segunda-feira, 25 de abril de 2011

Obesidade Mental


Obesidade mental
O prof. Andrew Oitke, catedrático de Antropologia em Harvard, publicou em 2001 o seu polêmico livro “Mental Obesity”, que revolucionou os campos da educação, jornalismo e relações sociais em geral.
Nessa obra introduziu o conceito em epígrafe para descrever o que considerava o pior problema da sociedade moderna.
Há apenas algumas décadas, a Humanidade tomou consciência dos perigos do excesso de gordura física decorrente de uma alimentação desregrada. É hora de refletir sobre os nossos abusos no campo da informação e do conhecimento, que parecem estar dando origem a problemas tão ou mais sérios do que a barriga proeminente. "
Segundo o autor, "a nossa sociedade está mais sobrecarregada de preconceitos do que de proteínas; e mais intoxicada de lugares-comuns do que de hidratos de carbono.
As pessoas se viciaram em estereótipos, em juízos apressados, em ensinamentos tacanhos e em condenações precipitadas.
Todos têm opinião sobre tudo, mas não conhecem nada. "
"Os 'cozinheiros' desta magna “fast food” intelectual são os jornalistas, os articulistas, os editorialistas, os romancistas, os falsos filósofos, os autores de telenovelas e mais uma infinidade de outros chamados 'profissionais da informação'".
"Os telejornais e telenovelas estão se transformando nos hamburgers do espírito. As revistas de variedades e os livros de venda fácil são os “donuts” da imaginação. Os filmes se transformaram na pizza da sensatez."
"O problema central está na família e na escola. "
"Qualquer pai responsável sabe que os seus filhos ficarão doentes se abusarem dos doces e chocolates. Não se entende, então, como aceitam que a dieta mental das crianças seja composta por desenhos animados, por videojogos que se aperfeiçoam em estimular a violência e por telenovelas que exploram, desmesuradamente, a sexualidade.
Com uma 'alimentação intelectual' tão carregada de adrenalina, romance, violência e emoção, é possível supor que esses jovens jamais conseguirão viver uma vida saudável e regular".
Um dos capítulos mais polêmicos e contundentes da obra, intitulado "Os abutres", afirma:
"O jornalista alimenta-se, hoje, quase que exclusivamente de cadáveres de reputações, de detritos de escândalos, e de restos mortais das realizações humanas. A imprensa deixou há muito de informar, para apenas seduzir, agredir e manipular."
O texto descreve como os "jornalistas e comunicadores em geral se desinteressam da realidade fervilhante, para se centrarem apenas no lado polêmico e chocante".
"Só a parte morta e apodrecida ou distorcida da realidade é que chega aos jornais."
"O conhecimento das pessoas aumentou, mas é feito de banalidades.
Todos sabem que Kennedy foi assassinado, mas não sabem quem foi Kennedy.
Todos dizem que a Capela Sistina tem teto, mas ninguém suspeita para quê ela serve.
Todos acham mais cômodo acreditar que Saddam é o mau e Mandella é o bom, mas ninguém se preocupa em questionar o que lhes é empurrado goela abaixo como "informação".
Todos conhecem que Pitágoras tem um teorema, mas ignoram o que é um “cateto.”
Prossegue o autor:
"Não admira que, no meio da prosperidade e da abundância, as grandes realizações do espírito humano estejam em decadência.
A família é contestada, a tradição esquecida, a religião abandonada, a cultura banalizou-se e o folclore virou "mico". A arte é fútil, paradoxal ou doentia.
Floresce, entretanto, a pornografia, o cabotinismo (aquele que se elogia), a imitação, a sensaboria (sem sabor) e o egoísmo.
Não se trata nem de uma era em decadência, nem de uma 'idade das trevas' e nem do fim da civilização, como tantos apregoam. "
"Trata- se, na realidade, de uma questão de obesidade que vem sendo induzida, sutilmente, no espírito e na mente humana. O homem moderno está adiposo no raciocínio, nos gostos e nos sentimentos.
O mundo não precisa de reformas, desenvolvimento, progressos. Precisa sobretudo de dieta mental."

