cobra, o peixe, o dragão, o lobo, o javali, a águia, o falcão, o tubarão, os lagartos e muitos mais. Desde sempre, o Deus é o Pai do Céu, e a Deusa a Mãe da Terra.
O Deus é o céu, da chuva e do relâmpago, que desce sobre a Deusa e une-se a ela, espalhando as sementes sobre a terra, celebrando a fertilidade da Deusa.
 
Miguel Cernunnos - Portugal

Freak Show

Freak Show: as novas aberrações
O jovem direitista: é um espanto. Em vez de contrariar o conservadorismo dos pais, ele concorda com tudo com o que eles pregam. “Sim, mamãe”

 
Em 1932, o cineasta Tod Browning (1880-1962) causou escândalo em Hollywood ao lançar o filme Freaks, hoje um clássico. Para criticar um costume horrível da época, de exibir pessoas com deformidades em shows e circos, Browning escolheu um elenco de atores com vários problemas na vida real. Alguns tinham microcefalia, outro não tinha metade do corpo, um terceiro era um tronco, sem pés nem braços. O protagonista é anão. Eles se rebelam e acabam realizando uma vingança contra os seres humanos “normais” que os escravizavam. Hollywood não entendeu, a Inglaterra baniu o filme durante 30 anos e a brilhante carreira de Browning como diretor de filmes de terror como Drácula (1931) já era.

Felizmente os tempos de “feira de horrores” ficaram no passado. O que era considerado “aberração” já não é. Se houvesse um show de horrores hoje em dia não seria para rir de alguém com uma deficiência física ou mental, embora alguns pseudohumoristas brasileiros talvez desejassem, até porque atualmente as aberrações são outras. Nada a ver com anomalias congênitas, mas com deformidades de pensamento. Prodígios da natureza que a gente nunca podia imaginar que pudessem existir andam por aí assombrando o mundo.

Senhoras e senhores, alguns destes freaks do mundo moderno:

– O jovem direitista: é um espanto. Em vez do rapaz e moça que faziam de tudo para contrariar o conservadorismo dos pais, são jovens que concordam em tudo com o que eles pregam. “Sim, mamãe”, repete o jovem direitista bem nascido. A não ser que os pais sejam moderninhos demais, aí eles preferem se mirar nos avós fãs da ditadura. Em sua visão, os governos militares foram uma época de prosperidade à qual o Brasil deve muito, e o desrespeito às liberdades individuais e aos direitos humanos, apenas um detalhe. Já os guerrilheiros que foram presos, torturados e que deram a vida para lutar contra a ditadura são terroristas sanguinários. Os bizarros jovens de direita são radicalmente contra a maconha, “coisa de vagabundo”. Na faculdade, basta sentir o cheiro de um baseado que eles deduram para a polícia que circula pelo campus –sim, eles se mobilizaram para conseguir que o campus, antes um espaço de livre expressão, passasse a ser policiado. Os jovens direitistas estudam, é claro, Direito. E adoram ir à missa.

– A mulher machista: é assombrosa. Trata-se de uma mulher, geralmente jovem, que cospe em todas as realizações da liberação feminina. Acha, aliás, que não deve nada ao feminismo, pelo contrário. Defende que o feminismo é a razão de toda a “infelicidade” e “frustração” das mulheres de hoje. Por causa do feminismo, brada, se uma mulher optar por ser dona-de-casa será execrada! É muito triste, diz a mulher machista, não poder abdicar da profissão para cuidar da casa e dos filhos, pois se sentiriam constrangidas pelos olhares de reprovação das feministas, estas desalmadas, péssimas mães que não sabem nem fritar um ovo. Elas odeiam que uma mulher esteja na presidência, acham um desserviço, já que todo mundo sabe que os homens são superiores nestas tarefas. Lugar de mulher é sendo primeira-dama. Muito mais elegante, inclusive, tipo Jackie Kennedy. Mesmo porque todo mundo sabe que as feministas são todas horrorosas e nem se depilam, não é mesmo? Qualquer hora as mulheres machistas sairão em marcha pela aprovação da lei José da Penha, para reivindicar o direito de apanhar do marido.

– O palhaço sem graça: é de chorar. Eles sobem no picadeiro para supostamente serem engraçados, mas não conseguem causar nenhuma risada nem fazendo cosquinhas. A reação da platéia ao que eles falam beira a depressão. Quando o palhaço sem graça faz uma piada, tem gente que sente até vontade de vomitar. O formato favorito deles é o stand-up comedy, uma fórmula norte-americana de fazer humor do qual copiaram o nome, não a criatividade. Mas há também palhaços de circo engomadinhos que se apresentam na tevê com o único objetivo de vender produtos para as crianças, com suas musiquinhas chatas e repetitivas. Ah, gente, fazer rir é tão século 20…

– O roqueiro a favor do status quo: é de arrepiar os cabelos. Acabou-se o tempo do roqueiro que criticava a burguesia e o sistema. Hoje a onda é falar bem de quem tem grana, um “vencedor”, e elogiar a direita “progressista” –esta, sim, sabia o que era bom para o povo, este imbecil. O maior alvo do roqueiro reaça não é a estrutura social injusta ( “injusta por quê? para quem?”) ou as desigualdades, mas os esquerdistas, estes provocadores de ditaduras militares. Se fossem gravar músicas hoje em vez de escrever manifestos de direita, como preferem, os roqueiros escreveriam letras como “você é pobre porque não trabalhou, uou, uou”, “os milicos são gente mal-compreendida, di-da, di-da”, “saudades da ditadura, yeah, yeah, yeah”, “a favor do status quo quo quoooooo”. Não se espantem se qualquer dia começaram a gravar duetos com ídolos sertanejos em suas fazendas. O lado bom de terem surgido roqueiros assumidamente de direita é que não há mais lugar para os hipócritas que ganhavam dinheiro como rebeldes sem causa, com canções que nada tinham a ver com sua origem burguesa, às custas da rebeldia genuína alheia.
 
– O cristão odiento:
 
 

Venham, venham ver as aberrações! O espetáculo não tem hora para acabar.

Ravi Shankar

Este resumo não está disponível. Clique aqui para ver a postagem.