sábado, 23 de abril de 2011

Cineasta : Susanne Bier

Susanne Bier nasceu em Copenhague (Dinamarca) de pais judeus. Estudou arte e arquitetura na Universidade de Jerusalém antes de sua aceitação para o National Film School da Dinamarca, de onde se graduou em 1987. Passou a dirigir vários filmes na Dinamarca e na Suécia, seu primeiro sucesso comercial foi a comédia romântica The One and Only, em 1999. Mais tarde, filmes como Irmãos (2004), Depois do Casamento (2006) e Em um Mundo Melhor (2010) que ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Things We Lost in the Fire (2007) é seu único filme americano até à data, no entanto, recentemente anunciou que irá dirigir a adaptação americana da "Rapt". Em 2011, ela ganhou seu primeiro Oscar na categoria de Melhor Filme Estrangeiro.
Brothers (2004)
Michael (Ulrich Thomsen) é um militar dinamarquês exemplar, casado com Sarah (Connie Nielsen) e pai de duas filhas. Ele é enviado com sua tropa para uma missão da ONU no Afeganistão. Seu irmão Jannik (Nikolaj Lie Kaas), ao contrário, é a ovelha negra da família, recém-saído da prisão e com um histórico de irresponsabilidades. Logo ao chegar na zona de conflito o helicóptero de Michael é abatido e ele é dado como morto. Jannik, surpreendentemente, passa então a confortar a família do irmão, o que faz com que sua relação com Sarah ganhe um novo sentido. Mas Michael não morreu e quando ele retorna as coisas estão diferentes.After the Wedding (2006)
Jacob Petersen (Mads Mikkelsen) esforça-se para conseguir manter um orfanato numa das regiões mais pobres da Índia. Quando há o risco de a instituição fechar, ele recebe um aviso para voltar à Dinamarca, pois um rico empresário quer fazer uma doação, com a qual ele poderá resolver seu problema. Enquanto isso, em Copenhagen, Jørgen (Rolf Lassgård) vive uma vida quase idílica com sua mulher Helene (Sidse Babett Knudsen) e filhos. Perspicaz homem de negócios, ele também é um pai devotado, porém indulgente a ponto de cometer indelicadezas, quando o assunto não é sua família. Ele falta ao encontro para o qual Jacob havia viajado, só para discutir detalhes do casamento de sua filha. Essa seqüência de eventos mudará a vida de todos eles para sempre.


In a Better World (2010)
Anton (Mikael Persbrandt) é um médico que trabalha em um campo de refugiados em um lugar qualquer da África. Na Dinamarca, seu país natal, estão sua mulher Marianne (Trine Dyrholm) e seus dois filhos, Elias (Markus Rygaard) e Morten (Toke Lars Bjarke). Paralelamente, acompanhamos a história do garoto Christian (William Jøhnk Nielsen) que emigra para a Dinamarca, ao lado de seu pai Claus (Ulrich Thomsem) logo após a morte da mãe. Dois mundos distintos que irão se cruzar.

DMT - A Molécula do Espírito

"A Molécula do Espírito" tece uma visão sobre as pesquisas pioneiras do Dr. Rick Strassman com DMT (dimetiltriptamina) com uma abordagem multifacetada a este intrigante alucinógeno encontrado no cérebro humano e em milhares de plantas. Utilizando entrevistas com uma variedade de especialistas para explicar seus pensamentos e experiências com DMT em suas respectivas áreas, e com os relatos dos voluntários da pesquisa de Strassman, o documentário traz à luz os incríveis efeitos deste composto, e teorias de longo alcance sobre o seu papel na consciência humana.

Vários temas abordados incluem possíveis papéis para o DMT endógeno; seu papel nas experiências de quase-morte e de nascimento, nas experiências de abdução alienígena; e semelhanças sinistras com textos proféticos da bíblia que descrevem experiências similares à do DMT. Os especialistas colaboradores oferecem um conjunto abrangente de informações, opiniões e especulações sobre o uso de DMT em populações indígenas, a história e o futuro das pesquisas psicodélicas, e as recentes pesquisas com DMT. Tudo isso, para ajudar a entender a natureza da experiência com DMT, e seu papel na sociedade humana e na evolução.

A sutil combinação de ciência, espiritualidade e filosofia na abordagem do filme lança luz sobre uma série de ideias que podem alterar consideravelmente a forma de o homem entender o universo e se relacionar com ele.

Documentário
Diretor: Mitch Schultz
Duração: 75 minutos
Ano de Lançamento: 2010
País de Origem: USA
Idioma do Áudio: Inglês




sexta-feira, 22 de abril de 2011

Guia para Fingir Inteligência


Recebi isso por e-mail:
Vamos ser sinceros: Nem todo mundo é capaz de citar as cem primeiras casas de Pi ou mudar para sempre o entendimento da raça humana sobre um campo científico. É pensando em vocês que eu escrevi anos atrás este pequeno guia para ajudá-lo a fingir ter inteligência.

Pintura

Lembre-se dessa regra simples: Toda pintura clássica é a relação do homem com deus. Toda a pintura moderna é a relação do homem com o homem em um mundo sem deus.

Se você está parado na frente de um quadro cheio de respingos, manchas e qualquer outra coisa que uma criança no primaário faria, finja estar concentrado e se perdendo na “narrativa emocional tão presente nas pinceladas”. Diga que você quase pode sentir a pulsação do autor e sua frustração com o mundo moderno. Note que o pintor abandonou qualquer tentativa de mudar o mundo com sua arte e se concentra em mudar nós, o seu público. E emende: “E atinge de forma exemplar seu objetivo”. Se tiver que citar uma pintura predileta não se arrisque muito, cite “Noite Estrelada” de Van Gogh ou qualquer um do Da Vinci.

Pintores que você DEVE gostar: Van Gogh, Magritte, Pollock, Caravaggio, Goya, Da Vinci.

Nota: Pessoas realmente inteligentes por terem um intelecto tão grande são extremamente seletivos, logo esnobar algum pintor de renome não é apenas natural, como desejado, já que expressa personalidade. Critique Degas, Frida e Picasso (não importa qual você escolha diga algo como “o maior atraso para a pintura nos últimos 100 anos!”).

Filmes

Blockbusters são acéfalos e entretenimento das massas. Pão e circo. Feito por uns fariseus que querem matar a sétima arte. Diga que nenhum diretor americano sequer chegou perto de “Morangos Silvestres” (você nem precisa saber nada, já que a maioria também não vai saber). Diga que um filme que apela para efeitos visuais sem fazer pensar é um desperdício de tempo. Mesmo que o conceito de “fazer pensar” seja totalmente arbitrário e definido por você.

Diretores que você DEVE gostar: Stanley Kubrick, Akira Kurosawa, Robert Altman, Woody Allen, Ingmar Bergman, os irmãos Coen, Michelangelo Antonioni e qualquer cara europeu.

Citações

Use citações sempre e sempre, ad finfinitum. Um indivíduo culto e instruído como você não precisa expressar seus próprios pensamentos e sua própria opinião sendo que você sabe que houve pessoas célebres muito mais inteligentes e cultas que qualquer um na sala que disse algo definitivo a respeito do assunto.

Nota: Se você encontrar alguém que esteja usando esta técnica o desafie. Pessoas cultas sempre têm duelos intelectuais onde seus neurônios são postos à prova. Em algum momento diga: Como Voltaire disse: “Uma boa citação não prova nada”. O que é, em si mesma, uma citação e que portanto não prova nada, mas que por causa desse viés irônico e metalinguístico fará muito sucesso por ser pós-moderno.

Pensadores que você DEVE gostar: Nietzsche, Voltaire, Oscar Wilde, Einstein, Gandhi, Mário Quintana, Carlos Drummond de Andrade, Vinícius de Moraes e a unanimidade: Confúcio.

Aliás, Confúcio é meio que o Capitão Óbvio. Se não tem nada para dizer diga: “Como Confúcio disse, merda faz flores crescerem e isso é lindo”. Ou “Como Confúcio disse, virgindade é como bolhas. Basta cutucar e ela se vai” ou ainda “Como Confúcio disse, calcinhas não são a melhor coisa do mundo, mas ficam bem próximas disso”. Confúcio disse coisas demais.

Filosofia

A Filosofia não é como a ciência, onde se você se concentrar em Newton, por exemplo, logo que você encontrar um sujeito obcecado com Einstein você será o bundão da sala. Em Filosofia, mesmo dizendo algo completamente diferente de todos, um filosofo dentro de seu sistema de pensamento está certo. Ao menos possui lógica interna. E, lembre-se dessas palavras: “após o mundo pós-moderno fragmentar e relativizar a noção de verdade e conhecimento, mostrou-se que nossos sistemas por mais refinados que sejam jamais poderão nos dar um conhecimento da coisa-em-si, que nunca teremos contato. Resta que tudo é uma amálgama de conhecimento a priori e a posteriori que podem nos levarmos a lugar nenhum”. O que isso quer dizer? Não estou certo, mas uma parte é que não há verdade.

Especialize-se em um filósofo, i.e, aprenda uma ou duas frases deles, período histórico e principal obra (veja na Wikipédia). Improvise no meio da conversa e critique qualquer outro. Simples. Por exemplo, você acabou de ver Juno e tem uma discussão sobre aborto com seus amigos. Você é um especialista em Platão, improvise, cite o mundo das idéias, que a idéia do bebê existe antes dele e que portanto o aborto é anti-natural. Cruze os dedos e torça para ninguém lhe lembrar de que na Grécia o aborto não era nem mesmo discutido pois se nascia uma criança com defeitos eles simplesmente jogavam montanha abaixo.

Nota:Também critique a noção dos outros em filosofia. A maioria das pessoas mal conhece o campo e a equipara com “filosofia de vida” ou ainda puro pensamento abstrato, uma parte é, mas encha o saco deles citando Wittgenstein, Russel, filosofia analítica. E critique os existencialistas, apenas como uma forma de se divertir, “Sartre? Emo. Nietzsche? Über-emo!”.

Filósofos que você DEVE ter conhecimento: Platão, Aristóteles, Sócrates, Descartes, Kant, Nietzsche, Schopenhauer, Hobbes, Rosseau, Hume, Sartre, Hegel e talvez Marx.

Literatura

Ninguém hoje em dia escreve tão bem quanto qual qualquer clássico. Lembre isso a qualquer pessoa mesmo que ela nem queira saber. Ignore o fato de que os escritores clássicos diziam a respeito de sua própria época e escreviam em uma linguagem que espanta qualquer leitor moderno, mas que para a época era o padrão. Se um livro é best seller ele logicamente não presta. Cuidado! Se você for visto com um best seller na mão poderá ser muito ruim para a sua reputação. Se ganhar algum de presente pergunte para quem lhe presenteou se você pode trocá-lo. Claro que não precisa, mas você tem uma reputação a zelar.

Dica: Goste do cânone, lógico. Mas invista em literatura marginal, subversiva. Por quê? Se o cânone quase nenhum deles leu, imagine a literatura subversiva…Então aprecie os beats como Kerouak, Burroughs. Ou algum tipo muito específico de literatura. Japonesa (Haruki Murakami), Hebraica (Amos Oz), etc.

Você DEVE fingir ter lido: James Joyce, Kafka, Proust, Machado de Assis, Cervantes, Hemingway, Orwell.

Política

Ortega y Gasset, filósofo espanhol já dizia que ser da direita ou da esquerda são apenas mais duas formas do homem ser um completo idiota, e é assim que se divide basicamente o politizado, que se faz passar por entendimento e mesmo inteligente (vê como eu apliquei aqui dois conceitos previamente estudados (1) Citei um filosófo. Citações, citações e (2) Desprezei este tópico, política, o que mostra que seleciono como viver e pensar a minha realidade):

Direita

O Governo Dilma é chata, feia e boba. O presidente Lula era um bêbado (falácia ad hominem). Michel Temer é satanista! (falácia ad demonium). O FHC salvou o mundo e ainda ficou com a garota no final.

Entrar na comunidade: “LUTO! Dilma foi eleita”. E se esquecer de que vive em uma democracia.

Você DEVE gostar de: Casamento, deus, Capitalismo, mercado livre, Estados Unidos.

Sonho de consumo: viagem para Disney

Esquerda

Como a esquerda era melhor há 30 anos atrás. Lembram-se das diretas já? As pessoas lutavam pelos seus direitos, hoje em dia ninguém liga para nada. Che Che Che Che Che. O Capital. Marx. Che Che Che Che Che. Maio de 68, anarquismo. Hakim Bey. Libertário. Che Che Che Che Che.

Se você for jovem entrar na comunidade “Comunista não come criancinha”, cuja descrição é: “Somente garotas maiores de dezoite anos e consensual”.

Você DEVE gostar de: Marx, Trotsky, Feminismo, Reforma Agrária, Creative Commons, sexo livre.

Sonho de consumo: viagem para Cuba

Esportes

Futebol é para idiotas. Esportes inteligentes incluem: Xadrez, Esgrima e críticas destrutivas ao que quer que sua mente brilhante analise. Você também pode estar propenso a gastar 300 reais para ver uma corrida de Fórmula 1 e ficar sentado no Sol para ver só uma imagem borrada passando na sua frente e um barulho que quase estoura seu tímpano.

Você DEVE gostar: Zico (Pelé é para idiotas), Futebol Europeu (lá eles realmente tem inteligência no esporte – mas de onde saem os jogadores deles mesmo?), Ayrton Senna.

Gastronomia

Só por usar “gastronomia” para se referir a “comida” é uma grande passo que o diferenciará de 90% das outras pessoas. Você nem precisa saber fazer um miojo. Se dominar o vocabulário e o nome de alguns ingredientes já está valendo.

Você DEVE gostar de: Foie Gras, Vitela, Escargot, Champagne (Espumante é para os fracos), Vinho, Filé Mignon.

Dica: Nunca diga que está cheio. “Estou satisfeito” ou “Estava simplesmente fabuloso!”. Pessoas com etiqueta aparentam ser inteligentes. Invista nisso.

Música

A verdade é qualquer analfabeto consegue fazer música (a frase é do Millôr para quem quiser tirar satisfações — vê? Citações, citações). Rap, pagode, sertanejo, hardcore, rock, pop, disco, eletrônica são entretenimento dos imbecis, ligam o som alto para encher suas cabecinhas ocas de pensamentos.

Música é a harmonia das esferas, uma arte humana matematicamente complexa. Aproveite e cite que para Schopenhauer e Nietzsche eram as mais elevadas formas de arte. Lembre-se que um sujeito altamente inteligente tende a desprezar a produção artística de seu tempo e prefere os caras mortos.

Despreze o funk, sobre o qual “não emitirei juízo, pois nem música é”. E esnobe o rock, “é uma prova de que qualquer um pode fazer música, até analfabeto”. MPB convém gostar pois socialmente é ouvido pelas classes mais abastadas e uma pessoa inteligente sabe que é muito importante tê-los como amigo, mesmo achando as composições todas iguais e usando os mesmos acordes.

Mas claro toda regra tem suas exceções: The Beatles, Rolling Stones, por exemplo são bandas que uma pessoa inteligente pode gostar. Radiohead entre as atuais, por fazer um “rock inteligente” também. Emita frases enigmáticas como: “Afinal em nossa sociedade, o que fazer senão gritar?”.

Você DEVE gostar de: Beethoven, Mozart, Bach, Haendel, Rachmaninoff, Camille Saint-Saëns, Vila Lobos, ou se especialize em um nicho como “rock dos anos 70″, “musica pop dos 80″ e seja extremamente chato ao comparar com o “deserto contemporâneo de boas composições”. Na dúvida decore o nome de três ou quatro bandas indies que deve resolver.

Blogs

Uma pessoa tão inteligente como você deve ter um veículo de expressão de suas idéias. O mundo não pode ser privado de seus pensamentos. Seria um desperdício. E nesses tempos de ecologia e politicamente correto não há nada pior do que desperdício. Crie um blog! Claro que isso é só um antes de você escrever o livro definitivo, depois do qual ninguém nunca mais precisará ler coisa alguma.

Use uma linguagem diferente da que usa no dia a dia. Escreva como Machado de Assis. Seja contra o “miguxês”, em suas palavras, “um atentado contra a última flor do lácio!”. Sei que espera ansiosamente por cada comentário, mas uma vez que os tenha – e será algo como “rox!!!!”, “um bjo para o Rafinha do BBB! fuuuuuuuuuuuuuuuuiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii…..”, você vai fazer uma postagem malcriada a respeito da “imbecialidade” que assola nossos país. Você, o ápice, o zênite, a epítome, o cume, o clímax da inteligência vivendo nesse país de iletrados! Você é um oásis em um deserto.

Você DEVE postar sobre: O vídeo “Dancem Macacos, dancem”, qualquer coisa da Apple (mesmo talvez 5% sendo Apple, dá a você um status cool e inteligente), trechos de livros de filosofia, opinião política e por último mas não menos importante, Pequeno guia para fingir inteligência (assim, através da ironia você se passará por inteligente).

Computadores

A verdade é que todo mundo hoje em dia se acha “conhecedor” de computadores. O status de ser nerd e geek até mesmo virou cool. Banalizaram tanto a coisa que muitos que assistem desenho animado japonês ou só porque sabem usar torrent já se consideram com tais rótulos. Mas você deve mostrar a eles que sabe mais. Minha primeira dica é ler sobre modelos antigos de computador. A estratégia amplamente usada de falar sobre Linux é muito importante. As pessoas comuns sofrem da chamada “Síndrome da Linha de Comando”, então invocar o Linux é um porto seguro para se fechar em sua casca de noz e se considerar o rei do espaço infinito.

Mas graças ao Ubuntu as coisas estão mudando e rápido, há, ainda que pequena, uma chance de encontrar outra pessoa que conheça Linux, então fale da superioridade dos Macs e de como Steve Jobs salvou o mundo e irá deixá-lo ainda melhor quando voltar (pois ele prometeu que voltará). Use o vocabulário religioso, trocando “Jesus” por “Steve” e “deus” por Apple que dará tudo certo. Além de fingir conhecer o tema, o alto preço dos Macs ainda lhe darão um status elitista.

Coisas que DEVE citar: Ruby on Rails, Python, Cocoa, PHP, C++, Java, Firefox, “Windows é para os fracos”.

E se nada disso der certo, saia com uma loira.

domingo, 17 de abril de 2011

Pegue um lenço !

Não gosto de sentimentalismo - acho piegas - mas confesso que me debulhei em lágrimas até soluçar com a história do urso polar Knut.
Knut nasceu no cativeiro do zoo de Berlin em 2006, ficou conhecido no mundo todo após ter sido rejeitado pela mãe, e passou a ser criado como um filho pelo veterinário Thomas Dorflein. Em pouco tempo tornou-se uma estrela da mídia, com produtos franqueados e propagandas.
Em 2008, Thomas Dorflein falece com apenas 44 anos, vítima de um enfarto fulminante, deixando Knut orfão de pai.

E agora chega a vez do Knut se reencontrar com o seu pai. No dia 19 de março de 2011, na frente de visitantes, Knut levantou-se da pedra onde tomava sol e começou a andar em círculos, depois caiu na água. A autópsia constatou que Knut morreu afogado por ter caído na água após um ataque epiléptico. Ataques epiléticos não são fatais, se Knut não estivesse caido no lago, ainda estaria vivo. A morte do urso foi registrado no vídeo abaixo (tirem o volume da música):

terça-feira, 5 de abril de 2011

Vá de Bike


Um passeio pela orla do Rio no fim de semana revela a convivência de bicicletas, patins, patinetes e skates de todo tipo. São brinquedos que unem pessoas dos 8 aos 80 anos. Em fevereiro foram inauguradas ciclofaixas no centro da cidade, válidas apenas nos fins de semana e feriados. A iniciativa, que visa a incentivar as pedaladas e deslizadas pelo Rio afora, é semelhante à existente em certas ruas da Zona Sul, onde demarcações nas pistas separam o espaço para os carros e para as bicicletas, a fim de propiciar mais segurança a quem está no selim. Serão 15 quilômetros adicionais no coração financeiro do Rio, que se somam aos 140 quilômetros de todo o município e podem proporcionar um atraente giro aos sábados e domingos, quando o trânsito por ali dá um refresco. Será possível ir até o Museu de Arte Moderna e de lá atravessar a passarela em direção à Praça Monroe, de onde partem três trajetos. Um deles cruza toda a extensão da Rua Primeiro de Março e da Avenida Rio Branco. Os outros dois passam sob os Arcos da Lapa e tomam rotas diferentes a partir da Avenida República do Chile. “Queremos transformar a região num grande playground durante os fins de semana”, diz o subprefeito do Centro, Thiago Barcellos. Uma área de lazer cheia de charme, repleta de museus e prédios históricos. Enquanto isso nas ruas de Niterói: Engarrafamentos, transporte público de péssima qualidade e muito.. muito gás carbônico.






Greenberg

Típico filme independente norteamericano, com questões existenciais e uma estrela mainstream. A estrela do filme é Ben Stiller, que interpreta Roger Greenberg, um novaiorquino típico da chamada 'geração X', sozinho, atormentado, sem emprego e sem projeto de vida. Prestes a completar quarenta e um anos, depois de passar alguns meses internado numa clínica psiquiátrica por conta de severa depressão, ele vai passar um tempo na casa de seu irmão mais velho em Los Angeles. Phillip, o irmão, é casado, tem filhos, uma vida estável, e não perde a chance de deixar claro seu julgamento de Roger como fracassado. Nessa volta à sua cidade natal, Roger reencontra alguns amigos de juventude, todos com suas vidas encaminhadas, filhos e família. Com todos esses contrastes e embates, diversas questões concernentes à cada vez maior parcela das pessoas não ajustadas e não inseridas à forma-de-viver-padrão considerada funcional e adulta. Pessoas que não encontram seu lugar no mundo, que vivem em melancólico estado de estranhamento, esmagadas pela impessoalidade e impotentes para entrar na roleta fria do mercado produtivo que impulsiona a vida ordinária. Concorreu ao Urso de Ouro no Festival de Belim.

Desencanto e Constrangimento

Roteiro e Direção: Noah Baumbach

Resenha: linguadefel.blogpot.com

Sue Sylvester lhe Despreza

Há tempos que não surgia uma vilã tão adorável quanto a Sue Sylvester de "Glee". A professora de educação física da escola onde se passa a série quer porque quer destruir o coral, porque ele suga fundos que poderiam ser usados no treinamento das cheerleaders - e também porque ela acha que gente cantando e dançando é muito fruta. Sue é obviamente lésbica, o que não a impede de ser homofóbica, racista, misógina, you name it. São delas as melhores falas do programa, e o desprezo com que ela trata até mesmo seus cúmplices é contagiante. A atriz Jane Lynch - lésbica assumida na vida real - consegue fazer uma personagem quase crível, a um passo da caricatura e bem diferente da irmã grandalhona e simpática de Meryl Streep em "Julie & Julia". Ela é a melhor coisa do "Glee", e isso não é pouco.

Tony Goes

Mães à Francesa

Há gente que acha que ser mãe é padecer no inferno mesmo, sem nada de paraíso. A antropóloga francesa Elisabeth Badinter está causando furor em seu país com o livro "O Conflito - A Mãe e a Mulher". Ela vai na direção contrária das revistas femininas e diz que não, não dá para ter tudo. É impossível se realizar como profissional, mãe, esposa e amante, tudo ao mesmo tempo. E que os filhos são o mais perfeito instrumento que o homem encontrou para dominar a mulher. Claro que mme. Badinter pega pesado, mas sua crítica à hipervalorização dos filhos como o centro do universo me parece válida. Procriar não é para todo mundo, assim como casar: a sociedade devia parar de estabelecer esses dois objetivos para todas as pessoas, simplesmente porque não dá certo. Muita gente está reclamando do livro, que aliás segue um raciocínio tipicamente francês: "cuidar da petizada rouba o tempo precioso em que eu deveria estar estudando filosofia ou cuidando da minha cútis". O mais curioso é que a autora tem três filhos adultos, todos felizes e bem-ajustados.

Badinter é autora de outro livro - já clássico e na mesma linha - de nome "O mito do amor materno", onde descreve a construção do papel de mãe devotada que parece hoje "natural" mas que é um traço cultural relativamente recente. O livro é um petardo contra esse que é um mito bem arraigado. Badinter é casada com o ex-Ministro da Justiça da França Robert Badinter, mas sempre se destacou com luz própria.

Bolsonazi

Uma semana depois de sua desastrada aparição no "CQC", Jair Bolsonaro pode comemorar uma coisa: tornou-se uma celebridade em âmbito nacional. Seu nome, antes restrito ao eleitorado fluminense e a uns poucos leitores mais extremistas, agora é conhecido do Oiapoque ao Chuí. E discutido. E xingado. A verdade é que melhor teria sido ficar quieto, pois de repente o sobrenome da família mais jurássica do país tornou-se sinônimo de tudo o que é ruim. Bolsonazi, Boçalnaro, Bolsanara: os apelidos se espalham feito gripe pela internet, assim como as charges e as imagens photoshopadas. Sim, alguns alucinados manifestaram apoio - mas o tsunami de indignação provocado pelos insultos a Preta Gil arrastou até outro deputado, o ainda mais parvo pastor Feliciano, que usa passagens bíblicas para embasar seu racismo e sua ignorância. Manifestações contra Bolsonaro se multiplicaram pelo país, e moções de censura tramitam nas OABs e no Congresso. Seria até justo que ele fosse cassado, mas concordo com os que defendem seu direito de proferir barbaridades. Esta é uma das vantagens da democracia, bem diferente da ditadura que ele defende.

Ainda na onda das discussões que inflamaram o país, destaco trecho da entrevista da cantora Ivete Sangalo no site "Dois Terços": "A felicidade será sempre a chave para todos os problemas da vida da gente. Penso que o mundo está como está porque as pessoas não buscam sua felicidade e nem permitem que os outros sejam felizes. Onde há amor, há tranquilidade, discernimento, compreensão e isso independe de qual é a fonte desse amor, a origem dele. É amor."

Tony Goes

domingo, 3 de abril de 2011

A Marca Rio


No último dia 23, com a pré-estreia mundial de Rio, vieram à cidade os jovens atores Anne Hathaway (O Diabo Veste Prada) e Jesse Eisenberg (A Rede Social), que dublam os personagens Jade e Blu. Seus passeios e as declarações de que estavam “encantados” repercutiram em revistas e emissoras estrangeiras. Anne estaria, inclusive, à procura de um imóvel por aqui. Mas, além da visibilidade global da animação, cuja campanha publicitária está espalhada por metrópoles como Nova York e Londres e pode atingir até 2 bilhões de pessoas, a marca Rio vai se desdobrar em uma miríade de produtos. Videogames, bichos de pelúcia, livros e uma infinidade de artigos estarão nas prateleiras das lojas e supermercados do planeta muito tempo depois de o filme sair das telas. “Foi um presentão. Não dá para calcular a dimensão que isso pode atingir”, diz o publicitário André Eppinghaus, da Prole, agência que presta serviços à prefeitura e ao governo do estado.


Planejado para ser um dos maiores lançamentos do ano, o longa-metragem será exibido em 150 países, e a expectativa é que 160 milhões de espectadores o vejam. “A visibilidade que esse desenho dará à cidade é algo inédito, coisa que nenhuma campanha de propaganda seria capaz de fazer”, diz o publicitário Fabio Fernandes, presidente da agência F/Nazca Saatchi&Saatchi.


Antes estávamos fora do mapa. Agora praticamente toda semana uma estrela internacional desembarca por aqui, do presidente Barack Obama à realeza europeia. E a expectativa de receber os dois maiores eventos esportivos do planeta — a final da Copa e a Olimpíada — apenas reforça tal conjuntura.


Nova York já foi um dos centros urbanos mais violentos do planeta na década de 70, e hoje ninguém se lembra mais disso”, compara o designer Fred Gelli, da agência Tátil, criadora do logotipo dos Jogos Olímpicos de 2016. “O Rio tem condições de se reposicionar, de construir uma nova identidade a partir de uma série de atributos positivos que já estão incorporados à sua marca.”

sexta-feira, 1 de abril de 2011